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Repórter acusa mascote do Inter de importunação sexual

Gisele Kümpel afirma ter sido beijada e abraçada sem consentimento

Publicado segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024 às 13:50 h | Atualizado em 26/02/2024, 13:58 | Autor: Da Redação
Mascote do Internacional
Mascote do Internacional -

Após a vitória do Internacional sobre o Grêmio no clássico Gre-Nal 441, um caso polêmico fora dos gramados acabou ofuscando a boa partida realizada entre os rivais gaúchos neste domingo, 25. Uma repórter relatou ter sido vítima de importunação sexual por parte do mascote colorado.

De acordo com Gisele Kümpel, do canal gremista 'Monumental', no YouTube, o saci mascote a beijou sem consentimento depois do terceiro gol do Inter, já nos acréscimos do jogo. Ela registrou Boletim de Ocorrência (B.O) nas dependências do estádio Beira-Rio, palco do duelo.

Em conversa com o portal UOL. Gisele diz ter recebido um abraço e um beijo no rosto contra a sua vontade por parte do mascote. Além do B.O registrado, ela alega que vai entrar com uma medida protetiva diante do Saci.

"Eu estava ali atrás do gol onde ficou a torcida do Grêmio. Acho que no primeiro tempo, o mascote nem estava do meu lado, mas no segundo tempo ficou onde a gente estava. Ele ficou perto de mim porque eu estava bem perto do gol. Ele sempre fica ali atrás, às vezes caminha, dança, enfim, mas ele estava bem perto de mim. Em um determinado momento, eu estava com meu celular na mão. Eu uso um microfone do canal que trabalho que tem o logo do canal — que é azul, preto e branco, cores do Grêmio. Estava tranquila e sem fazer qualquer tipo de manifestação porque somos bem orientados", iniciou.

Segundo a repórter, o mascote do Internacional já apresentava um comportamento inadequado antes do estopim da situação. Ela diz que o Saci chegou a tentar ver o que ela estava fazendo em seu celular, mas que estava preocupada apenas em trabalhar na cobertura do clássico.

"Em um primeiro momento, no meio do jogo, ele colocou a cabeça dele do lado da minha e ficou encostando para olhar meu celular e ver o que eu estava vendo. Eu estava sentada. Eu olhei para ele com a cara séria e ele saiu. Fiquei na minha. Depois, ele estava toda hora querendo chamar minha atenção de alguma forma. Teve uma hora que olhei para ele e ele fez gestos de colocar a mão no bolso, de deslizar com a mão no ar... eu não entendia, até porque nem estava concentrada nele, mas sim preocupada com o jogo. Eu não entendi. Nem sorri ou perguntei o que era, só ignorei", continuou Gisele.

Ela contou que já havia avisado a um colega de trabalho sobre o incômodo com o mascote, quando saiu o gol da vitória do Colorado e ele não foi comemorar com os torcedores do time mandante, mas sim abordá-la.

"Fiz um comentário com um colega que estava do meu lado. Falei: 'meu Deus, o mascote está me tirando do sério'. Neste momento, foi pênalti para o Inter. Quando houve isso, me deu um estalo para ficar longe. Até então, não tinha me incomodado a ponto de fazer um boletim de ocorrência, ele 'só' estava me importunando. Fui uns três metros para o lado esquerdo, na direção de outros repórteres. Fiquei a uns três metros de distância do mascote. Quando sai um gol do Inter, geralmente ele comemora com a torcida dele, mas ele não foi, ele começou a comemorar perto de mim. Quando ele viu que não olhei para ele — porque estava olhando para o campo e, portanto, de lado para ele —, ele simplesmente me abraçou".

Foi aí que ele cometeu o ato de importunação e beijou Gisele Kümpel no rosto, sem o consentimento da mesma. Ela disse que sentiu uma crise de ansiedade e ficou "em transe".

"A máscara dele, me parece, não é aquela que vai até o peito. A sensação que tive foi que ele deu uma levantadinha nela, mas não a ponto de eu conseguir enxergar, até porque foi muito rápido. Senti que deu uma levantadinha. Com uma mão, ele me abraçou por trás, e na outra eu senti o rosto, o suor dele e o estalo do beijo. Foi no rosto, não foi na boca, mas ele ficou alguns segundos abraçado como se eu pudesse dar tal liberdade. Eu fiquei séria e ele viu que não gostei. Eu entrei em um transe: 'o que está acontecendo? O que é isso?'. Quando me dei conta que ele invadiu minha privacidade, comecei a tremer, começou a me dar crise de ansiedade", detalhou.

"Comecei a respirar e deu uma confusão com os jogadores — até perto de onde a gente estava. Caminhei um pouco para frente, já tinha desconectado da rádio que trabalho — nem consegui avisar eles. Só consegui pensar em mandar mensagem para a associação dos cronistas daqui. Falei: 'O que faço? Acabei de ter uma importunação sexual, um abraço e beijo sem consentimento'. Eles me orientaram. Pensei: 'vou levar esse cara junto pelo flagrante'. Aí, ele sumiu. Ele saiu antes de terminar o jogo", completou Kümpel.

Boletim de Ocorrência

O Boletim de Ocorrência registrado por Gisele Kümpel consta que ela alega ter sido "abraçada e beijada à força" pelo mascote logo após o terceiro gol do Internacional. "Fui registrar o BO, .e a delegada disse que isso é importunação. Vou entrar com representação e medida protetiva na delegacia da mulher", disse ela.

Inter se pronuncia

O Internacional se pronunciou e garantiu que irá contribuir com qualquer tipo de investigação em relação ao caso. Também foi mencionado pelo clube outro problema na partida, que foram ocorrências de cadeiras do estádio arremessadas em torcedores.

"Sobre os fatos registrados no Juizado do Torcedor e Posto da Polícia Civil do Beira-Rio após o clássico deste domingo, o Internacional informa que, como habitual, disponibilizará imagens do seu circuito de monitoramento para a elucidação dos casos. Tanto as ocorrências de arremessos de cadeiras oriundas da torcida visitante, que atingiram torcedores do Internacional, quanto a denúncia registrada por profissional da imprensa serão acompanhadas pelo Clube para a adoção das medidas cabíveis."

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