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Da Aldeia Hippie para o Bahia: entenda a emoção do tio de Lucho
Uruguaio Liber Vega foi um dos motivos para o atacante escolher o Tricolor
Por Lincoln Oriaj
Um entusiasta da capoeira que saiu do Uruguai e veio para a Bahia “beber direto da fonte”. Esse é Liber Vega, tio do novo atacante do Bahia, Lucho Rodriguez. O uruguaio chamou a atenção durante a apresentação do jogador nesta sexta-feira, 26, ao chorar de emoção com a realização de um sonho do sobrinho.
Vega foi importante para que Lucho acertasse sua transferência para o Bahia, como o próprio jogador falou em sua apresentação. “O apoio da família é muito importante. Meu tio tio viveu 10 anos aqui na Bahia e me contou muito sobre o clube, sobre a cidade. Também por causa dele que estou aqui e estou muito agradecido a ele”, explicou o atacante.
“Quando ele me falou do Bahia, eu falei: ‘não duvida não, vai, experimenta, conheça a Bahia. Você não vai se arrepender, você vai conhecer um povo baiano que é demais’. O povo baiano é barril dobrado”, contou Vega em conversa exclusiva com o Portal A TARDE.
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Além disso, foi Vega quem esteve ao lado de Lucho durante o imbróglio entre Bahia e Liverpool-URU, que deixou o jogador ‘preso’ em um hotel de Salvador enquanto questões contratuais eram resolvidas. O atacante ainda precisou retornar ao Uruguai antes de ser anunciado pelo Tricolor.
“A negociação não foi fácil em momento nenhum, foi uma novela sem fim. O povo baiano, o tempo todo, pedindo pra ele ser anunciado. E a gente não podia falar nada até ser concluído totalmente. Foi um sofrimento muito grande, tanto para ele como pra mim. As noites foram muito bravas. Longe de casa, longe da família, fechado num hotel, mais de dez dias sem poder falar com ninguém, se escondendo de câmera, se escondendo de tudo”, detalhou o capoeirista.
“Ele viajou 24 horas, teve que voltar ao Uruguai para assinar um contrato antes de fechar com o Bahia. Ele treinou hoje (sexta-feira), fez a conferência de imprensa. É aquela coisa, jogador de futebol não tem sossego, jogador de futebol renuncia muita coisa, família, casa. Ele fica viajando muito e hoje em dia ele está aqui, está na Bahia e se está na Bahia está em casa”, complementou.
Relação com a Bahia
Ao chegar na Bahia, Vega foi aluno do Mestre Índio e se formou como professor de capoeira. Por mais de dez anos ele viveu na Aldeia Hippie, em Arembepe, região metropolitana de Salvador. O carinho e a gratidão pelo local e pelas pessoas que conheceu é especial.
“Eu vim aqui na Bahia a procura do conhecimento, do aprendizado da capoeira. Eu falei: ‘vou ficar um mês’. Esse mês virou dois meses, três meses, dois anos, três anos, dez anos. Fiquei 11 anos aqui na Bahia. A Aldeia Hippie foi minha casa por mais de dez anos. Foi um povo que me abraçou. Todo mundo. Não vou citar ninguém, porque pode ficar com alguém de fora. Mas é aquela coisa, tanto na capoeira, como no futebol, a Bahia é apaixonada. Sangue com dendê, tempero com pimenta, o povo baiano é muito acolhedor e eu só tenho agradecimento”, declarou Vega.
O tio ainda contou que trazer Lucho para Salvador era um desejo antigo, mas que nunca conseguiu realizar por questões financeiras. Coincidentemente, o futebol possibilitou que essa viagem acontecesse e o atacante revelou ao tio que quer cumprir seu contrato com o Bahia, que vai até 2029.
“Para mim é um sonho realizado, sempre disse a ele que gostaria de trazê-lo para a Bahia, mas não tinha recursos. E quando teve a possibilidade dele vir para o Bahia, eu disse que ele ia conhecer e não ia querer embora nunca mais. E ele já me disse que quer cumprir o contrato dele até o final porque a Bahia o abraçou e eu falo assim: 'a Bahia é o mundo, bora Bahêa minha p*'”, disse Vega.
Pronto para jogar
Regularizado, Lucho pode estrear pelo Bahia neste sábado, 27, quando o Tricolor recebe o Internacional na Arena Fonte Nova, pela 20ª rodada do Campeonato Brasileiro. Para Vega, "não existe bola perdida" para o sobrinho, que se entrar em campo, vai demonstrar toda a raça uruguaia.
“A Bahia é aquela coisa incrível que acolheu ele, ele se sentiu muito bem. Ele está querendo só jogar, fazer gol, levar o Bahia a um patamar ainda maior e representar a camisa como todo uruguaio, com sangue, com raça, correndo em todas as bolas, não existe bola perdida. E se for necessário ele estar no campo de jogo, ele vai jogar, ele vai dar vida, vai dar alma”, concluiu.
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