PROPAGANDA ENGANOSA
Golpe do crédito fácil: empresas viram alvo do MP na Bahia
Órgão investiga dez empresas acusadas de enganar clientes

Por Andrêzza Moura

O sonho de comprar a casa própria, o carro novo ou sair das dívidas virou um pesadelo para muitos consumidores na Bahia. Empresas do setor financeiro prometiam financiamentos rápidos e cartas de crédito já aprovadas, mas tudo não passava de um esquema para enganar os clientes, que agora está sendo desfeito pela Justiça.
Nesta quarta-feira, 5, o Ministério Público da Bahia (MPBA) anunciou ter entrado com ações judiciais contra dez empresas acusadas de enganar clientes, trocar financiamentos por consórcios e impor contratos abusivos. Elas usavam grandes plataformas de anúncios online para alcançar .
Segundo a promotora de Justiça Joseane Suzart, responsável pelas ações, as empresas envolvidas prometiam soluções financeiras milagrosas, mas entregavam o oposto. Ao invés de crédito imediato, os consumidores descobriam, muitas vezes tarde demais, que haviam assinado contratos de consórcio, sem qualquer garantia de contemplação.
Entre os alvos das ações estão JMR Conglomerado de Negócios Ltda. (Grupo Select) e Coimex Administradora de Consórcios S.A. (MYCON), acusadas de mascarar consórcios como financiamentos e de não informar de forma clara o tipo de contrato firmado. O MPBA pediu a suspensão das atividades da JMR, a devolução em dobro dos valores pagos e a correção dos contratos da Coimex conforme as normas do Banco Central.
A AS Consultoria Ltda., também ligada à Coimex e à plataforma Viva Real, foi acionada por empurrar contratos cheios de cláusulas abusivas e por usar mensagens de marketing agressivas que desrespeitavam a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Rede de falsas promessas
O mesmo esquema teria sido replicado por outras empresas, como a Infinitcon Ltda., que contava com apoio da Coimex e do ZAP Imóveis para alcançar potenciais vítimas. O MPBA solicitou também o bloqueio de bens da Infinitcon e de seus sócios, além da suspensão das atividades da empresa.

A lista de investigadas é extensa: CN Soluções, Consil Brasil Investimentos (Consil), Souza Neto Soluções (GR Soluções), Newcred Consultoria, Otimiza Consórcios, CNP Consórcios, Disal Administradora de Consórcios, DF Agenciador de Negócios e Consórcios e DL Finanças também foram acionadas por enganar consumidores com a ilusão de crédito fácil e imediato.
Plataformas na mira
Uma das ações do MPBA mira a Bom Negócio Atividades de Internet Ltda., responsável pelas plataformas OLX, ZAP Imóveis e Viva Real. Segundo as investigações do órgão, a empresa não adota protocolos eficazes de verificação de anúncios e permite a repetição de conteúdos fraudulentos, funcionando, na prática, como um canal para golpes.
A promotoria pede que as plataformas assumam responsabilidade pelos anúncios publicados, verifiquem a idoneidade dos anunciantes e adotem mecanismos de segurança mais rigorosos para evitar que consumidores continuem sendo enganados.
Operação Falso Consórcio
No mês de maio a Polícia Civil, por meio da Delegacia de Defesa do Consumidor (Decon) e do Departamento Especializado de Investigações Criminais (Deic), realizou a segunda fase da Operação Falso Consórcio, que desarticulou um grupo criminoso especializado em fraudes relacionadas à venda de imóveis.

Na ocasiaão, seis empresas foram autuadas e 12 pessoas foram presas em flagrante por crimes como estelionato, propaganda enganosa, exercício ilegal da profissão de corretor de imóveis, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Durante a operação, os agentes apreenderam celulares, notebooks, máquinas de cartão e diversos documentos utilizados na aplicação dos golpes. A investigação revelou que os criminosos utilizavam empresas falsas e documentos inexistentes para enganar compradores interessados em adquirir casas e apartamentos.
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A ação faz parte de um esforço contínuo da polícia para coibir fraudes no setor imobiliário. As autoridades informaram que houve diversas vítimas envolvidas nos golpes, e o trabalho de investigação segue em andamento para responsabilizar todos os envolvidos e recuperar valores indevidamente obtidos.
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