TRAGÉDIA
Moradora relata tristeza e angústia em buscas por jovem soterrado
A tragédia abalou a comunidade, que ainda se recupera do choque
Por Luan Julião e João Grassi
As buscas por Paulo Andrade, de 18 anos, soterrado após um deslizamento de terra no bairro da Saramandaia, em Salvador, seguem nesta quinta-feira, 28. O incidente ocorreu na manhã da última quarta-feira, 27, quando a casa onde ele vivia com a mãe e o irmão de seis anos desmoronou. Apesar de quase 24 horas de buscas, o jovem ainda não foi encontrado, e equipes de resgate permanecem no local.
A mãe e o irmão de Paulo conseguiram escapar com vida, mas o jovem segue desaparecido, sem dar respostas aos chamados dos bombeiros. A tragédia abalou a comunidade, que ainda se recupera do choque do deslizamento na região, marcada por episódios similares.
Em entrevista ao Grupo A TARDE, Noemi Barbosa, agente comunitária e moradora do bairro, expressou sua dor e apreensão com o caso, relembrando o perfil do jovem e as dificuldades enfrentadas pelos moradores da área.
"Sou mãe também, e conheço o Paulo desde a barriga da mãe. A gente viu nascer, viu crescer, entendeu? Infelizmente, essa tragédia, a gente não esperava, né, velho? Não esperava que fosse tão grave assim, né? Que a mãe saiu com vida, o irmãozinho saiu com vida. Infelizmente, ele, até agora, a gente não encontrou, nem com vida, nem sem."
Leia também:
>> Moradora de Saramandaia detalha desespero após deslizamento: "Desespero grande"
>> Morador de Saramandaia perde tudo após deslizamento: "Foi perda total"
>> Prefeitura define ações emergenciais contra chuvas em Salvador
Segundo Noemi, os riscos no terreno já eram conhecidos, embora poucos imaginassem uma tragédia dessa magnitude.
"Assim, há uns anos atrás, já teve um acontecido aqui, de um prédio desabar, mas foi há uns dez anos atrás. Inclusive, nós moradores ajudamos as pessoas do prédio a sair. Tinha muita vegetação. A gente nunca imaginou que seria tão perigoso o terreno."
A moradora também comentou sobre a presença de bananeiras no local, uma característica que muitos associam ao risco de instabilidade no solo. Com o deslizamento, Noemi relata o impacto emocional na comunidade e a dor ao ver um jovem com futuro promissor entre os escombros.
"No momento, eu não estava, tava no trabalho. Eu vim pela televisão, na empresa. E aí, quando eu cheguei aqui, me estampei, quando eu vi o terreno já abaixo. Desesperador, viu? Uma mãe que conhece ele, eu, com dois filhos... É muito desesperador."
Sobre Paulo, ela reforça as qualidades do jovem, conhecido pelo bom humor e dedicação aos estudos:
"O Paulo era alegre, sim, era um menino brincalhão, gostava de jogar um futebolzinho com os amigos. Mas não era muito de ficar na rua. Sonhador, novo, estudioso. No momento, eu não via o Paulo trabalhar, entendeu? Mas estudar, ele sempre foi estudioso, ele ainda estudava."
Enquanto as equipes de resgate intensificam os esforços, a comunidade de Saramandaia segue em vigília, torcendo por um desfecho positivo para o caso que mobiliza toda a região.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro
Siga nossas redes