Editorial - Orquestra sem maestro
A regência de uma orquestra, por melhores os músicos, não seria capaz de produzir harmonia, no caso de maestro inábil, na mesma proporção de um ministério incapaz de ditar o ritmo da vacinação de crianças nos municípios, como ocorre na Bahia e outros estados.
O ruído fica demonstrado na ausência de doses para dar conta da missão, prova cabal da falta de uma boa batuta, como vem sendo verificado desde o início da pandemia, antes mesmo de assumir a chefia o general dito especialista em logística.
Permanece a aporia – questão eternamente em aberto – se a causa eficiente da desafinação é o despreparo por incompetência ou trata-se de intencionalidade em perturbar o andamento da campanha de imunização.
Certa é a necessidade de pressionar a esfera federal, tantos órgãos da sociedade civil quantos possam se dispor, a fim de clamar pela retomada da produção.
A direção do Instituto Butantan, sediado em São Paulo, admite não contar com estoque para vacinar toda a prole na faixa etária de 3 e 4 anos, além de precisar enfrentar a burocracia de um memorando ou instrumento equivalente.
Somente com a formalização do contingente infantil no programa nacional seria dado andamento à fabricação, envase e distribuição, sugerindo interpretar como acinte a vagareza de autoridades responsáveis pela vida e morte da nova geração.
Das 417 cidades baianas, apenas Salvador, Camaçari e Juazeiro começaram o trabalho de imunização desse público, registrando-se a lacuna deixada por faltosos, ao aproveitar-se sobras do medicamento.
O atendimento a quem passou de 5 anos já vinha ocorrendo no país, por meio da fabricante Pfizer, enquanto os de 6 a 11 vinham utilizando-se da Coronovac, a mesma agora autorizada para os menores desta longa fila.
Poderia o governo ter assumido seu papel, admitindo previsível a ampliação do público por parte da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), gerando agora o desconforto da indefinição devido à insuficiência de lotes.