EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Estudantes da Bahia debatem justiça climática em conferência estadual
Mais de 400 jovens de 113 municípios participam, em Salvador, da V Conferência Estadual Infantojuvenil pelo Meio Ambiente

A abertura da V Conferência Estadual Infantojuvenil pelo Meio Ambiente (CEIJMA) aconteceu nesta quinta-feira, 25, no Hotel Fiesta, em Salvador. O encontro reuniu mais de 400 estudantes da rede estadual de ensino, vindos de 113 municípios da Bahia, para discutir justiça climática, educação ambiental e os desafios das mudanças globais que impactam diretamente o cotidiano das comunidades.
Com o tema “Vamos Transformar o Brasil com Educação e Justiça Climática”, o primeiro momento contou com a apresentação do Grupo de Dança do Colégio Estadual Carlos Marighella e a exibição de uma mensagem em vídeo da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
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Por conta da agenda de inaugurações no interior, a secretária estadual da Educação (SEC), Rowenna Brito, não pôde comparecer presencialmente, mas deixou um recado especial, destacando a relevância da conferência.
“É uma alegria receber vocês aqui em Salvador. Eu não estou aí com vocês, mas eu tenho certeza que a conferência será um sucesso, especialmente no ano de COP30, que a gente vai debater o meio ambiente e a sustentabilidade. São mais de 400 estudantes, 113 municípios e jovens debatendo o meio ambiente e a sustentabilidade para garantirmos um futuro melhor para nós”, afirmou.
Representando a secretária da Educação, o assessor especial da SEC, Manoel Calazans, reforçou a dimensão social da pauta.

“Era um discurso ainda muito distante. Precisamos dar vida a isso, trazer a sociedade e a comunidade escolar para esse debate. A justiça, que dá nome também a esta conferência, é algo que precisa ser pensado e internalizado por todos nós”.
Processo pedagógico e engajamento estudantil
Organizado pela SEC, por meio da Superintendência de Políticas para Educação Básica (Suped), o evento é o ponto alto de um processo pedagógico iniciado nas unidades de ensino. As comunidades escolares debateram problemas socioambientais e criaram projetos de intervenção para apresentar na conferência, como explica a coordenadora pedagógica, Tamires Fraga.

“Nós tivemos as conferências escolares, as municipais, as territoriais e, agora, a estadual. Em breve teremos os delegados que representarão a Bahia na etapa nacional. Tem sido um momento de grande aprendizagem, de grande movimento coletivo em prol da justiça climática”.
Também presente no primeiro dia do encontro, o secretário estadual do Meio Ambiente, Eduardo Sodré, ressaltou a importância da articulação entre áreas da gestão pública.

“É um trabalho em parceria entre a Secretaria Estadual da Educação com a Secretaria do Meio Ambiente, junto ao Governo Federal, com o Ministério do Meio Ambiente e com o Ministério da Educação. [...] A ideia é compartilhar experiências para que, ao final, possamos formar um documento a ser levado à etapa nacional dizendo: ‘olha essa a visão do que a Bahia entende da sua juventude enquanto meio ambiente, enquanto justiça climática’. Por isso, é importante que os jovens se apropriem disso e queiram contribuir para um mundo melhor”.
Retornando após cinco anos, a CEIJMA teve o desafio de reconquistar a comunidade escolar mas, segundo a representante do Ministério da Educação (MEC), Silvana Canário, a conferência voltou fortalecida e foi abraçada em todo o Brasil. Ela mobilizou cinco estados do Nordeste - Bahia, Alagoas, Sergipe, Paraíba e Pernambuco - e destacou a dimensão inclusiva do evento.

“Quem mais sofre com o processo da injustiça climática são as pessoas que estão em estado de vulnerabilidade. A conferência tem vagas afirmativas de crianças surdas, crianças quilombolas, indígenas e PcDs. Essas pessoas normalmente não são escutadas dentro dos processos. Então, quando a gente fala sobre justiça climática vem nessa perspectiva de trazer o olhar das pessoas que mais sofrem com os impactos ambientais, mas são as que menos causam danos”.
Já o representante do Ministério do Meio Ambiente, Marcos Sorrentino, avaliou que a retomada das conferências fortalece a participação social.

“As conferências são símbolos do resgate da participação da sociedade na construção das políticas públicas. [...] Nossa ministra Marina Silva vem, desde 2003, reivindicando que também sejam feitas essas conferências com crianças e juventudes no sentido de formar as novas gerações que, acima de tudo, viverão os graves problemas socioambientais que a contemporaneidade apresenta”.
“E essa conferência aqui na Bahia, especialmente em Salvador, é importante porque sabemos o papel fundamental que o Estado exerce na cultura brasileira”, acrescentou.
Estudantes apresentam projetos sustentáveis

Divididos em grupos, os estudantes de diversos municípios baianos apresentaram os projetos desenvolvidos. A ideia foi criar um momento interativo, compartilhando as experiências e o passo a passo de cada iniciativa.
Um dos destaques foi o projeto da estudante de 15 anos, Dijara Mota, do Colégio Estadual Hérlio Mascarenhas Cardoso, em Conceição de Feira. Ela explicou que foi desenvolvida uma agenda coletiva de assuntos sustentáveis, disponibilizada online.

“Na agenda coletiva você pode encontrar os desafios que a escola estava passando e as ideias que os alunos tiveram para poder mudar e melhorar, como a estrutura do ambiente, a mudança da irrigação, a água do bebedouro que era desperdiçada, o reaproveitamento da reciclagem, o artesanato com materiais recicláveis e o monitoramento da alimentação escolar”.
Caio Roberto, de 14 anos, estudante do Complexo Integrado de Educação Básica Profissional e Tecnológica da Bahia, em Juazeiro, também apresentou sua proposta, que tem o objetivo de valorizar a arborização nativa nas escolas.

“A vegetação nativa não é tão presente, principalmente na vida da população mais jovem. Então, o projeto que a gente vem elaborando tem como base integrar a vegetação nativa de forma que ela melhore e contribua, não somente com a questão estética, mas também com o microclima, a saúde, o bem-estar da comunidade e o desenvolvimento de uma consciência crítica sobre o assunto”.
Empolgado, João Miguel de Oliveira, 13 anos, estudante do Instituto de Educação Manoel Padre, em Poções, destacou a alegria de participar do encontro.

“É minha segunda vez em Salvador. No ano passado, ganhei meu primeiro celular com uma redação em um concurso e agora estou aqui de novo por causa de outro projeto que apresentei. Estou muito ansioso para a etapa nacional, porque aqui o nível é acadêmico”.
Para o professor de Ciências, Mirez Carvalho, a conferência “está sendo um momento muito importante”. Segundo ele, a aluna que orientou participou pela primeira vez com um projeto voltado ao plantio das árvores nas escolas da cidade.

“A aluna está muito entusiasmada por participar pela primeira vez de um evento bem organizado. Parabenizo nossa capital baiana e destaco que o evento desperta o prazer nos alunos em uma participação que nunca foi vista. [...] Acredito que essa segurança dos alunos em apresentar os projetos se deve à capacitação que houve antes com os professores e a direção. Hoje eles se sentem seguros em transmitir todo esse conhecimento que foi feito com eles”.
Programação e preparação para a COP30
Até sexta-feira, 26, a programação inclui palestra magna, oficinas, rodas de conversa e cine reflexão, além da dinâmica “Nosso recado”, que reunirá contribuições para a declaração infantojuvenil a ser apresentada na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30).
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