BAHIA
Escolha por VLT envolveu questão ambiental, diz presidente da CTB
Corredor transversal da Avenida 29 de Março teria, originalmente, um BRT
Por Lula Bonfim
A escolha do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) para ocupar o corredor transversal de Salvador conhecido como “Linha Vermelha” (que envolve a Estrada do Derba e as avenidas 29 de Março e Orlando Gomes) foi decidida, entre outras coisas, pelo fator sustentabilidade. De acordo com o Plano de Mobilidade Urbana de Salvador (Planmob), a ideia inicial era a implantação de um BRT, com linhas exclusivas de ônibus na região.
Em entrevista exclusiva ao Portal A TARDE, a presidente da Companhia de Transportes do Estado da Bahia (CTB), Ana Cláudia Nascimento, revelou que um dos fatores mais importantes que motivaram a escolha do governo estadual pelo VLT em detrimento do BRT foi a questão ambiental, já que o transporte sobre trilhos é muito menos poluente do que aquele realizado por ônibus.
“Com certeza, a decisão de trocar o BRT pelo VLT tem também um componente ambiental medido nisso aí. A gente, sob a orientação do governador Jerônimo Rodrigues, vai na linha do que é melhor para a população em todos os sentidos”, contou Ana Cláudia.
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Segundo a dirigente da CTB, a tendência é que os projetos de mobilidade do governo do estado priorizem o transporte sobre trilhos e, no caso do sistema rodoviário metropolitano, a adoção de ônibus elétricos, que reduzam a poluição na Região Metropolitana de Salvador (RMS).
“Com o VLT, nós vamos dobrar a capacidade de trilhos na Região Metropolitana de Salvador. Hoje, são 38 km de metrô e nós vamos implantar, com o VLT, mais 36 km. Vamos praticamente dobrar. Então, isso significa menos ônibus rodando nesses trechos. E o governo tem trabalhado muito para que a parte rodoviária metropolitana venha a ser prestada com ônibus elétricos. Essa é uma transição que também está na pauta”, afirmou Ana Cláudia.
A presidente da CTB que a ideia da transição do transporte rodoviário para o ferroviário começou a se consolidar ainda em 2011, durante o segundo mandato do ex-governador Jaques Wagner (PT). Na época, a gestão estadual previa a instalação de um BRT na Paralela, ligando a região do Iguatemi ao Aeroporto de Salvador. Entretanto, ao analisar propostas para o transporte de massa no local, o governo foi alertado para a questão ambiental.
“O que se estava previsto para colocar na Paralela era um BRT. No entanto, o governador Jaques Wagner, em 2011, lançou um PMI [Procedimento de Manifestação de Interesse], onde as empresas apresentaram projetos de alternativa para transporte de massa entre a Lapa e o Aeroporto. E, na matriz de avaliação das melhores propostas, tinha a questão ambiental. Havia um peso para questão ambiental na avaliação da proposta seria vencedora. E, de fato, foi uma proposta de metrô que venceu, e não mais de BRT, como estava previsto inclusive no PAC da época”, relatou a presidente da CTB.
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Para Ana Cláudia, vale a pena para o governo do estado investir mais alto em modais ferroviários do que economizar investindo em BRT, já que a transição para trilhos resulta em poluição menor e também em menos acidentes, o que alivia o sistema de Saúde local.
“Em 2018, Salvador emitia 3 milhões de toneladas de CO², sendo dessa quantidade 65% proveniente do sistema de transporte, sendo que o Plano de Ação Climática de Salvador estabelece uma meta de redução de emissões de 25% até 2049. Qual é o caminho para isso? Bem, segundo os estudos, o metrô de Salvador, em oito anos de operação, fez com que a cidade deixasse de emitir 45.179 toneladas de dióxido de carbono. Esse número equivale à emissão de 502 ônibus movidos a diesel em um ano”, comparou Ana Cláudia.
“Óbvio que a gente ainda está na transição, para que as pessoas deixem seus carros em casa, entendendo a importância de diminuir o trânsito, porque tem impactos também na saúde. Imagine quantos acidentes deixam de acontecer”, concluiu a presidente da CTB.
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