"EL PATRÓN"
Coordenador do Gaeco detalha operação que investiga Binho Galinha
Promotor de Justiça do MPBA salientou ainda que "não há como vencer a milícia apenas com armas"
Por Leilane Teixeira e Luan Julião
O promotor de Justiça Luiz Neto, coordenador do Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público da Bahia (MPBA), deu detalhes da atuação do grupo na Operação El Patrón, deflagrada ano passado e que tem como principal alvo de investigação a participação do deputado estadual Binho Galinha.
Durante o 2° dia do Congresso Baiano de Segurança Pública e Prevenção, realizado em Salvador, o promotor trouxe à tona como foi montada a equipe que faz pare da operação, assim como a necessidade de se combater milicianos e de uma investigação mais "criteriosa". Segundo ele, não é possível vencer a milícia apenas com armas, mas também e sobretudo, com um trabalho de inteligência.
"Quando a gente fala de combate a milícias, o primeiro ponto é ter em mente que a milícia também é um problema na Bahia que deve ser encarado. O Gaeco, dentro dessa seara, identificou que existia um universo criminoso e paralelo aos milicianos envolvendo jogo do bicho, extorsão, desmanche de carro, receptação dolosa, homicídio, entre outros crimes. A partir de então, veio um alinhamento inédito na Bahia: a junção do Gaeco, da Superintendência da Polícia Federal, da Receita Federal, a Secretaria de Segurança Pública. Fizemos pela primeira vez, formalizado e documentado, com base normativa, uma operação com essas quatro instituições: a Operação Él Patrón, que surgiu justamente para investigar mais a fundo a presença de milicianos e crimes desta natureza. Porque entendemos que o combate à milícia não é apenas uma proposta velha que compramos, mas um realidade que precisa de forças", disse.
Segundo o promotor, não há como vencer a milícia apenas com armas. E, por isso, foi e é necessário a integração entre as equipes. Na primeira fase da operação, em dezembro de 2023, foram expedidos dez mandados de prisão preventiva, 33 mandados de busca e apreensão, bloqueio de mais de R$ 200 milhões das contas bancárias dos investigados, sequestro de 26 propriedades urbanas e rurais, além da suspensão de atividades econômicas de seis empresas.
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"A gente não vai conseguir vencer milícias apenas com armas. A princípio, a milícia é muito mais assustadora e ameaçadora para a sociedade do que até mesmo uma facção. Porque a milícia tem uma característica de aproximação endógena com o poder público, com o poder político. Ela tem viés político que se aproxima do poder público, então é uma engenharia criminosa muito mais difícil. No geral, são mais sofisticados para lavagem de capitais. Então, por isso que foi imprescindível a integração da Receita Federal e das outras forças policiais desde o início. Foram 20 meses de investigação até a primeira fase de deflagração", pontuou.
Relembre a investigação do deputado Binho Galinha
O deputado estadual Kleber Cristian Escolano de Almeida, mais conhecido como Binho Galinha, começou a ser investigado no dia 07 de dezembro, dia em que foi deflagrada a primeira fase da operação El Patrón.
Ele ainda está sendo investigado pelas atoridades que compõe a operação por integrar um grupo de milicianos com atuação em Feira de Santana, ciade baiana a cerca de 100 km de Salvador.
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Na época, agentes da PF cumpriram mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao parlamentar, que também teve suas contas bloqueadas por ordem da Justiça baiana. Por ser considerado o chefe da milícia, a PF chegou a pedir a prisão dele, mas teve o pedido negado pela 1ª Vara Criminal de Feira de Santana.
Três policiais militares também figuram entre os investigados: Jackson Macedo Araújo Júnior, Josenilson Souza da Conceição e Roque de Jesus Carvalho foram denunciados. Os PMs foram transferidos para presídio federal.
Os agentes seriam o ‘braço armado’ da organização: eles ficavam responsáveis pelas cobranças, mediante violência e grave ameaça, de valores arrecadados pelo jogo do bicho e empréstimos a juros excessivos – crime de agiotagem, segundo as investigações.
A investigação teve início após a Receita Federal identificar movimentações financeiras atípicas em contas dos suspeitos – os relatórios apontaram “bens móveis e imóveis não declarados e indícios de lavagem de dinheiro”.
Na época, o deputado Binho Galinha se posicionou, disse estar à disposição da Justiça e pontuou que “tudo será esclarecido no momento próprio”. Ele também descartou, em nota, um possível afastamento das atividades parlamentares.
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