INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
Santas Casas apostam em IAs para aperfeiçoar serviços de saúde
Inteligência Artificial foi tema do VI Fórum de Saúde e Benchmarking Bahia e Ceará, que acontece em Salvador
Por Gabriela Araújo
Com o avanço da tecnologia, as entidades filantrópicas e as Santas Casas de Misericórdia enfrentam o desafio de implantar a Inteligência Artificial (IA) no desenvolvimento das atividades de saúde.
Pensando nisso, a federação que trata sobre as unidades iniciou nesta quinta-feira, 10, o VI Fórum de Saúde e Benchmarking Bahia e Ceará (FESFBA), no auditório do Fiesta Hotel, localizado no bairro do Itaigara, em Salvador. O evento segue até sexta, 11.
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O presidente da Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB), Mirócles Verás, diz acreditar que as IAs vêm favorecendo o desempenho das entidades, resultando em uma queda de custos do funcionamento do setor.
“AInteligência Artificial já está beneficiando em diagnóstico, está beneficiando as nossas entidades e as santas casas no nosso processo de gestão, e com isso diminuir os custos das nossas entidades já que somos sub financiados pelos recursos dos SUS (Sistema Único de Saúde)”, disse ao Portal A TARDE.
A presidente da FESFBA, Dora Nunes, contudo, se refere ao assunto como “futuro” para todas as áreas e defende a ligação da tecnologia com os tratamentos de saúde.
“Nas instituições de saúde, ela [a IA] já existe e precisa ser utilizada. Claro, que às vezes, a gente se pergunta ‘como posso fazer um atendimento?’ ou ‘como posso receber um laudo de exame ou consulta através da IA?’. Nós precisamos enxergar a inteligência artificial como o recurso para aprimorar os processos e ter respostas mais assertivas”, afirmou a dirigente.
Antes da abertura oficial, os profissionais de saúde filantrópicos se debruçaram nas discussões sobre o uso da IA aplicados à gestão dos recursos, assim como as apresentações de 41 cases de sucesso sobre o tema.
Foi acompanhando as palestras que o presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes (Fehosp), Edson Rogatti, afirmou que “levará todos os projetos apresentados ao meu estado, pois quem ganha com isso são os usuários do SUS”.
Enquanto o presidente da Federação das Misericórdias do Ceará (FEMICE), Vinícius Linhares, voltou a falar sobre o uso das IAs nas entidades. Segundo ele, o setor está ultrapassado em relação a implantação da tecnologia.
“A Inteligência Artificial é um tema novo, mas que a gente já está atrasado, no caso das entidades filantrópicas. Agora que a gente está conseguindo colocar a informática para funcionar. Uma entidade nossa que é de Sobral lançou agora uma sistema que é voltado a IA para minimizar os processos”, declarou.
Dificuldades
Para além da implantação das IAs, as entidades filantrópicas, que recebem repasse do SUS, se queixam que uma das maiores dificuldades para a manutenção da unidade está relacionada ao subfinanciamento. Em conversa com o Portal A TARDE, Verás falou sobre os pequenos repasses que são feitos por meio do SUS.
“O subfinanciamento não é um discurso antigo. Hoje, já reconhecido pelo Poder público Legislativo, Executivo e Judiciário, já que tem tantas ações judiciais em prol das nossas Santas Casas. Hoje, o financiamento do SUS não é único e existe uma defasagem muito grande na tabela do SUS e existem alguns estados que financiam e tem uma tabela própria, a exemplo de São Paulo, a Bahia e o Ceará ainda não tem”, contou.
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Nos estados, a responsabilidade de repassar o dinheiro depositado pela União às entidades é do governo estadual. Com isso, a presidente da FESFBA, Dora Nunes, citou a necessidade de um financiamento tripartite para um bom funcionamento dessas unidades.
“Essas instituições hoje são responsáveis por mais de 70% do atendimento SUS dada a população brasileira na alta complexidade e por mais de 50% na média complexidade. Então, é um setor que merece o cuidado e o zelo do Poder Público, pois ela é a maior rede hospitalar. [...]. Então, como parceiros os governos federal, estadual e municipal, precisam de fato seguir o que manda a Constituição e precisa ser financiada de forma tripartite”, comentou.
Nesse sentido, o deputado Antonio Brito (PSD), que preside a Frente Parlamentar de Apoio às Santas Casas, Hospitais e Entidades Filantrópicas, na Câmara Federal, apresentou um projeto de lei que criou um reajuste anual a ser repassado as unidades. A medida foi sancionada pelo presidente Lula (PT), em janeiro deste ano.
“Eu acho que o maior problema que a gente começa agora a encontrar uma solução é a questão do financiamento. Com o projeto de nossa autoria, que permitiu que anualmente, as santas casas tenham um reajuste pelo IPCA em seus contratos com governo e prefeituras. Então, a gente começa a ter uma luz no fim do túnel para os próximos anos”, explicou.
Veja
Projetos de lei
Além deste, Brito também apresentou uma proposta na casa legislativa que cria conta-corrente específica para repasses federais e de emendas parlamentares para pagamento de prestadores privados na saúde. A matéria foi aprovada em agosto deste ano e encaminhada para análise dos senadores.
Com a mudança, prestadores privados desses serviços, inclusive, mas não só, aquelas sem fins lucrativos, como as Santas Casas, poderão receber diretamente os recursos de transferências regulares, automáticas e obrigatórias (“emendas Pix”) sem a necessidade de passarem antes pela prefeitura ou governo estadual da localidade.
Enquanto o deputado federal Zé Neto (PT), que foi derrotado nas urnas de Feira de Santana no último domingo, 6, afirmou ao Portal A TARDE que é um "grande entusiasta da filantropia".
"Em Feira, eu fiz uma parceria importante com a Santa Casa da Misericórdia e o Hospital Dom Pedro de Alcântara, eu investi quase R$ 20 milhões com que a gente vai colocar até o fim do ano de emenda nossa. [...]. A filantropia é muito importante para o atendimento do SUS no país.
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