Menu
Pesquisa
Pesquisa
Busca interna do iBahia
HOME > colunistas > PÁGINAS PROIBIDAS
COLUNA

Páginas Proibidas

Por Gabriel Moura

Feita para quem não se satisfaz apenas com a Salvador que pode ser debatida no almoço de família.  *Toda sexta-feira, uma nova história.
ACERVO DA COLUNA
Publicado sexta-feira, 01 de novembro de 2024 às 18:00 h | Autor: Gabriel Moura

'Chamei minha melhor amiga para um ménage e ela roubou meu namorado'

Jovem arquiteta soteropolitana sofreu dupla traição

Ouvir Compartilhar no Whatsapp Compartilhar no Facebook Compartilhar no X Compartilhar no Email
No rala e rola, eram para ser três, mas parecia que eram só dois
No rala e rola, eram para ser três, mas parecia que eram só dois -

"Fazer sexo à três? Tô fora. Se for pra decepcionar duas pessoas ao mesmo tempo eu almoço com meus pais", diz uma piadoca amplamente compartilhada pelos depressivos do Twitter. "Antes esse fosse o meu caso", contrapõe a arquiteta Joana*. "Quando fui brincar de fazer ménage, eu que acabei decepcionada."

Ela vivia com Geraldo* o amor sonhado por muitas garotas que cresceram lendo livros de romance adolescente. Se conheceram e se apaixonaram ainda no Ensino Médio e, após se formarem na faculdade, planejavam casamento, filhos e morar juntos.

O problema começou quando começaram a planejar um ménage à trois.

Leia mais de Páginas Proibidas:
>> Advogada vira uma das maiores prostitutas da Bahia: "Escolho cliente"
>> Baiano abandonou 'moral cristã' e hoje transa com 300 casadas por ano

"Eu fui a primeira dele e ele o meu primeiro. Eram 10 anos de namoro. Para você ter ideia, o único outro pau que tinha visto na vida foi o do meu irmão, que uma vez, sem querer, flagrei 'batendo uma'", revela ela, que mora em Salvador.

A ideia de trazer uma 'marmita' (termo que os jovens usam para denominar a terceira parte) surgiu após ouvirem histórias de um amigo entusiasta da prática.

Para o pacato casal, na teoria, parecia interessante convocar mais alguém tanto a nível de experiência pessoal, mas também para 'apimentar a relação'.

Decisão tomada, iniciou o debate. O primeiro tópico foi o gênero do convidado especial. "Eu queria homem, afinal, me definia como hétero na época. Ele foi intransigente. Disse que não queria outra rola perto dele, muito menos perto de mim", lembra.

Optaram por uma mulher. Afinal, tudo bem ela, heterossexual, ter que ficar com uma mulher e ver o namorado penetrando uma periquita alheia. Relação justa e equânime.

O próximo passo foi encontrar uma querida disponível e atraente, "o que é mais difícil do que parece", salienta a arquiteta.

Abriram perfil de casal no Tinder, mas viveram na pele a dura realidade dos solteiros de Salvador ao não encontrar ninguém interessante nos apps de namoro. Até uma garota de programa cogitaram, mas Joana recusou após avaliar melhor o 'cardápio' de um site especializado.

Até que, inocente, como quem não quer nada, Geraldo surgiu com um papo estranho. "Não tem Verônica*, sua melhor amiga? Que diz que faz e acontece? Que já fez isso outras ve...". "Não", sentenciou Joana antes do rapaz finalizar o argumento.

O papo parecia que foi sepultado ali, mas após outra semana de decepções nos aplicativos de namoro, Joana, tadinha, reconsiderou. "Pô... eu pensava que ao menos era uma pessoa de confiança, alguém que sabia o que estava fazendo". Só que ela sabia até demais.

A arquiteta comunicou ao amado que mudou de opinião e estava disposta a convocar a suposta 'BFF' para o rolo.

Ele estava feliz, ela estava resignada e Verônica até demonstrou estar confusa, soltando um diplomático "tem certeza, amiga?", mas sem tardar para dizer o sim final.

Leia também:
>> Motoristas por aplicativo criam códigos para se prostituir em Salvador
>> Bordel 'de sequestro' volta a funcionar com 'rapidinha' no carro
>> O que acontece no Cine Tupy, o último cinema pornô de Salvador

Um é pouco, dois é bom, três é demais
A consumação foi marcada para o sábado mais próximo, na casa e, mais importante, na cama de Joana, que ainda preparou um risoto de shitake para a convidada.

Após generosas taças de vinho para cortar o nervosismo, a arquiteta sentiu a mão da amiga em sua coxa direita. Ela olhou para baixo para entender do que se tratava. Ao levantar a cabeça, antes de ensaiar dizer a primeira palavra, foi surpreendida pela boca dela em sua direção.

"Não posso negar que foi divertido", confessa aos risos. "Me sentia a própria Katy Perry em 'I Kissed a Girl'". Hoje, Joana se conforma com a condição de 'bi de balada' - beija outras mulheres apenas em ambientes festivos e sociais.

A brincadeira seguiu ótima para Joana enquanto envolvia apenas as duas. Mãos pra lá, bocas pra cá. Sucesso absoluto. O problema começou quando o mozão resolveu se divertir também.

"Ok que quando você é um casal e traz uma 'marmita', o foco da atenção é a convidada. Mas pô... ele não precisava dar atenção apenas para ela", reclama.

Ela argumenta que até tentou dar uma aprochegada em Geraldo e no Geraldinho, mas ele nem tchum. "Tinha momentos em que eu ficava de fora, sozinha, apenas olhando", lamenta a coitada.

E o período afastada a transformou em expert na performance sexual alheia. "Aquele vigor dele... nossa... nem parecia o mesmo rapaz que quando tava comigo muitas vezes falava 'pera aí, amor. Deixa eu pegar a tadala e já já a gente continua'", denuncia.

O entusiasmado garanhão terminou seu serviço. Verônica, então, lembrou da existência de Joana e até tentou iniciar o rolé sáfico, mas a esta altura o clima estava tão frio quanto o resto do risoto que sobrou na panela.

"Até fiquei encucada com a situação por um dia ou dois, mas depois enfiei na minha cabeça que não tinha nada acontecendo, que era coisa da minha imaginação", recorda.

A última a saber
Quem mudou foi o rapaz. Lembra do papo de apimentar a relação? O que antes já tinha pouco sal ficou sem tempero nenhum. "Até de 'amor' ele me deixou de chamar", conta Joana.

Mas o que fez Joana abrir os olhos foi uma mudança logística. Os passeios envolvendo os três sempre foram comuns, mas antes o roteiro final era quase sempre o mesmo: Geraldo deixava Verônica em casa e ia para o lar da namorada, onde dormia no conforto da conchinha.

De repente, um cansaço repentino começou a atingir o rapaz, que passou a deixar primeiro Joana em casa, dizendo que ia conduzir Verônica para o respectivo lar e, em seguida, rumar para dormir no conforto de casa.

"O que eles faziam nesse período em que estavam sozinhos no carro, ou até se ele ia para casa mesmo, só Deus sabe", conta ela.

O que Joana soube, ou melhor, foi informada por Geraldo, é que eles não formavam mais um casal.

Pior que o fim apenas a surpresa que teve três semanas depois, quando se deparou com uma foto de Geraldo e Verônica, juntos, no Instagram. "Ela nem teve a pachorra de falar comigo", desabafa.

Joana, claro, foi tirar satisfações com a ex-amiga, que jurou de pé junto que o romance arrebatador dos dois começou após o término. "E eu sou uma geladeira Eletrolux", diz, em um tom acima, a arquiteta.

Já Geraldo apenas pediu desculpas e disse que, em outras palavras, não resistiu à chave de buceta executada pela moça que fazia e acontecia.

E para Joana o que restou? Traumas, um pressentido par de galhas e uma nova música na playlist: Zeca Pagodinho - Talarico.

"Eu não falo mais com Talarico
Talarico roubou minha mulher
Eu não falo mais com Talarico
Talarico era um cara confiado
Chegou todo aprumado, eu não fiz fé
Terno de linho branco engomado
E com pinta de quem nada quer
Quando tocou um samba sincopado
Minha nega danou dizer no pé
Eu não falo mais com Talarico"

*Nomes verdadeiros dos personagens foram trocados

Possui alguma sugestão de pauta ou quer compartilhar alguma história? Mande para [email protected]

Compartilhe essa notícia com seus amigos

Compartilhar no Email Compartilhar no X Compartilhar no Facebook Compartilhar no Whatsapp

Tags

Assine a newsletter e receba conteúdos da coluna O Carrasco