CÊNICAS
Festival Dança em Trânsito começa hoje com oficinas e espetáculos
Para Salvador estão previstos artistas vindos de países como Itália, Coreia do Sul, Canadá e França
Por Gláucia Campos*
Salvador é palco de um dos maiores e mais abrangentes festivais internacionais de dança contemporânea do País, o Dança em Trânsito.
O evento tem início hoje, com atividades até a próxima quarta-feira, trazendo à capital baiana uma programação diversificada, com nove performances e espetáculos de companhias de dança brasileiras e internacionais.
O festival também vai promover a residência artística Conversa com o Movimento, dirigida pela renomada coreógrafa Márcia Milhazes entre hoje e terça-feira, na Escola de Dança da Ufba, em Ondina, das 10h às 12h30.
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Nos dois últimos dias do festival, a esplanada em frente à Sala do Coro do TCA, o foyer da Sala do Coro e a própria Sala do Coro serão os palcos dos espetáculos e da apresentação dos resultados da residência artística.
Para Flávia Tápias, coreógrafa e bailarina que faz parte da curadoria e direção artística do festival, a residência é uma forma de estabelecer uma relação de troca com o público e convidá-lo a também ser parte do evento. Ao pensar em um nome para ministrar, o de Márcia Milhazes foi cotado devido a sua trajetória e importância na dança contemporânea.
“Nós somos super fãs da Márcia e de toda a sua trajetória, ela é uma coreógrafa que não abre muito para fazer residências compartilhadas, ela trabalha muito com um elenco fixo. A gente tinha muita vontade de vê-la trabalhando com outros corpos, então quando fizemos o convite e ela aceitou, foi super interessante, ficamos muito felizes”, conta.
“Teve realmente uma procura muito grande para a residência dela, porque ela tem um trabalho de excelência e eu acho que essa residência de criação para profissionais acaba sendo um intercâmbio. quem sabe ela não descobre um outro bailarino aí no meio”, sugere Flavia.
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A dança de cada um
O festival Dança em Trânsito surgiu no Rio de Janeiro há 22 anos, numa versão bem menor que a atual, e aos poucos o evento foi ganhando as proporções que possui hoje.
Neste ano de 2024, foi iniciada uma itinerância que vai passar por 33 cidades brasileiras, se estendendo até 1º de outubro. Nesta edição, 31 companhias e artistas do Brasil e de diversos países vão participar.
“Essa ideia de levar a dança para o espaço exterior foi da Giselle Tápias, ela foi convidada por uma rede chamada ‘Cidades que dançam’ que acontece na Espanha e são mais de 60 cidades no mundo. Ela se encantou com o festival e com tudo, esse lugar de retirar a dança do espaço convencional e colocar na rua, ela começou a se mover para criar um festival. Eu tô desde a primeira edição com ela também”, relembrou Flávia Tápias.
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O processo de curadoria para decidir as atrações do festival é feito através de um chamamento público, em que os artistas e companhias submetem seus trabalhos a avaliação do comitê curatorial, que faz a seleção. O processo costuma ser repetido a cada circuito, para garantir a rotatividade do evento e por questão de agenda dos artistas participantes, já que nem todos conseguiriam circular pelas 33 cidades.
Esse caráter viajante do Dança em Trânsito é o maior diferencial do evento para a coreógrafa. Segundo Flávia, a itinerância permite levar a dança para locais fora dos grandes centros urbanos, em que não é tão comum encontrar espetáculos do tipo, além disso permite uma troca de conhecimentos entre companhias.
“Tenho carinho tanto pelo primeiro ano [do Festival] como pelo último. Acho que o mais importante, que é mais memorável em todas as edições, são os encontros e as trocas que são feitas dentro do evento, não só entre as companhias profissionais, mas com os grupos locais. As portas que se abrem e o jeito com que a dança chega em alguns lugares de difícil acesso, onde as pessoas não tinham muito interesse em dança, e aí começam a ter e a se abrir para essa arte e a serem afetadas por ela”.
Assim como ela, Luciana Ponso, produtora do Dança em Trânsito, vê nesses deslocamentos uma possibilidade de criar ligações com diferentes públicos e difundir a dança contemporânea.
“O fato da dança estar nas praças, ruas e nesse encontro direto com o público traz uma um elo direto muito forte com a audiência. A dança contemporânea dialoga com diversas linguagens, e essa linguagem é fascinante pro público, porque é uma surpresa. A dança contemporânea, fala da dança de cada um, então chega de uma maneira muito efetiva no público”, disse.
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Os palcos soteropolitanos
Para Salvador estão previstos nove espetáculos, juntamente com a residência de Marcia Milhazes, com artistas vindos de países como Itália, Coreia do Sul, Canadá e França.
No primeiro dia, 6, entrarão em cena as coreografias Rotas Afora, de Flávia Tápias, desenvolvido numa residência em parceria criativa com intérpretes brasileiros e artistas convidados de Busan (Coreia do Sul) e Fantasmas com o Grupo Tápias, entre outros.
Já no segundo dia, 7, haverá as apresentações do resultado da residência de Marcia Milhazes, juntamente com outras três performances artísticas.
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Luciana Ponso pontuou que ela, assim como toda a equipe, estão com boas expectativas e esperam uma recepção acolhedora do público em Salvador. “Quando a gente traz uma companhia de fora ou umas companhias nacionais, elas circulam por pelo menos algumas cidades, e Salvador é uma praça super receptiva com o movimento cultural. O público é muito caloroso e cativante, então a gente fez questão de colocar nessa programação o resultado da residência lá na Coreia. Então vai ter seis bailarinos coreanos, mais seis brasileiros, mostrando o resultado desse intercâmbio. Foi muito significativo pra gente, e nasceu dali uma coreografia super especial, e isso vai estar em Salvador também”, comentou.
“A partir da troca com a cultura local, há uma forma de pensar de cada um dos artistas. A gente espera que isso seja cada vez mais profundo e que o público compareça”, acrescentou a produtora.
‘Festival DANÇA EM TRÂNSITO - 22ª edição’ / de hoje a quarta-feira (7/08) / Programação completa e inscrições para oficinas: www.dancaemtransito.com.br
*Sob a supervisão do editor Chico Castro Jr.
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