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Liberação do aborto é mais uma das nossas grandes incongruências

Confira a coluna de Levi Vasconcelos deste domingo

Publicado domingo, 24 de setembro de 2023 às 04:30 h | Autor: Levi Vasconcelos
A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber votou a favor da descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação
A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber votou a favor da descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação -

Pergunta curta e fulminante de D. Maria de Lourdes Paim, devota de Santo Antônio, moradora do bairro do Santo Antônio, em Salvador: o senhor é contra ou favor da liberação do aborto?

Resposta curta fulminante: contra. Mas não por ideologia ou o conservadorismo aloprado, apenas por achar que o princípio é mais afinado com a defesa da vida na imensidão da sua plenitude.

Veja, D. Maria. Estamos em um planeta em que a vida espouca de todos os lados, nas profundezas dos oceanos, no meio das águas, nem fundo e nem raso, na flor da água, debaixo do chão, no chão, ao redor da gente, dentro da gente (pela sequência da humanidade e germes, bactérias e afins), no ar com os pássaros. Não tem lógica achar que tudo isso acaba nas nuvens.

Maconha e jogo —Não dá para ver coerência, por exemplo, com o estatuto do PV, que prega ostensivamente a defesa da natureza, mas é explicitamente a favor do aborto. Então o feto não conta?

O pessoal da esquerda argui os direitos individuais, mas na real fica parecendo mais uma dessas monumentais incongruências nacionais, como no caso da maconha e dos jogos de azar.

Maconha é proibido plantar, mesmo para uso medicinal, mas usa importada dos EUA a preços fabulosos. No caso dos jogos, aqui se pode quase tudo, Lotofácil, Mega Sena, Lotomania, Bahia da Sorte, Sílvio Santos e o seu Baú da Felicidade, só não pode cassinos e jogo do bicho.

O STF está quase liberando o aborto. Temos mais essa.

Lençóis quase sem o festival

Após perder o Festival de Jazz do Vale do Capão, por falta de apoio, a Chapada Diamantina está em vias de receber outra porrada pelo mesmo motivo. 

A Pau Viola Cultura e a Eco Show, empresas  que organizam o Festival de Lençóis na bela cidade histórica, soltaram comunicado dizendo que a 21ª edição, marcada para de 12 a 14 de outubro, está adiada, sem previsão ser realizada. O trade está à beira de um ataque de nervos.

Cipó quer o  seu hotel de volta, e por usocapião

Marquinhos do Itapicuru (PDT), prefeito de Cipó, está diante de uma situação única. Quis tomar o controle do majestoso Hotel Caldas de Cipó, inaugurado em 1952 por Getúlio Vargas, fechado em 1960, reinaugurado por ACM em 1982, 10 anos depois fechado e até hoje assim. O governo federal não tem documentos de propriedade e nem o estadual. O município entrou na Justiça requerendo a propriedade por usocapião.

— Interessados não faltam, há três grupos querendo reativar o próprio hotel e instalar lá uma faculdade de medicina.

Cipó é famosa pelas águas termais, segundo alguns milagrosas, sempre recebeu muitos turistas e hoje o artesanato é ponto forte.

Ilhéus grita contra a ameaça de ficar sem voo para Salvador

A Azul já avisou, a partir do fim de outubro, os voos para Salvador estarão suspensos. Isso quer dizer que a partir daí quem quiser sair da terra de Gabriela para a capital pela via aérea terá que ir a São Paulo, Rio ou Belo Horizonte, bem mais caro e demorado.

Jabes Ribeiro, ex-prefeito, secretário do PP na Bahia, junto com o presidente do partido, o deputado federal Mário Negromonte Jr., bateram no gabinete do ministro dos Portos e Aeroportos, Sílvio Costa. 

— Falamos para ele que antes da pandemia Ilhéus tinha voos para Salvador com a Latam, a Gol e a Azul. Agora, justo no começo da alta estação e na hora em que a região vislumbra um novo tempo com a Fiol e o Porto Sul, ficamos sem nenhum?

O ministro prometeu conversar com a direção da Azul, mas por enquanto as expectativas não são boas.

POLÍTICA COM VATAPÁ

A foto do nada

Conta Sebastião Nery, em ‘1950 histórias do Folclore Político Brasileiro’, que Juracy Magalhães, cearense que adotou a Bahia – tendo sido interventor nomeado por Getúlio Vargas (1931-1937) e depois governador eleito pelo voto (1959-1963) – era embaixador do Brasil nos EUA em 1965 quando recebeu um telegrama do presidente Castelo Branco: “Volte para o Brasil que o seu lugar é no Ministério da Justiça”.

Pululou de alegria. Foi fazer a foto para a galeria dos ex-embaixadores, impôs ao fotógrafo, queria uma pose única, inédita:

— Com a mão no peito, embaixador.

— Não. Napoleão já tirou assim.

— Então vamos com a mão no bolso.

— Também não. Olhe ali o Joaquim Nabuco, está com a mão no bolso.

— De braços estendidos.

— Olhe o Amaral Peixoto, amigo. Está exatamente assim.

— Então sem nada. O rosto só embaixador. 

Juracy subiu o tom:

— E você acha que o meu rosto é nada?!

O fotógrafo calou. E ficou na galeria a foto do nada.

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