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Escovação periódica previne periodontite, mau hálito e infecção de outros órgãos por bactérias

Publicado domingo, 29 de agosto de 2021 às 06:00 h | Autor: Hilcélia Falcão
Conforme especialista, doença odontológica que mais acomete os animais é o acúmulo de tártaro | Foto: Shirley Stolze | Ag. A TARDE
Conforme especialista, doença odontológica que mais acomete os animais é o acúmulo de tártaro | Foto: Shirley Stolze | Ag. A TARDE -

Levanta a mão aí quem acha um exagero levar um animal de estimação ao dentista. Ou um luxo ver um cãozinho com um aparelho para corrigir a dentição. Se você é um desses, precisa conhecer a história do maltês Froid, 11 meses, cujos dentes permanentes nasceram fora do lugar, “furando o céu da boca”, e atrapalhando a mastigação.

“Os dentes permanentes começaram a nascer sem que os de leite tivessem caído e isso gerou muito problema”, conta a tutora de Froid, a administradora Cláudia Batista Rodrigues, 51 anos, que recorreu ao médico veterinário Marcos Jesuíno Lima Nogueira, 43 anos, para resolver o problema. Segundo Nogueira, o maltês tinha má oclusão dentária. “Os dentes nasceram em um local que dificultava a alimentação”, explica. O tratamento foi feito com cirurgia e colocação de um aparelho ortodôntico, que custa em torno de R$ 5 mil, para corrigir a posição dos dentes.

O caso de Froid é bem específico e não muito comum, mas o que a maioria dos tutores ignora é que negligenciar a saúde bucal do bichinho pode trazer problemas mais graves na terceira idade. Foi o que aconteceu com Big, um poodle de 19 anos, que chegou ao consultório com um abscesso na face. “Ele apresentava tremores, inchaço no rostinho; tive risco de perdê-lo por ignorância a respeito das questões odontológicas”, conta a tutora dele, a musicoterapeuta Gislane Guimarães Alves, 47 anos.

Além do custo elevado, em torno de R$ 2500, o tratamento de Big o expôs ao risco de uma cirurgia com anestesia geral num momento da vida em que a saúde do animal fica mais frágil. Isto porque ele perdeu 11 dentes, que tiveram que ser extraídos para não gerar problemas mais sérios. E ainda teve que passar por um procedimento de retirada do tártaro.

Sem cuidado

Mas o que levou Big a desenvolver este quadro? Uma combinação de fatores, a maioria provocada pela falta de cuidados diários com a escovação, 0 que acontece com a maior parte dos pets. “80% do meu trabalho é resolver problemas com acúmulo de tártaro”, conta Marcos. Além da tartarectomia, foi necessário realizar várias extrações pois ele já apresentava uma doença periodontal em estágio grave.

O maior risco, nestes casos em que o animal já está com a enfermidade bucal, é as bactérias atingirem outros órgãos, como rins, fígado e coração. Outro problema que ocorre é a perda óssea decorrente da gengivite, causa também da perda dos dentes, como acontece com muitos animais domésticos na terceira idade. O pet que não tem saúde bucal apresenta também sangramento na gengiva e dificuldade para se alimentar. Daí a importância do cuidado precoce que evite o sofrimento na velhice.

O hábito de escovação tem que começar cedo

Desistir da escovação é praticamente a regra entre tutores que não souberam como acostumar o animalzinho com o hábito desde cedo. A dica do veterinário Marcos Jesuíno Lima Nogueira é começar brincando. E associar o momento a algo prazeroso, recompensando o bichinho com um petisco. Mas sem exagerar para não sujar os dentes depois da “batalha” para limpar.

“A primeira coisa é acostumar o animal a mexer na boca, com movimentos leves, quando ele ainda é filhote”, explica o médico veterinário Marcos Jesuíno Lima Nogueira, especializado em atendimento odontológico. Aos poucos, com o passar do tempo, o tutor deve partir para a escovação propriamente dita, avançando na higienização à proporção que a dentição for se completando, o que acontece por volta dos 8 meses.

Mas se o tempo passou e o hábito nunca existiu, o melhor é recorrer a um especialista para verificar a saúde bucal do bichinho. “Se já acumulou tártaro, tem que partir para o tratamento periodontal, que é feito com o animal anestesiado”, explica Nogueira. O procedimento, que custa entre R$ 800 e R$ 2 mil, é feito com um equipamento que vibra e destrói o cálculo. O ganho é evitar que as bactérias presentes na boca, no caso de doença periodontal, não cause danos irreversíveis à saúde. Isto porque elas costumam colonizar órgãos vitais e até subtrair anos de vida do animal de estimação.

DR. PET

O que devo fazer para evitar que o meu animal de estimação tenha doenças periodontais?

O primeiro passo é, por um lado, acostumar o animal com o toque humano na boca, por outro, iniciar a escovação diária desde cedo. Os problemas mais comuns são decorrentes do fato de o tutor não criar o hábito.

Qual a doença odontológica mais comum em cães e gatos?

A enfermidade que mais acomete os animais é o acúmulo de tártaro, que só pode ser removido por um profissional de veterinária, em procedimento que exige sedação.

Como fazer para o meu animalzinho se acostumar com a escovação?

Uma dica é associar o momento da higiene bucal dos animais a algo positivo, dar um petisco, por exemplo. Mas até 8 meses, é brincar mesmo, deixar que o animal se acostume ao toque na região bucal.

Em que momento começar?

Uma vez formado o hábito, começar pelos dentes da frente. Depois, usar a escova em todos os 42 dentes até completar a higienização.

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