Bolsonaro vai ao 7 de Setembro e avisa: ‘É o ultimato’. Parece piada
E entre os jornalistas do Brasil, nós no bolo, alguém viu algum reclamar do direito à liberdade de expressão? Se sim, aponte. Não vimos. Da forma que o aparato institucional está configurado, ela é plena, mas parece sofrer ameaças justamente de quem diz querer defendê-la, Bolsonaro. Ele vai ao 7 de Setembro com essa bandeira.
A liberdade de expressão, nas suas múltiplas formas, da linguagem acadêmica até o popularesco da literatura de cordel, é a sublimação da comunicação. Em toda ela a junção de forma e conteúdo tem um ingrediente essencial, o respeito.
Saiu daí, a hierarquia moral desaba. Deixa de ser liberdade de expressão e passa a ser o direito de xingar. Vai da simples fofoca ao linguajar chulo quase sempre descambando para a baixaria, a calúnia, a infâmia, a difamação, a banda criminal.
O elevador — Com a ressalva de que comunicação é o nosso ofício, Bolsonaro nos poupe, não venha para cá querer ensinar missa a vigário. Lá na nossa Facom os amados mestres usavam o Elevador Lacerda para ilustrar os seus ensinamentos. Diziam que o ato de se comunicar é primo carnal do pensar. O mix de opções é galático. E ensinavam: ‘Do alto do Elevador Lacerda sua liberdade é plena. Os mais imbecis se atiram, suicidam-se. Os mais sábios vão matutar a cabeça para descobrir se é possível fazer um elevador até a lua’.
Pois vamos à lua. Em Tanhaçu, ele disse que o 7 de Setembro ‘será o ultimato’. Contra a democracia? Parece piada, mas é isso mesmo.
‘A bela e a fera’, ou Quitéria e Wilson, reencontro em Andaraí
Veja você, só a título de curiosidade, como o mundo dá umas boas voltas. Em janeiro de 2013, Maria Quitéria, então prefeita de Cardeal da Silva, disputava a reeleição para a presidência da União dos Municípios da Bahia (UPB). De repente, apareceu um adversário barulhento: Wilson Cardoso, prefeito de Andaraí, por acaso do mesmo partido que ela, o PSB.
No tititi da disputa, prefeitos cunharam a marca para sacramentar o embate: ‘A bela e a fera’, a bela ela, a fera ele.
Semana passada Wilson inaugurou o Frigorífico da Chapada, um empreendimento particular. Adivinhe quem é a gerente comercial? Ela mesmo, a bela.
E aí, Quitéria, como fica o reencontro com a fera?
– Oh!... Deixe eu e o meu bichinho em paz!...
Quitéria diz que está fora de política e Wilson, de quem se tornou amiga, sempre a convidou.
Ivana Bastos, a paraquedista
Quem fez sucesso na semana nas redes foi a deputada Ivana Bastos (PSD), 57 anos, saltando de paraquedas em Praia do Forte domingo passado.
– Era um sonho meu. Conversando com os coronéis Valnei, comandante do Grael, e Boaventura, do Bope, eles deram a dica do clube de paraquedismo em Praia do Forte. Adorei e vou voltar lá.
Ivana diz que enfrentou algumas reações, a começar pelo marido, Jaime. Mas, mesmo assim, quer mais.
Geracina volta à cena, quer disputar o governo pelo PT
Geracina Aguiar, 72 anos, primeira vereadora em Salvador eleita pelo PT (1988) e primeira mulher a presidir o partido, comunicou ao presidente estadual da sigla, Eden Valadares, que tem a intenção de disputar o governo no próximo ano pela sigla, que já se fixou no nome de Jaques Wagner.
Ela conta que quando era presidente do PT teve um enfrentamento numa greve com o policial Rambo, o Matador. Ele botando a arma na cara dela rendeu foto que estourou na mídia nacional. Rambo a processou, depois morreu; o advogado dela, Pedro Milton, também morreu e agora o irmão de Rambo reativou o processo, já bloquearam a conta dela e penhoraram a casa em que mora.
— Nada contra Wagner, é meu amigo. É apenas um contraponto ao fascismo.
POLÍTICA COM VATAPÁ
Questão de origem
João Leonardo da Silva, o Jão Lalau, prefeito de Valença duas vezes, era um tipo não tão raro na Bahia, a do ‘analfabeto que deu certo’, mas com temperos bem peculiares, o maior deles, o temperamento forte.
Rico do tempo que cacau ditava o tom da reza, rude, semianalfabeto, fama de valente e de honesto. Já com quase dois anos do segundo mandato, em meados dos anos 70, enfrentou uma eleição em parte das urnas da cidade.
Tinha dois adversários, o candidato opositor, Luiz Góes Teles, e o presidente da Câmara, Hildásio Luz; Renato Pinheiro, repórter do Jornal do Brasil, foi lá, Góes Teles denunciou:
– Vá agora ali na esquina que você vê ele comprando votos abertamente.
Renato foi. Não viu a compra de votos, mas encontrou Lalau:
– Seu João, a oposição está dizendo que o senhor compra votos...
Lalau deu um pinote da cadeira, bradou:
– Eu compro, mas compro com o meu dinheiro! Eles lá também compram! Mas com dinheiro da prefeitura!