ESQUEMA MILIONÁRIO
Prefeito, primeira-dama e vereadores são presos em esquema milionário de corrupção
Vice-prefeita e vereadores também foram presos; esquema desviou R$ 56 milhões

Por Andrêzza Moura

Dez pessoas foram presas preventivamente e outras 11 tiveram prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica decretada na segunda-feira, 22, em Turilândia, no Maranhão, durante a segunda fase da Operação Tântalo, conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) do Ministério Público do Maranhão. A ação investiga um esquema de desvio de mais de R$ 56 milhões envolvendo autoridades municipais.
Entre os principais alvos estão o prefeito, José Paulo Dantas Silva Neto, conhecido como Paulo Curió (União Brasil), sua esposa e primeira-dama, Eva Curió, a vice-prefeita, Tanya Mendes (PRD), e seu marido, além da ex-vice-prefeita, Janaína Soares Lima, e seu cônjuge.
Todos os 11 vereadores do município também foram incluídos na operação, acusados de receber propinas em troca de apoio político e omissão na fiscalização das contas do Executivo.
Além das prisões, a Justiça determinou o afastamento cautelar do prefeito, da vice-prefeita, da pregoeira municipal, Clementina de Jesus Pinheiro Oliveira, e da chefe do Setor de Compras, Gerusa de Fátima Nogueira Lopes. O contador Wandson Jonath Barros, apontado como operador financeiro do esquema, teve suas atividades econômicas suspensas.
Foi autorizado ainda o bloqueio de R$ 22,3 milhões nas contas dos investigados, a suspensão de pagamentos e a proibição de novas contratações com as empresas envolvidas.
O esquema
Segundo informações do MP, o esquema funcionava por meio da “venda de notas fiscais”, em que empresas contratadas pela prefeitura emitiriam notas sem prestar serviços, devolvendo entre 82% e 90% do valor desviado aos integrantes do grupo, principalmente ao prefeito Paulo Curió.
O prejuízo estimado aos cofres municipais ultrapassa R$ 56 milhões, e as irregularidades teriam começado em 2021, continuando mesmo após a primeira fase da Operação Tântalo, deflagrada em fevereiro deste ano. Na operação, foram cumpridos 51 mandados de busca e apreensão e investigadas dez empresas vinculadas ao esquema, sendo apreendidos quase R$ 2 milhões.

A Justiça detalhou a participação de familiares do prefeito: sua esposa, Eva Curió, gerenciava contas públicas e articulava a compra de imóveis com recursos desviados, enquanto outros parentes receberam transferências ou tiveram despesas pagas com dinheiro público.
Paulo Curió também é apontado por acumular patrimônio incompatível com sua renda declarada, incluindo imóveis de alto valor em São Luís, Turilândia, Barreirinhas e a capital maranhense. A família Curió teria “migrado” de Governador Nunes Freire para Turilândia após as eleições de 2020, seguindo o mesmo padrão de atuação em desvios de recursos públicos.
Turilândia tem cerca de 31,6 mil habitantes e um IDH de 0,536, considerado muito baixo pelo IBGE. O município depende quase integralmente de transferências obrigatórias da União e do Estado, e mais de 40% da população recebe benefícios do Bolsa Família. O saneamento básico atende apenas 2% da população, e a cidade não possui hospital, contando com apenas duas escolas de ensino médio.
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Até o momento, a Prefeitura de Turilândia e a família Curió não se manifestaram sobre as medidas. O Ministério Público segue com as investigações. As informações são do site Atual7.
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