REAÇÃO
De Moro a Malafaia: aliados de Bolsonaro detonam uso de tornozeleira
Parlamentares e líderes religiosos não poupam críticas à decisão do STF
Por Gabriela Araújo

A imposição do uso da tornozeleira eletrônica ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) movimentou a política brasileira nesta sexta-feira, 18. Aliados do político usaram as redes sociais para criticar a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes.
O senador Sergio Moro (União Brasil-PR), que ganhou destaque após a Operação Lava Jato, demonstrou preocupação com as medidas restritivas determinadas pelo Judiciário, que segundo ele, restringe a liberdade de expressão do político.
“Lula nunca sofreu restrições em sua liberdade de se comunicar ou de se manifestar publicamente antes do seu julgamento. É um precedente perigoso fazer isso com o ex-presidente Bolsonaro ou contra qualquer acusado. Ressalvo que sou absolutamente contrário às tarifas impostas ao Brasil por serem injustas e arbitrárias”, escreveu no X (antigo Twitter).
Seguindo a mesma linha, o pastor Silas Malafaia, aliado de primeira-hora do ex-mandatário, detonou o veto a comunicação entre Bolsonaro e o seu filho, Eduardo Bolsonaro (PL-SP),deputado federal licenciado, que reside no Estados Unidos (EUA).
“O absurdo de Alexandre de Moraes! Criminosos, cruéis, estupradores, pedófilos não são impedidos de falar com filhos. Todas as provas da ‘roubalheira’ de Lula, ele nunca foi cerceado na sua liberdade de falar, nem usar tornozeleira eletrônica. Estado democrático de direito jogado na lata do lixo! O mais grave. Tudo isso contra Bolsonaro tem a ver com o inquérito do Eduardo, não com o inquérito dele. O que está acontecendo no Brasil é surreal”, protestou.
ALEXANDRE DE MORAES É UM CRIMINOSO! Quem vai parar esse ditador?
— Silas Malafaia (@PastorMalafaia) July 18, 2025
Pelo bem do Brasil, assista a todo esse vídeo. pic.twitter.com/3hbdjDCi3T
Já o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, classificou a medida da Corte como “perseguição”, que segundo ele, é impulsionada por uma narrativa fabricada.
“A perseguição contra Bolsonaro não tem limites! Esse momento é mais um capítulo da narrativa que armaram contra ele. Mas não adianta. Podem tentar tudo, mas nunca vão calar Bolsonaro!”
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Para o senador Ciro Nogueira (PP-PI), Bolsonaro está sendo “injustiçado” com a nova decisão judicial e fez um apelo para que haja mais apoio ao ex-mandatário.
“Dezenas de milhões de brasileiros irão dormir com a sensação de que o presidente Bolsonaro merece mais, e não menos, apoio; mais, e não menos, admiração; mais, e não menos, lealdade por tudo que representa e pelo sofrimento que está passando”, afirmou.
Confira quais medidas restritivas Bolsonaro terá que cumprir
- usar tornozeleira eletrônica;
- terá de permanecer em casa entre 19h e 7h da manhã;
- não manter contato com seu, filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP), e outros investigados no inquérito do golpe de estado;
- permanecer afastado das redes sociais.
Nesta manhã, o ex-presidente foi alvo de mandado de busca e apreensão pela Polícia Federal (PF). Em seguida, ele se dirigiu à sede da corporação para instalar o objeto no tornozelo.
Entenda como funciona a tornozeleira eletrônica
A tornozeleira, ao todo, pesa 156g. A bateria (110g) funciona por aproximadamente 24 horas, e o usuário decide se vai ligá-la diretamente na tomada, ou se retira uma parte do dispositivo para recarga e depois acopla os dois módulos.
A pessoa que porta esse dispositivo precisa mantê-lo ligado a todo momento, podendo ser preso, a depender do caso, se desligá-lo. O dispositivo vem com uma correia instalada de acordo com o diâmetro do tornozelo do usuário, sua conexão por GPS é feita via fibra óptica.
O aparelho possui luzes de LED que indicam se ele está ligado e carregado, além disso ele vibra caso esteja com a bateria fraca. Somado a isso, não existe a necessidade de retirá-lo para tomar banho, já que o mesmo é à prova d’água.
Plano golpista
No início desta semana, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a condenação do ex-presidente e de outros sete réus por organizar uma tentativa de golpe de Estado na segunda, 14.
Bolsonaro foi apontando com principal articulador do plano golpista, que também incluía o assassinato do presidente Lula (PT), do vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do STF, Alexandre de Moraes. Conforme o documento produzido pela Polícia Federal, o político “planejou, atuou e teve domínio de forma direta e efetiva" na trama.
A PF ainda aponta o ex-mandatário como o “líder” do grupo que pretendia realizar os atos na tentativa de abolir o Estado democrático de direito, "fato que não se consumou em razão de circunstâncias alheias à vontade de Bolsonaro", segundo o documento.
Somadas, as penas previstas em lei podem ultrapassar 40 anos de prisão, em regime inicial fechado. Contudo, há atenuantes ou agravantes que podem ser levadas em conta.
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