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Abandono dos animais impacta a rotina do veterinário

Falta de políticas públicas de proteção aos bichos gera problemas no exercício da atividade profissional

Publicado domingo, 11 de setembro de 2022 às 05:30 h | Autor: HIlcélia Falcão
Miúcha acolheu Lora, que foi abandonada
Miúcha acolheu Lora, que foi abandonada -

O que você faria se fosse um profissional de saúde e visse multidões de doentes vivendo nas ruas, expostos a sol e chuva, e a toda sorte de perversidades de quem deveria cuidar? O ímpeto é querer ao menos ajudar. Agora pense que esses pacientes são animais – gatos e cães que não têm voz. No caso dos humanos, de um modo geral, esse apoio em massa ocorre quando o profissional de saúde é contratado para este fim.  Na Medicina Veterinária, infelizmente, a falta de políticas públicas amplas de proteção animal impõe ao médico veterinário brasileiro verdadeiras escolhas de Sofia. No mês em que se comemora o Dia do Médico Veterinário, celebrado na última sexta-feira, 9 de setembro, a PAPO PET ouviu alguns sobre o impacto do abandono animal na vida destes profissionais.

“Somos uma das profissões mais acometidas pela exaustão por compaixão”, explica a médica veterinária Ilka Gonçalves, presidente da Comissão de Ética do Conselho de Medicina Veterin ária (CRMV–BA). Segundo ela, o profissional enfrenta o dilema de conciliar a necessidade de manter uma empresa funcionando e a cobrança de toda uma sociedade por “ajudar sem cobrar”, como se fosse obrigação do profissional e não do poder público. Para piorar, a categoria lida também com a desinformação generalizada dos tutores. 

Há casos, inclusive, de abandono na porta das clínicas veterinárias. “O médico veterinário tem que ter bom senso, lembrar que somos profissionais ligados ao bem estar animal, mas não podemos ser acumuladores de animais”, afirma o veterinário Eduardo Ungar, também integrante do CRMV. Na semana passada, a clínica dele foi alvo de abandono de filhotes de cães em uma caixa de papelão, o que é crime. Agora ele busca adotantes para os animais.

Embora a mediação entre protetores e tutores não seja o papel do profissional, ela costuma ocorrer com certa frequência. A médica veterinária Gabriela Lima, quando necessário, acaba fazendo contato com interessados em adoção. “O nosso papel é zelar, cuidar, mas às vezes mediamos adoções”, diz ela, que possui sete animais, todos adotados. Foi assim com a poodle Malu, adotada pela chef de cozinha internacional Ana Paula Piazza. 

É que muitas vezes, eles mesmos adotam e invariavelmente têm mais de um animal.  A veterinária Miúcha Furtado, por exemplo, adotou as SRDs Lora, 12 anos, e Menina, 8 anos, ambas resgatadas nas ruas. Tião, um rotweiller de 4 anos, é o caçula da casa, que ela ganhou de presente. Já a veterinária Viviane Abreu acolheu Bartô, 8 anos, cãozinho que estava sob tutela de um casal sem condições financeiras de cuidar do bichinho. “Nosso papel é zelar”,  afirma.

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