Consciência Negra, a luta contra um mal que vem lá das cavernas | A TARDE
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Consciência Negra, a luta contra um mal que vem lá das cavernas

Publicado domingo, 07 de novembro de 2021 às 06:00 h | Autor: Levi Vasconcelos
Clarindo Silva
Clarindo Silva -

Clarindo Silva, emblema vivo do Centro Histórico de Salvador, costuma dizer que um dia gostaria de celebrar o dia de todas as raças e não apenas da raça negra.

Um bom sonho, mas tipo lá para muitos séculos adiante. O racismo é uma chaga moral incrustrada na alma que vem lá dos tempos das cavernas e nunca deixou de predominar.

A deputada Olívia Santana (PCdoB), que tem na luta contra o racismo uma das suas bandeiras, carimba:

— É óbvio que o homem sempre usou a questão racial para demarcar áreas de abrangência de poder.

Tragédia —No Brasil, essa demarcação é bem nítida. O colonizador português pegou os negros na África como se bichos fossem, depois da abolição deixou-os à própria sorte e configuramos a nossa sociedade hoje com toda a carga desse tempo.

Olívia expõe números que atestam isso: segundo o Atlas da Violência, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 75,7%, de mais de 50 mil vítimas de homicídios no Brasil em 2018, são negras. E 61,8% das mulheres vítimas de feminicídio são negras.

O Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, data da morte de Zumbi dos Palmares, é de luta no Brasil, em especial na capital baiana:

— A data é da afirmação da luta contra o racismo, um convite à reflexão. A escravidão acabou, mas o racismo ficou.

O racismo ficou e mantém a sua marca de terror.

Covid à parte, saúde foi o mercado que mais cresceu

Um levantamento feito pela PwC Brasil, empresa de prestação de serviços, mostra que o mercado de saúde passou por expansões recentes e liderou as transações registradas na Bahia, com 33% do volume negociado.

Na vice-liderança do ranking está a área de tecnologia, que representou 20% das fusões e aquisições de janeiro a setembro deste ano. A Bahia contraria a tendência nacional, já que no Brasil a liderança ficou com a tecnologia, com 44,8%.

Bruno Porto, diretor da PwC, diz que a compra do Hospital Aliança pela rede D'or, que já detém o Hospital São Rafael, e o novo hospital da Rede Mater Dei, mudam a cena:

— Isso pode transformar a capital baiana em um polo regional de saúde no Nordeste.

Fogo amigo em João Dourado

Dizem que na região de Irecê o sobrenome Dourado é igual água, mina por todos os cantos. Assim o é que nas eleições suplementares de hoje os candidatos são Di Cardoso (PL), na real Diamerson Costa Cardoso Dourado contra Juninho (PSD), que é Abimael Dourado Lima Júnior.

Os dois Dourados dividem a base de Rui Costa também lá. A deputada Fabíola Mansur (PSB) apoia Di Cardoso e o deputado Jacó (PT) fica com Juninho.

Henrique, dor na tragédia

O link baiano da tragédia que matou a cantora Marília Mendonça, o produtor Henrique Ribeiro, bateu forte entre deputados e jornalistas que cobrem a Assembleia.

Ele é sobrinho do jornalista Nestor Mendes, assessor do presidente Adolfo Menezes (PSD). Faria 33 anos no dia 9 de dezembro e, além dos pais, Marisa e George, e da irmã Clara, deixou um filho de 8 anos.

Nas redes, a comoção é intensa, no Brasil e cá.

Alden, a volta na contramão

Retomando suas atividades após cumprir 30 dias de suspensão, o deputado Capitão Alden (PSL) reafirmou a lealdade aos princípios defendidos por Bolsonaro, incluso o negacionismo: apresentou projeto que pune ‘quem discriminar pessoas vacinadas e não vacinadas’, além de proibir sanitários unissex, o oposto do que Rui Costa quer, obrigar a vacinação. Um deputado da oposição chegou a ironizar.

— Não joga para o coletivo. Joga para a plateia dele.

Diagnóstico

Essa é mais uma da lavra de Sebastião Nery. 1975, auge da ditadura militar instalada em março de 1964, com o general Ernesto Geisel presidente. Luiz Viana Filho, senador baiano, aliado do regime, subiu na tribuna do Senado, disparou:

— As metas fixadas para o Nordeste pelo governo não estão e nem serão atingidas. E nós, políticos da Arena, ficamos como São Pedro, nas nuvens, nem na terra e nem no céu.

O deputado Ulysses Guimarães, líder da oposição, que assistia ao lado do senador alagoano Teotônio Vilela, espantou-se:

— O que deu no Luiz Viana, Teotônio?

— Nada, Ulysses, tudo normal. O autoritarismo não visa o conteúdo, e sim o autor. Você ainda não aprendeu isso?

— Mas o discurso dele foi pesado.

— Coisa nenhuma, Ulysses. O mesmo discurso dito por Chico Pinto seria um ataque virulento. Dito por um moderado como você, seria uma crítica construtiva. E dito pelo Luiz Viana é apenas diagnóstico.

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