OUTUBRO ROSA
Depois do câncer, voluntária ajuda outras mulheres com a autoestima
Oficina do Hospital Aristides Maltez transforma resina em próteses mamárias externas

Por Iarla Queiroz

Criadas para reproduzir o formato natural das mamas, as próteses mamárias externas ajudam mulheres a resgatar algo que o câncer tentou levar: a autoestima. No Hospital Aristides Maltez, em Salvador, uma iniciativa que une cuidado, solidariedade e tecnologia segue transformando vidas há mais de duas décadas.
Um gesto que nasceu da superação
Aos 77 anos, Maria Teresinha Santos Magalhães é sinônimo de força e empatia. Diagnosticada com câncer de mama há 27 anos, ela foi tratada e curada no próprio Aristides Maltez. Desde então, transformou a dor em propósito.
Todas as quintas-feiras pela manhã, cumpre o que chama de seu “compromisso sagrado”: dedicar tempo e carinho à produção das próteses que devolvem a confiança de outras mulheres após a mastectomia.
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“A prótese me deu tudo. Ajudou no restabelecimento da minha autoestima e me fez sentir normal. Quem usa sabe que é uma oportunidade transformadora”, diz Teresinha, emocionada.
Na oficina instalada na sede do hospital, no bairro de Brotas, ela confecciona as peças que vão do tamanho 38 ao 54, adaptadas às necessidades de cada paciente.
Da resina à autoestima
Para manter o trabalho ativo, o Hospital Aristides Maltez recebeu, neste mês, a doação de 300 quilos de polietileno, material essencial na fabricação das próteses.
A contribuição feita pela Braskem, tem potencial para beneficiar cerca de 400 pacientes do SUS, reforçando a importância da união entre o setor privado e as iniciativas sociais.
Antes da chegada do novo material, a produção utilizava sementes de painço misturadas com bolinhas de isopor, o que tornava as próteses desconfortáveis e sensíveis à água.
“Com o polietileno é muito mais confortável. A gente pode ir à praia ou à piscina, que não tem problema”, explica Teresinha.
As próteses são moldadas com atenção aos detalhes, garantindo um resultado leve, discreto e o mais próximo possível do aspecto natural.
Trabalho voluntário que muda histórias
Segundo Maria de Fátima Azevedo Pereira, coordenadora de voluntários do hospital, a produção é contínua e acompanha a demanda do serviço de Fisioterapia.
“Apesar de já existir a cirurgia de reconstrução, muitas pacientes não podem realizá-la — e outras simplesmente não querem se submeter a uma nova intervenção. As próteses são muito bem feitas e se encaixam perfeitamente no sutiã”, explica.
A oficina confecciona, em média, 400 unidades por ano — cada uma delas resultado do trabalho cuidadoso de voluntárias como Teresinha, que enxergam em cada peça uma nova chance de recomeço para alguém.
Cuidado que ultrapassa o tratamento
A relevância da iniciativa ganha ainda mais força diante dos números da doença.
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (Sesab), a Bahia registrou 2.842 internações por câncer de mama até setembro deste ano, e 5.259 em 2024.
O câncer de mama é o tipo mais frequente entre as mulheres, depois do de pele, e também o mais letal. A detecção precoce pode elevar em até 90% as chances de cura.
A Braskem, parceira na ação, reforça o compromisso de apoiar projetos que promovem bem-estar, inclusão e sustentabilidade.
“Oferecer soluções sustentáveis por meio da química e do plástico para melhorar a vida das pessoas é a missão da Braskem. Fazer parte de uma iniciativa tão bonita e necessária nos deixa muito orgulhosos”, afirma Magnólia Borges, gerente de Relações Institucionais da empresa na Bahia.
Esperança moldada em cada detalhe
Mais do que um acessório, cada prótese simboliza um reencontro com a própria imagem — e com a vontade de seguir em frente.
No Hospital Aristides Maltez, o que começou como um gesto simples se transformou em um ato de amor coletivo, capaz de devolver sorrisos, confiança e um novo olhar no espelho.
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