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POLÍTICA

Divisão na bancada baiana marca votação da PEC da Blindagem

Enquanto deputados como Alice Portugal e Jorge Solla criticam o projeto, Cláudio Cajado e João Carlos Bacelar votam a favor ou justificam a escolha

Flávia Requião

Por Flávia Requião

17/09/2025 - 10:22 h | Atualizada em 17/09/2025 - 11:01
Parte da bancada baiana da Câmara
Parte da bancada baiana da Câmara -

A chamada PEC da Blindagem, que dificulta a prisão de deputados e senadores, foi aprovada na Câmara dos Deputadosem dois turnos na noite de terça-feira, 16, com 344 votos a favor e 133 contra. O texto seguirá agora para análise do Senado, onde deve enfrentar resistência.

Na bancada baiana, o placar mostrou divisão entre os parlamentares. Dos 39 deputados, 22 votaram a favor da proposta, 14 foram contrários, duas se abstiveram e um não compareceu à votação. A distribuição dos votos evidencia divergências internas, mesmo entre aliados da Casa.

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Uma das vozes contrárias à proposta foi a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), que criticou duramente o projeto. Segundo ela, a iniciativa vai “na contramão da consolidação democrática” e nasce “com um sentimento de arrivismo contra a decisão do Supremo Tribunal Federal”.

Para Alice, a imunidade parlamentar é um direito constitucional necessário para proteger a liberdade de expressão, mas a PEC aprovada ontem transforma esse instituto em um “cobertor para ilícitos” e um “escudo para a proteção do cometimento de crimes”. A deputada enfatizou que “isso não é imunidade, isso é impunidade” e ressaltou que “a investigação é um direito da sociedade” e não deve depender de autorização da Câmara.

“O projeto ressurgiu para proteger alguns envolvidos no atentado violento ao Estado democrático de direito e na tentativa de atenuação de penas”, disse Alice Portugal. Ela concluiu que “o instituto da imunidade não pode ser usado para isso; a imunidade é para proteger o direito de falar, de opinar, não para garantir impunidade”.

O deputado Jorge Solla (PT-BA), também contrário à PEC, foi ainda mais contundente. “A aprovação da PEC da Bandidagem é um tapa na cara da sociedade. Enquanto a população pede por mais transparência no trabalho legislativo, sobretudo em relação ao uso das emendas secretas, que já são uma aberração, a extrema-direita bolsonarista junto com o centrão abriu a porta para que chefes de organizações criminosas se elejam nas próximas eleições e venham se esconder no Congresso”, criticou.

Outro parlamentar que votou contra, Daniel Almeida (PCdoB-BA), destacou que não há justificativa para criar privilégios para parlamentares que possam cometer crimes comuns. “Eu votei contra a chamada PEC da Blindagem porque todos devem responder pelos crimes que cometam, não deve haver nenhum tipo de proteção, a não ser para o exercício do mandato. A sociedade não aceita essa espécie de proteção, e a medida pode acabar estimulando criminosos, especialmente do crime organizado, a acreditarem que podem se proteger no Parlamento”, afirmou.

Almeida ressaltou ainda que a Constituição de 1988 justificava imunidade especial apenas para garantir a representação popular após a ditadura militar, cenário que não se aplica atualmente.

A deputada Ivoneide (PT-BA), que também votou contra a PEC, reforçou o argumento da transparência e igualdade.

“Nós precisamos fortalecer a democracia, e isso se faz com transparência e igualdade, não com privilégios. Por isso votei não a PEC, chamada PEC da Blindagem. Uma proposta que cria tantas barreiras para investigar e punir parlamentares certamente vai gerar mais impunidade”, disse. Ivoneide acrescentou que o povo brasileiro já sofre com desigualdade e que “não podemos aceitar leis diferentes para quem tem mandatos ou para presidentes de partidos. Precisamos de compromisso com a justiça e com o fortalecimento das instituições, não com retrocessos que afastam a política da população”.

O deputado Pastor Sargento Isidório (AVANTE-BA) também votou contra a PEC e destacou a importância da igualdade perante a lei. Segundo ele, “votei contra a PEC 03/2021 porque sou igual aos meus eleitores, todos estamos sob o império da lei e não posso querer benefícios que não atinjam os demais brasileiros. Ainda bem que conseguimos aprovar o destaque que derrubou o voto secreto sobre este tema”.

Por outro lado, o deputado Cláudio Cajado (PP-BA), o relator da proposta, que votou a favor da PEC, defendeu o projeto como uma forma de garantir a independência parlamentar. “Eu sou a favor porque você exerce o seu mandato com independência, sem pressões externas. É a melhor forma de ter liberdade para pensar, falar, votar e agir conforme suas convicções. Hoje, os deputados estão receosos; qualquer decisão pode resultar em processo ou prisão, e isso compromete a plena soberania do Legislativo em relação aos outros poderes”, afirmou.

O deputado Bacelar (PV-BA), que também votou a favor, no entanto, disse que sua decisão não reflete a aprovação total do texto, mas sim uma estratégia política. “A PEC de forma nenhuma é ideal. Só que precisávamos dar um aceno ao centrão para manter votos contra o projeto da Anistia, a favor da PEC do Imposto de Renda, do Vale Gás e da conta de energia elétrica. No Congresso, a governabilidade exige composição e acordos para proteger a democracia e garantir benefícios concretos para a sociedade”, explicou Bacelar.

O deputado José Rocha (União-BA) também defendeu o texto. “Meu voto favorável se justifica na medida em que os parlamentares possam ter a tranquilidade de exercer o seu mandato de maneira totalmente independente e apresentando aquilo que receberam do povo brasileiro, que é representar bem o país. Essa PEC dá ao Congresso mais independência, evitando que o Legislativo fique subjugado a decisões do Judiciário, que às vezes exagera em sua autoridade. Isso permite um trabalho mais harmônico entre os poderes”, afirmou Rocha.

Veja como os deputados baianos votaram na PEC da Blindagem:

Votaram a favor

  1. Adolfo Viana (PSDB-BA)
  2. Arthur O. Maia (União-BA)
  3. Bacelar (PV-BA)
  4. Capitão Alden (PL-BA)
  5. Claudio Cajado (PP-BA)
  6. Dal Barreto (União-BA)
  7. Diego Coronel (PSD-BA)
  8. Elmar Nascimento (União-BA)
  9. Félix Mendonça Jr (PDT-BA)
  10. Gabriel Nunes (PSD-BA)
  11. José Rocha (União-BA)
  12. Leo Prates (PDT-BA)
  13. Leur Lomanto Jr. (União-BA)
  14. Márcio Marinho (Republicanos-BA)
  15. Mário Negromonte Jr (PP-BA)
  16. Neto Carletto (Avante-BA)
  17. Paulo Azi (União-BA)
  18. Paulo Magalhães (PSD-BA)
  19. Raimundo Costa (Podemos-BA)
  20. Ricardo Maia (MDB-BA)
  21. Roberta Roma (PL-BA)
  22. Rogéria Santos (Republicanos-BA)

Votaram contra

  1. Alice Portugal (PCdoB-BA)
  2. Antonio Brito (PSD-BA)
  3. Charles Fernandes (PSD-BA)
  4. Daniel Almeida (PCdoB-BA)
  5. Ivoneide Caetano (PT-BA)
  6. Jorge Solla (PT-BA)
  7. Joseildo Ramos (PT-BA)
  8. Josias Gomes (PT-BA)
  9. Lídice da Mata (PSB-BA)
  10. Otto Alencar Filho (PSD-BA)
  11. Pastor Isidório (Avante-BA)
  12. Valmir Assunção (PT-BA)
  13. Waldenor Pereira (PT-BA)
  14. Zé Neto (PT-BA)

Abstenção

Alex Santana (Republican-BA)

Não votaram

  • João Leão (PP-BA)
  • João Carlos Bacelar (PL-BA)

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