MINUTOS QUE SALVAM
Aplicativo ajuda a identificar AVC e reduz tempo de socorro de vítimas
Ferramenta funciona por geolocalização e indica unidade mais próxima para o atendimento especializado

Por Alan Rodrigues

Quando ocorre um acidente vascular cerebral (AVC) começa uma contagem regressiva que pode determinar se haverá sequelas e que gravidade terão. Nesse momento, conhecer os sintomas, pedir socorro e saber onde procurar ajuda é fundamental.
Uma ferramenta desenvolvida pela Rede Brasil AVC, ajuda a identificar quando alguém está sofrendo uma isquemia, ou derrame, permite acionar ajuda e localizar a unidade de saúde mais próxima com suporte para atendimento nesses casos.
O AVC BR é um aplicativo que pode ser baixado de graça no celular, não tem anúncios nem coleta de dados pessoais e disponibiliza a relação de todos os centros especializados em AVC no Brasil, habilitados pelo Ministério da Saúde e certificados pela Rede Brasil AVC e a Organização Mundial do AVC.
Tempo limite
Sandra Issida é presidente da Associação de vítimas de AVC Amavc, de Lagoa Santa (MG) e sabe bem a diferença que a agilidade na resposta a um derrame. O marido dela, Renato Mariz Gonçalves, 58 anos, teve AVC há 14.
Profissional de TI, trabalhava nos Estados Unidos e Canadá e chegou a pegar temperatura de 20 graus negativos. De volta ao Brasil durante o verão, teve picos de pressão e, mesmo tratando a hipertensão, dois meses depois, sofreu o AVC.
O que começou com uma dor de cabeça, confundida com gripe, evoluiu para perda de força nas pernas.
Levado para a Santa Casa de Lagoa Santa, onde não havia protocolo de AVC, foi encaminhado a um hospital. A tomografia não mostrou nenhuma anomalia, mas, quando fez a ressonância, foi entubado. Isso, no hospital Risoleta Neves, da rede pública, que dispunha de suporte para AVC.

Hoje, Renato está tetraplégico, não fala, não engole, só mexe os olhos, se comunica por computador. Ainda assim, escreveu 40 páginas do livro “A leveza que a vida tem e o AVC”, em parceria com a médica Raquel Vilela.
Sandra tem convicção de que, com o AVC BR seu marido poderia ter tido outro destino. “O AVC BR identifica se a pessoa está tendo um AVC e a geolocalização direciona para a unidade mais próxima. É melhor viajar 100 km do que ir a uma unidade sem protocolo”, diz a esposa de Renato, que hoje ajuda outras vítimas de AVC através da associação.
Samu
No aplicativo, os usuários têm acesso ao protocolo Samu. Não, não se trata do serviço de atendimento médico de urgência, embora ele também faça parte das etapas de socorro.
Samu diz respeito aos sinais reconhecidos internacionalmente para detectar um AVC:
- Sorriso: Se a pessoa não consegue sorrir, pode estar tendo um AVC;
- Abraço: Caso não consiga abraçar a si própria ou levantar os braços, a chance de derrame aumenta;
- Música: Não conseguir cantar uma música conhecida ou repetir uma frase é outro sinal que indica possibilidade de AVC;
- Urgência: Uma vez confirmados todos os sintomas, não tem outro caminho. É ligar 192 e chamar o SAMU, agora, sim, o serviço de ambulância.
No AVC BR o paciente deve ter salvo números para ligar com apenas um toque em caso de emergência e também receberá a indicação do hospital mais próximo em condições de realizar os primeiros atendimentos.
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Custo x benefício
Pedro Antônio Oliveira é médico e chefe do Unidade de AVC do Hospital Geral Roberto Santos, além de professor da UFBA. Para ele, o aplicativo tem várias informações úteis, mas o que pode ajudar é no momento do AVC é ter para quem ligar.
De forma geral, o tempo máximo de resposta para minimizar as sequelas de um AVC é de 4 horas e meia, mas, com a trombectomia mecânica (colocação de ‘stents’ para dilatar os vasos), o prazo para reverter ou amenizar os danos de um acidente vascular cerebral sobem para até 12 horas.
Dr. Pedro considera que a rede pública é muito bem estruturada para infarto e diz a portaria SUS para inclusão da trombectomia no SUS vem ampliando o acesso a esse procedimento. Para o médico, o tratamento e, sobretudo, a prevenção, são uma questão de custo e benefício.
“Se botar na ponta do lápis, uma vítima de AVC tem sequelas. Se não morrer, precisa de tratamento para o resto da vida. Fisioterapia, fonoaudiólogo, retorno ao hospital, além de deixar de produzir, consumir a previdência. Um impacto social e econômico para a sociedade como um todo”.
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