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Ansiedade de separação deve ser tratada precocemente

Síndrome pode ser prevenida e tratada; tutores devem atentar para primeiros sinais enquanto o bicho é filhote

Publicado domingo, 03 de julho de 2022 às 06:08 h | Autor: HIlcélia Falcão
Budd, o cachorinho de Paula, chora muito se está sozinho
Budd, o cachorinho de Paula, chora muito se está sozinho -

O spitz alemão Budd, 1 ano e 5 meses, foi separado da mãe muito cedo, antes de completar 30 dias. O salsichinha Capone, 3 anos, foi devolvido aos tutores da mãe após a primeira adoção. Apesar de caminhos distintos no processo de desmame, as experiências geraram nos dois a ansiedade de separação. Ambos vivem hoje em lares cheios de amor, mas carregam consigo o transtorno cada vez mais frequente entre os animais de estimação.

“Ele chora muito quando está sozinho; quando estou em casa fica o tempo todo me seguindo. Acredito que faltou interação de Budd com os irmãos e a mãe, e como ele veio muito cedo pra mim, acabou desenvolvendo a ansiedade”, conta a bancária Paula Carvalho, tutora de Budd. 

Segundo a médica veterinária Viviane Abreu, além dos fatores genéticos, a causa do problema está associada à forma como os seres humanos relacionam-se com os animais domésticos.  No caso de Budd, a própria Paula afirma que a inexperiência no manejo com animais domésticos pode ter agravado o quadro. Hoje, Budd é tratado com terapias integrativas – florais e fitoterápicos –, além de enriquecimento ambiental.

Os paparicos e denguinhos que todo tutor gosta de fazer também podem ser uma armadilha nos casos em que os bichinhos estejam propensos a desenvolverem a síndrome. “Ao adquirir um animal não temos o direito de querer transformá-los em pequenos seres humanos, porque contraria a natureza filogenética dessa espécie”, explica o veterinário Zenildo Prazeres dos Santos, especialista em comportamento animal. “As atitudes da gente que agravam o problema são, por exemplo, ceder quando eles estão chorando...”, afirma a arquiteta Raissa Silveira, tutora de Capone. Viviane Abreu alerta, no entanto, que a questão envolve muitos fatores e deixar o animal chorar, por exemplo, pode não ser uma boa estratégia para lidar com o problema.

Mas o fato é que, na verdade, a humanização e o apego excessivo podem trazer sérios danos à saúde mental deles. Este é o caso da SRD Sam, de 1 ano e 7 meses, que chora muito quando está sozinha. “Ela tem tremores, chora, late sem parar, arranha as paredes e o sofá, lambe e morde as patas”, descreve a enfermeira Lilian Brito Silva, 43 anos, que adotou a cachorrinha no auge da pandemia. Na hora em que o trabalho e estudos remotos foram substituídos pelo presencial, e a família precisou deixá-la sozinha em casa, Sam sofreu muito e até hoje apresenta sintomas da ansiedade de separação.

Sintomas

Mas como evitar que o seu cão desenvolva a ansiedade de separação? O estreitamento de laços entre humanos e animais exige que o tutor tenha a clara compreensão de que suas atitudes interferem diretamente no comportamento do animal . O primeiro passo é identificar os sinais, como “vocalização”, uivos, tremores, lambedura de patas e automutilação. 

Atentar para cuidados da ansiedade e buscar estudar o que fazer para viabilizar a transição é o melhor caminho. Com a ajuda de um veterinário, é possível introduzir hábitos como a rotina de passeios mais frequentes, tratamentos com medicamentos e uso de brinquedos.

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