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VLT prevê nova arquitetura em estações inspirada na cultura negra

Equipamentos terão inspiração no mestre Abdias do Sacramento e o Pano da Costa, símbolos culturais da Bahia

Publicado quinta-feira, 28 de dezembro de 2023 às 12:06 h | Atualizado em 08/03/2024, 06:53 | Autor: Eduardo Dias e Lula Bonfim
O Portal A TARDE teve acesso ao documento detalhado da implantação do VLT de Salvador e tem contado tudo para o leitor
O Portal A TARDE teve acesso ao documento detalhado da implantação do VLT de Salvador e tem contado tudo para o leitor -

Previsto pelo Governo do Estado para conclusão em 2028, o novo modal de transporte de Salvador, o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), teve seu edital de licitação lançado nesta semana com detalhes importantes a se destacar, desde urbanização de praias do Subúrbio Ferroviário à nova arquitetura nas paradas e estações, como no caso da Estação Calçada, inspirada na cultura negra da Bahia.

Veja vídeos do projeto aqui.

Para isso, o documento, que o Portal A TARDE teve acesso, prevê uma homenagens ao mestre Abdias do Sacramento e o Pano da Costa, símbolos culturais de resistência e identidade da cultura trazida da África no período escravagista e cujo saber-fazer se mantém vivo ainda hoje. 

Mestre Abdias do Sacramento ficou conhecido como o último e mais famoso mestre de tear manual. Nascido no Aquidabã, em Salvador, em 1910, ele viveu até os 84 anos de idade, casou e teve 13 filhos.

De acordo com o Dicionário Manoel Querino de Artes da Bahia, o Pano da Costa é “um tecido em tear manual por escravos ou descendentes de escravizados, que tem significado religioso e social. O Pano da Costa é uma peça que deve estar sempre presente na vestimenta da “negra baiana”. Seja ela quituteira, Yaô, Ialorixá ou Veterana”.

Como forma de homenagem, o novo modelo arquitetônico das estações do VLT prevê um conjunto de ações no Trecho Ilha de São João/Calçada, buscando uma linguagem que evite a ideia de ambiente enclausurado e escuro.

A solução apresentada pela Companhia de Transportes do Estado da Bahia (CTB) foi desenvolvida para se ter a melhor mobilidade e acessibilidade aos usuários das paradas, proporcionando uma sinergia de seus acessos com o entorno, facilitando o ingresso à plataforma de embarque e desembarque.

O Projeto do VLT de Salvador prevê um total de 35 paradas, sendo que mais da metade será no Subúrbio Ferroviário, equivalentes aos “pontos de ônibus” no sistema tradicional de transporte. Além disso, as orlas de Praia Grande, Escada e Itacaranha devem ganhar novo calçadão e iluminação em LED. 

Em cada uma delas, contará com sua cobertura composta por faixas transversais, numa mescla de cores distintas. O resultado visual dessa mescla se assemelha a uma tapeçaria e faz referência aos patrimônios culturais e imateriais da Bahia: o Pano da Costa. 

Imagem ilustrativa da imagem VLT prevê nova arquitetura em estações inspirada na cultura negra

Outras intervenções

Além das intervenções arquitetônicas nas estações, o VLT de Salvador também fará mais intervenções urbanísticas, como no caso da urbanização de praias e um novo viaduto em Paripe. O pavimento será elevado sobre a Rua Doutor Antônio Dotto, ligando a Parada Olindina à Paripe.

Segundo o anteprojeto, está prevista também a duplicação da BA-528, também conhecida como Estrada do Derba, além da urbanização do Parque São Bartolomeu, que fica entre a Enseada dos Cabritos e o bairro de Pirajá. Ele é considerado a única reserva de Mata Atlântica em área urbana do Brasil.

Todo o projeto do VLT de Salvador terá um custo superior a R$ 3,6 bilhões, e já havia sido antecipado por A TARDE em agosto, com poucas alterações realizadas pela gestão estadual nos últimos meses. O novo modal fará o trajeto entre os trechos Ilha de São João - Calçada, Paripe - Águas Claras e Águas Claras - Piatã, como adiantado pelo Portal A TARDE.

Estrutura

No total, o governo da Bahia avalia que o sistema terá uma demanda de 90 mil passageiros por dia útil. Para cumprir toda a operação, a CTB e a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano (Sedur) prevê a necessidade de pelo menos 39 trens de VLT no sistema, sendo 35 de uso constante e outros quatro reservas.

Para essa utilização, o Governo do Estado ainda tenta adquirir os 40 trens de VLT que a gestão estadual do Mato Grosso está negociando, no âmbito de um grupo de trabalho organizado pelo Tribunal de Contas da União.

A titular da Sedur, Jusmari Oliveira (PSD), já chegou a solicitar da CCR, empresa que gere o sistema metroviário de Salvador, o compartilhamento de parte de sua estrutura, como os pátios de estacionamento, as subestações primárias e o Centro de Controle Operacional.

Interessada em também gerir, futuramente, o VLT de Salvador, a CCR sinalizou positivamente ao pedido da gestão estadual. Estudos devem ser realizados para um futuro reequilíbrio econômico do contrato.

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