PROJEÇÃO
Sucessão de Bolsonaro: Tarcísio, Zema e Caiado disputam liderança da direita
Anistia e pautas do ex-presidente são apostas dos pré-candidatos

Por Cássio Moreira

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi condenado pela Primeira Turma do Supremo Tribunal (STF), na última semana, por sua participação na trama golpista que culminou no 8 de janeiro de 2023. Inelegível pela Justiça Eleitoral e enquadrado na Lei da Ficha Limpa, o ex-chefe do Planalto assiste nomes de direita e centro-direita em uma 'guerra fria' por sua herança política.
Na ausência de Bolsonaro, três governadores aliados do ex-presidente aparecem como opções para representar o campo político da direita na eleição presidencial do próximo ano: Ronaldo Caiado (União Brasil), governador de Goiás; Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais; e Tarcísio de Freitas (Republicanos), que governa São Paulo. Os dois primeiros, no entanto, já oficializaram suas pré-candidaturas ao Planalto.
Governador de Goiás no segundo mandato, Ronaldo Caiado tem feito acenos a Bolsonaro e críticas à condução do processo tocado pelo STF. Em julho deste ano, o gestor, que foi candidato a presidente da República em 1989, se posicionou contra o Supremo, após a operação que resultou na aplicação de medidas cautelares ao líder político.
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"Não se impõe isso a quem não foi julgado, não é condenado, e que até então tem o direito de fazer sua defesa, tem a liberdade de poder opinar em qualquer lugar. Não se pode cercear o direito à fala de ninguém que não está condenado", afirmou Caiado na ocasião.
Apesar dos recentes afagos, Caiado e Bolsonaro chegaram a romper relações durante a pandemia da Covid-19, se reaproximando no segundo turno das eleições de 2022. Em 2024, os dois estiveram novamente em campos opostos, polarizando a disputa pela prefeitura de Goiânia, situação apaziguada após após o resultado do pleito.
Também pré-candidato ao Planalto, Romeu Zema (Novo) tem abraçado com menos pudor toda a agenda bolsonarista.
Em recentes entrevistas, o político e empresário mineiro tem feito duras críticas ao Supremo, às políticas sociais das gestões petistas, e tem buscado minimizar episódios controversos da história brasileira, como a ditadura militar.
Na avaliação do cientista político Cláudio André de Souza, colunista do Grupo A TARDE, Zema e Tarcísio despontam como nomes mais fortes na disputa pela herança política de Bolsonaro nas urnas, uma vez que administram os dois maiores domicílios eleitorais do país, fortes polos econômicos.
Hoje, entre os governadores que se movimentam para 2026 no campo da direita e centro-direita, os dois nomes mais fortes são o de Tarcísio de Freitas, em São Paulo, e o de Romeu Zema, em Minas. Ambos governam estados com economias gigantescas que dão visibilidade nacional, além de serem colégios eleitorais que influenciam as eleições presidenciais
Tarcísio de Freitas
Governador de São Paulo no primeiro mandato e ex-ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas (Republicanos) tem sido apontado como o principal nomes para concorrer ao Planalto na ausência de Bolsonaro. Segundo apurações recentes feitas pelo Portal A TARDE, o gestor deve ser o 'ungido' do ex-presidente, caso sua inelegibilidade não seja revertida, assim como sua condenação.
Tarcísio tem adotado uma postura discreta diante das especulações, mas nas últimas semanas tem ensaiado uma guinada para o discurso mais próximo ao do seu padrinho político, com críticas ao STF, mirando o ministro Alexandre de Moraes.
Tarcísio também tem defendido anistia ao ex-presidente e aos envolvidos no ataque do dia 8 de janeiro de 2023. "Se a gente está aqui hoje defendendo a anistia, essa anistia tem que ser ampla", defendeu Tarcísio durante participação em uma manifestação de apoio a Bolsonaro.
"Tarcísio carrega a marca de ter sido lançado por Bolsonaro, o que o mantém próximo da base bolsonarista, mas ao mesmo tempo o obriga a mostrar autonomia para não ser apenas um ‘poste’ do ex-presidente. Já Zema, tenta se apresentar como gestor liberal e discreto, mas esbarra na dificuldade de projetar liderança fora de Minas e de se conectar com o eleitorado popular", explicou Cláudio André, ao analisar os perfis dos dois pré-candidatos bolsonaristas.
"Sem dúvida, o maior desafio para Tarcísio será agregar força social e política para além da base bolsonarista, o que passa pela construção da sua imagem como uma nova liderança relativamente autônoma à família Bolsonaro", pontuou o cientista político.
Eleições 2026
Faltando pouco mais de um ano para as eleições de 2026, nomes de diversos campos políticos começam a articular alianças e candidaturas ao Planalto.
Visto como candidato natural à reeleição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já sinalizou que deve tentar o quarto mandato.
Veja os possíveis candidatos à presidência:
- Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
- Tarcísio de Freitas (Republicanos)
- Michelle Bolsonaro (PL)
- Eduardo Bolsonaro (PL)
- Romeu Zema (Novo)
- Ratinho Jr. (PSD)
- Eduardo Leite (PSD)
- Ronaldo Caiado (União Brasil)
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