PERIGOS NA ALIMENTAÇÃO
Alimentos amados pelos brasileiros afetam coração e esperma, diz estudo
Brasil tem grande quantidade de consumidores dos ultraprocessados, apontados como vilões da saúde metabólica e reprodutiva

Por Luiz Almeida

Um estudo inédito da Universidade de Copenhague (Dinamarca) mostrou que nem todas as calorias são iguais. Homens jovens que seguiram uma dieta rica em alimentos ultraprocessados ganharam mais gordura corporal e tiveram alterações hormonais.
De acordo com o estudo, essa alteração ocorre até consumindo a mesma quantidade de calorias que em uma dieta baseada em alimentos naturais.
O grande problema é que o estudo fala muito sobre uma alimentação que envolve consumo de salsicha, macarrão instantâneo, biscoitos recheados e refrigerantes. Todos eles são muito presentes na mesa dos brasileiros.
Os resultados da pesquisa foram publicados nas últimas semanas na revista científica Cell Metabolism e acendem um alerta para os efeitos silenciosos dos ultraprocessados no organismo.
O experimento sobre ultraprocessados
Os cientistas recrutaram 43 homens entre 20 e 35 anos. Cada voluntário passou três semanas em uma dieta composta apenas por ultraprocessados e outras três em uma dieta com alimentos in natura, com intervalo de três meses entre as fases.
Apesar de ambas as dietas conterem a mesma quantidade de calorias, proteínas, carboidratos e gorduras, o efeito foi evidente: em média, os participantes ganharam 1 quilo a mais de gordura corporal durante o período de ultraprocessados. Além disso, houve piora em indicadores de saúde cardiovascular.
Alterações hormonais e risco à fertilidade
O estudo revelou ainda aumento nos níveis de cxMINP, um tipo de ftalato, substância usada na fabricação de plásticos, associada à desregulação hormonal. Esse composto pertence ao grupo dos disruptores endócrinos, que podem interferir diretamente na ação dos hormônios.
Nos voluntários, a presença elevada de ftalatos na urina foi acompanhada de queda nos níveis de testosterona e do hormônio folículo-estimulante (FSH), ambos essenciais para a produção de espermatozoides.
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Pesquisas anteriores já haviam apontado relação entre a exposição a ftalatos e a redução da qualidade do sêmen, alterações na fertilidade, obesidade e doenças cardiovasculares.
A novidade, segundo os cientistas, é que agora esses efeitos foram comprovados em um estudo controlado com dieta humana.
“Ficamos surpresos com a quantidade de funções do corpo que foram afetadas por esses alimentos, mesmo em homens jovens e saudáveis. As implicações de longo prazo são alarmantes e indicam a necessidade de revisar as diretrizes nutricionais”, afirmou o professor Romain Barrès, autor sênior do estudo.
De acordo com os pesquisadores, os danos causados pelos ultraprocessados não se restringem ao excesso de calorias. O próprio processo industrial, que envolve aditivos, embalagens plásticas e transformações químicas, pode comprometer a saúde.
“Nossos resultados provam que os ultraprocessados prejudicam a saúde metabólica e reprodutiva, mesmo quando não são consumidos em excesso”, destacou Jessica Preston, autora principal do trabalho.
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