CONGRESSO EM RISCO
Pedidos de cassação contra Eduardo Bolsonaro ganham força após ameaças
Filho de Bolsonaro ameaçou Alcolumbre e Motta com sanções americanas
Por Cássio Moreira e Gabriela Araújo

As ameaças do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) contra os presidentes da Câmara e do Senado, Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), impulsionaram os pedidos de cassação do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A deputada federal Alice Portugal (PCdoB) é uma das parlamentares que faz coro para que o Legislativo tome uma atitude contra o parlamentar, que se afastou da função, para residir nos Estados Unidos. No país americano, Eduardo vem incentivando o presidente Donald Trump a endurecer medidas econômicas contra o Brasil.
“Eu acho que deve ser imediatamente garantida a cassação desse senhor que, além de ter abandonado o serviço, ele é alguém que desertou do país, do seu mandato como deputado federal e da sua função pública como policial federal. Então ele deve ser cassado imediatamente”, disse a baiana, em conversa com o Portal A TARDE, nesta sexta-feira, 25.
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A parlamentar também subiu o tom ao mencionar as atitudes do bolsonarista, que para ela, vem sendo feitas por meio de chantagens.
“[Ele] está chantageando o país, chantageando o Congresso Nacional, constituindo um constrangimento a mais um poder, porque já havia ameaçado o ministro Alexandre de Moraes, Supremo Tribunal Federal (STF). Não há dúvida da participação desta família na questão da trama por assassinato do presidente da República, do presidente do Supremo e do vice-presidente eleito da República”, afirmou Alice.
Em tom de indignação, a legisladora disse que as ameaças à revogação dos vistos dos presidentes da Câmara e do Senado é “absurda”. O mesmo caso aconteceu com os magistrados da Corte, no último dia 18 deste mês, anunciado pelo governo Trump.
“Algo que não existe precedente da história do Brasil. Então, a minha opinião é que o Congresso, voltando a funcionar semana que vem, deve imediatamente abrir o processo de cassação do senhor Eduardo Bolsonaro. Se a mesa diretora não o fizer por falta, o plenário da câmara deve fazer por justiça”, declarou a deputada.
Deputados defendem saída
Outra deputada baiana que também endossou o pedido de cassação de mandato foi Lídice da Mata (PSB). Em coletiva de imprensa, a parlamentar criticou as investidas do filho de Bolsonaro junto com o chefe da Casa Branca.
“A gente imaginou muita coisa ruim acontecendo no Brasil com essas práticas, mas jamais ninguém poderia imaginar um cenário onde um deputado sai do país, para se articular com outro governo, para impor sanções ao seu próprio povo, ao seu próprio país”, afirmou Lídice, durante o evento de autorização de novos atos do VLT do Subúrbio, pelo Governo do Estado, em Salvador.
O pedido de cassação do parlamentar ganhou força nas redes sociais entre os próprios deputados. Na última quinta-feira, 24, a deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) compartilhou uma petição para colher assinaturas sobre o ato.
“ASSINE PELA CASSAÇÃO DE EDUARDO BOLSONARO! Eduardo Bolsonaro está há meses nos EUA, conspirando com Trump contra o Brasil enquanto mantém seu mandato de deputado federal. Essa situação absurda e inaceitável. O PSOL acionou a justiça, através da PGR, pela cassação e prisão preventiva de Eduardo”.
ASSINE PELA CASSAÇÃO DE EDUARDO BOLSONARO!
— Fernanda Melchionna (@fernandapsol) July 24, 2025
Eduardo Bolsonaro está há meses nos EUA, conspirando com Trump contra o Brasil enquanto mantém seu mandato de deputado federal. Essa situação absurda e inaceitável.
O PSOL acionou a justiça, através da PGR, pela cassação e prisão… pic.twitter.com/jrIbGYGERT
Lula também se posiciona
O presidente Lula (PT) fez um discurso crítico ao deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL), mas não mencionou o nome do parlamentar. Em São Paulo, o petista aponta o bolsonarista como o responsável por incentivar a guerra comercial entre os países.
“Estão pedindo para o presidente da República dos Estados Unidos aumentar a taxa das coisas que nós vendemos para eles para poder libertar o pai. Ou seja, trocando o Brasil pelo pai. Que patriota é esse?”, questionou.

Em seguida, o mandatário cobrou uma atitude da Câmara contra o parlamentar.
“Vocês na Câmara têm que tomar uma atitude. Esse cara é deputado, ele se afastou, foi lá para os Estados Unidos ficar pedindo ‘ô, Trump, salva meu pai, salva meu pai, Trump’”, afirmou Lula.
Assunto repercute no Senado
O senador Otto Alencar também é um dos nomes que também saiu em defesa da medida. Ao Portal A TARDE, o congressista revelou que pediu ao colega Jaques Wagner (PT-BA) que sugerisse ao governo norte-americano conceder cidadania a Eduardo Bolsonaro.
“Pedi a Jaques Wagner (senador pelo PT) que sugerisse ao governo norte-americano a cidadania dos EUA para Eduardo Bolsonaro, para que ele fique por lá e o Brasil se veja livre dele”, disse o senador, que prosseguiu.
O que é a Lei Magnitsky?
A Lei Magnitsky é uma legislação criada originalmente nos Estados Unidos, em 2012, para punir autoridades estrangeiras envolvidas em graves violações de direitos humanos e atos de corrupção. O nome homenageia Sergei Magnitsky, advogado russo que morreu em 2009 após denunciar um esquema bilionário de corrupção envolvendo autoridades do governo da Rússia.
A norma permite que o governo dos EUA congele bens e negue vistos a pessoas acusadas de envolvimento em abusos como tortura, assassinatos extrajudiciais e repressão política. Posteriormente, a lei foi ampliada para o Global Magnitsky Act, com alcance mundial, sendo adotada também por outros países, como Canadá e Reino Unido.
A legislação ganhou destaque recente no Brasil após declarações do deputado Eduardo Bolsonaro, que afirmou tentar enquadrar políticos brasileiros na lei americana como forma de retaliação política.
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