NOVO MODAL
“Faltam detalhes” para acordo por vagões do Mato Grosso, diz Florence
Negociação com matogrossenses está “muito próxima de ser concretizada”, segundo secretário
Por Lula Bonfim
A negociação do governo da Bahia para adquirir 280 vagões semi-novos do VLT do Mato Grosso está perto do fim. De acordo com o secretário estadual da Casa Civil, Afonso Florence (PT), apenas detalhes separam as duas gestões de assinarem um contrato de compra e venda para os trens, que devem ser utilizados no futuro VLT de Salvador.
As conversas começaram em agosto de 2023, no âmbito de um grupo de trabalho do Tribunal de Contas da União (TCU). O governo do Mato Grosso adquiriu os trens em 2012, por R$ 497 milhões, visando utilizá-los no VLT Cuiabá-Várzea Grande. As obras, porém, não andaram e os equipamentos nunca foram utilizados. Devido a isso, a gestão matogrossense visa agora uma destinação para os vagões.
A Bahia, por outro lado, deseja comprar equipamentos para rodar no futuro VLT de Salvador, que tem previsão para começar a funcionar em 2027. A ideia do governo estadual é comprar vagões por um baixo preço e que cheguem à capital baiana sem muita burocracia.
Em estudo contratado pelo governo de Jerônimo Rodrigues (PT) e revelado pelo Portal A TARDE, a CCR Metrô Bahia aprovou o equipamento comprado pelo Mato Grosso e afirmou que ele possui condições de operacionalização no VLT de Salvador. Apesar disso, a empresa apontou uma depreciação de 30% no equipamento, após mais de 10 anos parado.
“Está muito próxima de ser concretizada. Também foi demorada pela complexidade técnica. São 40 trens, sete vagões cada, somando 280 vagões. E tem trilho. Nós contratamos serviços especializados para fazer a vistoria técnica, fizemos consulta de mercado, tudo isso articulado”, contou Florence, durante entrevista exclusiva com o Portal A TARDE.
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Segundo o chefe da Casa Civil estadual, as negociações duram desde agosto devido à complexidade da questão e sobretudo por conta dos diversos atores envolvidos: os dois governos estaduais, o TCU, os tribunais de contas de cada estado, Ministério Público de Contas da Bahia e do Mato Grosso, Procuradoria-Geral baiana e matogrossense, além da empresa que venceu a concessão do VLT no Mato Grosso e a empresa fabricante dos trens. Tudo isso, também com negociações bilaterais entre as partes.
Apear desse imbróglio, na visão de Florence, faltam apenas detalhes para que a negociação seja concretizada.
“Nós iniciamos isso em agosto e agora faltam detalhes. A Bahia tem uma posição da qual não declinará. Se Mato Grosso aceitar, é um ótimo negócio para a Bahia, porque é um trem com condições de conservação muito boas e que será requalificado. É um seminovo que nunca foi usado. O que ele tem de desgaste é de estar parado. Isso é sério, nós apuramos, faremos novas apurações, mas o preço é muito atrativo”, avaliou o secretário.
Os R$ 497 milhões pagos pelo governo do Mato Grosso em 2012, quando corrigidos de acordo com a inflação (IPCA), correspondem a aproximadamente R$ 968 milhões. Com a depreciação de 30% prevista no estudo contratado pela gestão estadual baiana, o equipamento rodante do VLT mato-grossense estaria avaliado em R$ 677,8 milhões.
O valor corrigido e com a depreciação descontada se aproxima do volume de dinheiro que o governo da Bahia está disposto a pagar pelo equipamento, na faixa dos R$ 700 milhões. O Portal A TARDE apurou que as partes estão próximas de um acordo sobre o preço dos vagões e o governo do Mato Grosso já debate a logística da transferência dos trens para Salvador.
Planos
Florence revelou ao Portal A TARDE que, devido a características específicas de Salvador e do percurso que o VLT fará, os trens do Mato Grosso devem passar por adequações quando chegarem à Bahia. A ideia é torná-los adaptados à realidade litorânea da cidade, carregando banhistas de mar de um lado a outro do território soteropolitano.
“Nós faremos uma adequação do trem, por determinação do governador Jerônimo, à natureza do sistema. O antigo monotrilho, da Skyrail, do Subúrbio, era da Calçada até a Ilha de São João. Agora, será da Calçada à Ilha de São João, de Paripe até Águas Claras e de Águas Claras até Piatã”, detalhou.
“As pessoas poderão sair de Paripe para tomar banho de mar em Piatã ou até mesmo ir ao Centro da cidade, de metrô, porque tem uma conexão com a Estação Águas Claras ou com o Bairro da Paz. E vai ter ambiente para a praia, vai ser um trem adequado a essa realidade. Então faltam detalhes. Nós já estamos discutindo detalhe final, para ir para a redação do contrato”, acrescentou Florence.
A previsão é que as obras do VLT de Salvador se iniciem no próximo mês de julho, sob o comando de três consórcios diferentes. Cada um ficará responsável por um trecho do modal. O percurso do Subúrbio, entre Calçada em Ilha de São João, tem estimativa de entrega em 2027; os demais devem ficar prontos apenas em 2028.
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