INVESTIGAÇÃO
Entenda suposta fraude que motivou operação da PF contra Bolsonaro
Objetivo era entrar nos Estados Unidos, onde Bolsonaro passou três meses
Por Da Redação
Nas primeiras horas desta quarta-feira, 3, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados foram alvos de uma operação da Polícia Federal por suspeita de fraude em dados vacinais. De acordo com a TV Globo, houve fraude na carteira de vacinação de Bolsonaro em um esquema que tinha como objetivo emitir certificados falsos de vacinação contra a covid-19 e ingressar em países onde a certificação é obrigatória, como os Estados Unidos.
O esquema foi detalhado em apuração da TV Globo e da GloboNews. Já no final de 2022, o ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, que foi preso nesta quarta, determinado que um sargento da Ajudância de Ordens da Presidência da República, Luís Marcos dos Reis, incluísse os dados forjados nos sistemas do Ministério da Saúde.
Na primeira tentativa, o grupo inseriu no sistema lotes que tinham ido para outras cidades – e não para Brasília, como a fraude tentava apontar. Por isso, a inserção de informações falsas teve de ser refeita, em outra oportunidade. De acordo com os investigadores, os envolvidos deixaram rastros nessa segunda tentativa, o que facilitou a obtenção de provas.
O esquema foi descoberto após indícios de adulteração no próprio sistema do Ministério da Saúde e após a avaliação de trocas de mensagens entre os envolvidos, permitida por quebra do sigilo autorizada pela Justiça.
De acordo com a Polícia Federal, existem dois registros de aplicação da vacina da Pfizer em nome de Bolsonaro datadas de agosto e outubro de 2022. Após a operação desta quarta-feira, o ex-presidente voltou a reafirmar que não tomou a vacina contra a Covid-19.
As informações foram inseridas no sistema em 21 de dezembro do ano passado, pelo secretário de Governo do município de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha, também preso. A PF afirma que, seis dias depois, os dados foram excluídos pela servidora Claudia Helena Acosta Rodrigues Da Silva, por "erro".
Já Mauro Cid pediu ajuda do sargento Luís Marcos dos Reis para conseguir um certificado de vacinação falso para a própria esposa, Gabriela Santiago Ribeiro Cid. Ele também contou com a ajuda de um sobrindo, que é médico e um documento forjado da Secretaria de Saúde do município de Cabeceiras, em Goiás.
Assassinato de Marielle
Todo o esquema de fraude na vacinação também se liga ao caso do assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco. As história se ligam pelo ajuda do ex-vereador do Rio de Janeiro (RJ) Marcello Moraes Siciliano a Mauro Cid. Ele conseguiu um cartão de vacinação para a esposa do auxiliar de Bolsonaro.
Conforme a PF, em troca, Mauro Cid, eria se comprometido a ajudar a resolver um problema do ex-vereador para conseguir o visto de entrada nos Estados Unidos, por conta das acusações de envolvimento de Marcello Siciliano no assassinato da vereadora Marielle Franco.
Além disso, a PF ainda apontou que na troca de mensagens entre os envolvidos analisadas, Ailton Barros, que foi candidato a deputado estadual nas eleições de 2022 pelo PL-RJ, afirma saber quem foi o mandante do assassinato de Marielle.
Operação Venire
A polícia investiga um grupo suspeito de inserir dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde para garantir a entrada de Bolsonaro, familiares e pessoas próximas nos Estados Unidos, burlando a regra de vacinação obrigatória.
Também foi autorizada a prisão do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, além do policial militar Max Guilherme e do militar do Exército Sérgio Cordeiro, seguranças que atuaram na proteção de Bolsonaro durante o mandato presidencial. Até as 7h, todas as prisões já tinham sido cumpridas.
O pedido atende a Operação Venire, que investiga uma associação criminosa acusada pelos crimes de inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde.
Jair Bolsonaro não foi alvo de mandado de prisão, mas deve prestar depoimento ainda nesta quarta na Polícia Federal em Brasília.
Segundo a TV Globo e a GloboNews, teriam sido forjados os certificados de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro, da filha dela, Laura Bolsonaro, do ex-ajudante de ordens Mauro Cid Barbosa, além do da mulher e da filha dele.
Ao todo, a PF cumpre 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva, em Brasília e no Rio de Janeiro. Também estão sendo analisados o material apreendido durante as buscas, além da realização de oitivas de pessoas envolvidas nos fatos.
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