HISTÓRICO
Margareth exalta potência feminina no fim da Conferência de Cultura
Ministra frisou dificuldades históricas enfrentadas por mulheres para acessar e ocupar espaços
Após cinco dias de debates, trocas de conhecimentos e ideias e construções de políticas públicas que nortearão o setor cultural do Brasil, a 4ª Conferência Nacional de Cultura chegou ao fim nesta sexta-feira, 8, com a votação e aprovação dos textos apresentados pelos eixos temáticos.
Nesta edição, foram debatidos seis eixos temáticos importantes para democratização e inclusão no setor:
Institucionalização, Marcos Legais e Sistema Nacional de Cultura (Eixo 1); Democratização do acesso à cultura e Participação Social (Eixo 2); Identidade, Patrimônio e Memória (Eixo 3); Diversidade Cultural e Transversalidades de Gênero, Raça e Acessibilidade na Política Cultural (Eixo 4); Economia Criativa, Trabalho, Renda e Sustentabilidade (Eixo 5); e Direito às Artes e Linguagens Digitais (Eixo 6).
Após a plenária, que leu e analisou os conjuntos de propostas, e marcou também o encerramento da Conferência, o secretário executivo do Ministério da Cultura, Márcio Tavares conversou com o Portal A Tarde e explicou que a plenária final é fruto do conjunto de discussões feitas pelos delegados da sociedade civil.
"A avaliação é muito positiva. Nós tivemos reuniões dissetoriais, ou seja, de cada uma das áreas da cultura, depois reunião dos eixos estruturantes da conferência, que se reuniram, trouxeram propostas para essa plenária final, que foram apreciadas, avaliadas, e também as moções, que são construídas pelos delegados que foram eleitos para a conferência e que foram avaliadas, aprovadas pelo público", explicou ele.
Tavares explica que essas propostas servirão de subsídio para a formatação do novo Plano Nacional de Cultura.
"É um processo que a gente já abre na sequência da finalização da conferência e vai até o começo do próximo semestre, quando isso se materializa em uma proposta de lei a ser enviada para o Congresso Nacional", disse o secretário.
Neste Peojeto de Lei deve conter as diretrizes do plano, além de metas e indicadores para avaliação e acompanhamento da sociedade do andamento do mesmo, com o objetivo de ter uma qualificação constante das políticas culturais brasileiras.
Presidenta do Conselho Municipal de Políticas Culturais De Salvador e coordenadora da Renafro de Lauro de Freitas e do Conselho Intereligioso da Bahia, Iyà Márcia D'Ogun contou que se emocionou ao participar do evento, principalmente por ser a primeira mulher a ocupar a presidência do Conselho.
"Além de mulher, sou preta e candomblessista, eu venho porque consegui me eleger delegada numa conferência temática de patrimônio. No Conselho, eu represento o segmento patrimônio material e imaterial", conta ela, que afirmou sair da Conferência satisfeita com as propostas aprovadas não somente com seu eixo, o 3, mas também com todos os outros.
"São propostas verdadeiras, que a gente construiu com o interesse realmente de fazer o fortalecimento da cultura. A cultura está fortalecida. É como esses dias todos as pessoas gritavam um jargão 'Oh, a cultura voltou!'. E voltou, realmente".
"Enquanto candomblesista, uma religiosa de matriz africana, que tenho consciência que a minha religião não é só religião, é modo de vida, é legado cultural que nós herdamos dos nossos ancestrais que foram arrancados da África e trazidos para cá na condição de escravizados, saio daqui contemplada, sabendo que, em todas as propostas que foram apresentadas aqui, e que foram aclamadas, todos os segmentos estão representados", contou.
Ao final do dia, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, reuniu diversas mulheres envolvidas na Conferência no Palco da Diversidade do Centro de Convenções Ulysses Guimarães e afirmou que o encerramento da Conferência neste dia da Mulher é simbólico, pois a cultura tem alma feminina.
Ela pontuou que este é um dia para celebrar conquistas, lutas e fazer reflexões sobre as vitórias e histórias das mulheres.
"Ser mulher não é fácil, ser mulher negra não é fácil, estar em lugares de representatividade não é fácil, chegar em lugares de poder também não. A gente sabe a história que nós enfrentamos aqui com o feminicídio, com a falta de oportunidade, falta de respeito", celebrou a ministra.
Por fim, ela frisou que o encerramento da Conferência em um 8 de março é histórico.
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