OPINIÃO
Vale Tudo passou dos limites: samba e bebê reborn explicam baixa audiência
Novela das nove enfrenta críticas e consegue repercussão em cima de cenas cômicas
Por Luiz Almeida

Se alguém ainda tinha dúvidas sobre os motivos que fazem o remake de Vale Tudo patinar na audiência da Globo, os últimos capítulos conseguiram oferecer algumas respostas bem claras (isso para não dizer constrangedoras).
A cena que encerrou o capítulo desta segunda-feira, 16, foi quase um retrato simbólico do problema: uma disputa de samba entre Raquel (Taís Araújo) e Heleninha (Paolla Oliveira). Isso mesmo. Enquanto o público esperava um plot relevante, uma virada, uma tensão ou, no mínimo, um avanço na história, a novela preferiu entregar uma batalha de passinhos no meio da roda de samba.
Com direito a frases como “Se eu vim pro samba, é pra sambar!”, o embate terminou sem qualquer desenvolvimento real. E pior: foi tratada como gran finale do episódio.
Se fosse um alívio cômico isolado, vá lá. Mas a sequência do samba só reforça uma impressão que já tomou conta de quem assiste: o remake escrito por Manuela Dias perdeu completamente a mão na condução da narrativa. E a sequência do bebê reborn só piora tudo.
Bebê reborn em Vale Tudo
Durante uma semana inteira, a novela se dedicou a construir uma trama paralela completamente desconectada da história central. César (Cauã Reymond) e Olavo (Ricardo Teodoro) se envolveram na venda de bonecas, que, teoricamente, seriam bebês reborn, mas na prática nem chegavam perto disso.

A sequência chegou ao ápice do absurdo quando César estourou um plástico com água envolvendo o boneco, simulando uma placenta, e anunciou, sem nenhum constrangimento, que “nasceu um menino”.
Nem a tentativa de criar humor funcionou. Pelo contrário, as cenas foram alvo de críticas nas redes sociais pela total falta de propósito, coerência e senso.
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A cereja no bolo foi a personagem Aldeíde (Karine Teles) buscando sua encomenda encapuzada, como se estivesse adquirindo algo ilícito. Tudo isso para quê? Nenhum impacto na trama, nenhum avanço, nenhum conflito relevante.
Desespero em atualização?
A obsessão do remake por “atualizar” a história clássica está beirando o desespero. E isso fica evidente quando a novela gasta preciosos minutos em roteiros que não falam absolutamente nada. Nem entretenem, nem fazem rir, nem geram reflexão. Só reforçam a impressão de que Vale Tudo virou uma caricatura de si mesma.
A versão de Vale Tudo parece ter esquecido a essência do original. Na tentativa de ser moderna, virou superficial. Na tentativa de ser leve, virou rasa. Na tentativa de lacrar, descolou-se completamente do que o público realmente espera de uma novela das nove.
Se tudo isso vale, o público já respondeu: não, não vale.
*Luiz Almeida é jornalista e analista de televisão
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