CARREIRA CONTURBADA
Fernando Collor preso: relembre polêmicas do ex-presidente
Prisão foi mais um episódio de uma grande lista de casos envolvendo o ex-mandatário
Por Anderson Ramos

A prisão do ex-presidente Fernando Collor de Mello na madrugada desta sexta-feira, 25, em Maceió (AL), após ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi mais um episódio de uma grande lista de polêmicas envolvendo o ex-mandatário.
Collor foi condenado a oito anos e dez meses, em regime inicial fechado, por participação em esquema de corrupção na BR Distribuidora. A medida surge após o magistrado recusar o segundo recurso apresentado pela defesa do ex-presidente e determinou o cumprimento imediato da pena imposta.
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Ele surgiu no cenário nacional nas eleições de 1989, quando derrotou Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no primeiro pleito realizado após o período da ditadura militar, que durou de 1964 a 1985 no Brasil. Desde então, virou figurinha carimbada nas rodas de conversas de todo o país.
Collor tomou posse do cargo aos 40 anos de idade, sendo o mais jovem a ocupar o Palácio do Planalto. Porém sua passagem pela presidência foi interrompida pelo impeachment em 1992. Mas esse não foi o fim de sua carreira política e nem dos escândalos. Confira alguns casos envolvendo o ex-presidente.
Caçador de marajás
Collor já tinha sido prefeito de Maceió e deputado federal quando se candidatou ao governo de Alagoas em 1986. Um dos eixos de sua campanha foi combate à corrupção e aos servidores estaduais que ganhavam salários muito altos, conhecidos como “marajás”. Eleito governador, Collor ficou conhecido como o “caçador de marajás” e usou a alcunha na campanha presidencial de 1989.
Confisco das poupanças
Uma das primeiras medidas de Fernando Collor como presidente foi o chamado Plano Collor, que consistia no confisco das poupanças para tentar conter a hiperinflação que chegava a 80% por mês em 1990. A iniciativa não foi suficiente para conter a alta nos preços e gerou revolta.
Rituais de magia negra
Outro ponto controverso da história do ex-presidente foi revelado pela sua ex-esposa, Rosane Collor. Segundo ela, Collor e assessores próximos faziam rituais de magia negra da Casa da Dinda, como era conhecido o domicílio particular da família em Brasília. A Casa da Dinda também se tornou notícia por conta de uma suspeita superfaturamento em uma reforma nos jardins do imóvel, orçada em US$ 2,5 milhões, que teria sido bancada com dinheiro de contas fantasmas administradas por PC Farias.

Pai assassino
Um dos episódios mais graves da família Collor não envolve o ex-presidente, mas sim seu pai, o ex-senador Arnon de Mello. Em dezembro de 1963, Arnon puxou uma arma enquanto discursava no plenário do Senado, disparou três vezes e acertou o colega José Kairala, do Acre, que morreu. Arnon nunca foi cassado ou condenado porque a justiça considerou "crime acidental".
Briga de irmãos
Pedro Collor foi um dos pivôs da queda de Fernando Collor, seu irmão. Em entrevista à revista Veja, ele acusava o tesoureiro de campanha do parente, PC Farias, de montar uma rede de caixa 2 para desviar recursos, com conhecimento e envolvimento do então chefe de estado. As denúncias contribuíram para o impeachment do irmão.
Fiat Elba
Um dos motivos que culminaram no processo de impeachment contra o ex-mandatário foi a compra de um carro Fiat Elba Weekend 1991 em seu nome. A aquisição do veículo teria sido feita com dinheiro desviado por Paulo César Farias, o PC Farias, tesoureiro da campanha. A informação veio à tona em uma comissão parlamentar instaurada para apurar as supostas irregularidades e foi o estopim para a cassação do mandato de Collor.
PC Farias
O tesoureiro da campanha de Fernando Collor à presidência, Paulo César Farias, foi acusado de operar o esquema de corrupção que envolvia o ex-presidente. Ele foi acusado de operar um sistema de tráfico de influência dentro do governo, além de atuar em lavagem de dinheiro e concorrências fraudulentas. Após o escândalo estourar, PC Farias chegou a fugir do país em um bimotor, mas acabou preso na Tailândia. Ele foi encontrado morto, ao lado de sua namorada, em Maceió, em junho de 1996.
'Caras pintadas'
A impopularidade do governo Collor ficou explicitada quando um movimento pedindo a destituição do presidente do cargo explodiu no país. Os "Caras Pintadas", mobilização comandada por jovens estudantes, ajudou a pressionar parlamentares pela instauração de processo de impeachment na Câmara dos Deputados, em 1992.
Impeachment
Em 2 de outubro de 1992, Fernando Collor foi afastado temporariamente da presidência da República em decorrência da abertura de processo de impeachment na Câmara dos Deputados. Renunciou ao cargo de presidente em 29 de dezembro, horas antes de ser condenado pelo Senado por crime de responsabilidade. Teve seus direitos políticos cassados, ficando inelegível por oito anos. Em 2006 foi eleito senador, assumiu em 2007, após mais de 10 anos afastado da política, reelegendo-se em 2014 e assumindo em 2015. Em 2022 se candidatou ao governo de Alagoas, mas ficou em terceiro lugar.
Carrões apreendidos
Uma Ferrari vermelha, avaliada em R$ 1,95 milhão, um Porsche preto, avaliado em R$ 999 mil em 2015, e uma Lamborghini prata, avaliada em cerca de R$ 3,9 milhões, foram apreendidas pela Polícia Federal na casa de Collor em 2014, em um desdobramento Operação Lavo-Jato.
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