POLÍTICA
Fundador de A TARDE, Ernesto Simões Filho construiu legado na educação e política
Jornalista foi ministro da Educação e Saúde no governo Getúlio Vargas

Por Cássio Moreira

Em 15 de outubro de 1912, Ernesto Simões Filho fundou o centenário A TARDE, um dos maiores veículos de comunicação do Brasil. Para além do jornalismo, Ernesto deixou um legado importante na política nacional e na construção e consolidação da democracia, promovendo uma revolução na educação ao assumir a pasta, durante o governo Getúlio Vargas.
Leia Também:
Jaques Wagner celebra aniversário do Jornal A TARDE: "Patrimônio da imprensa"
Ivana Bastos parabeniza A TARDE pelos 113 anos: "Essência do bom jornalismo"
Muniz comemora 113 anos de A TARDE: “Essencial em informar e fortalecer a democracia”
Congresso vai analisar vetos de Lula ao licenciamento ambiental
Ernesto Simões Filho foi convidado para ocupar o extinto Ministério da Educação e Saúde, em janeiro de 1951, a convite do então presidente Getúlio Vargas (ext. PTB), que acabara de chegar ao poder pelo voto popular.

Como ministro da Educação e Saúde, pasta tradicionalmente ocupada por baianos no período, o filho de Cachoeira foi o responsável pela criação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), que passou a funcionar a partir de 1952, com a avaliação de pedidos e concessão de bolsas.
Art.1º Fica instituída, sob a Presidência do Ministro da Educação e Saúde, uma Comissão composta de representantes do Ministério da Educação e Saúde, Departamento Administrativo do Serviço Público, Fundação Getúlio Vargas, Banco do Brasil, Comissão Nacional de Assistência Técnica, Comissão Mista Brasil - Estados Unidos, Conselho Nacional de Pesquisas, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Confederação Nacional da Indústria, Confederação Nacional do Comércio, para o fim de promover uma Campanha Nacional de aperfeiçoamento de pessoal de nível superior - Getúlio Vargas.
Na década de 1920, Ernesto foi eleito deputado federal e líder da bancada baiana pela Concentração Republicana da Bahia. Tomou também a linha de frente na vitoriosa campanha de Góes Calmon para o governo do Estado, em 1924, atuando como ‘fiador’ da sua posse diante da tentativa de contestação do resultado das urnas por José Joaquim Seabra, de quem foi opositor.
Mesmo tendo feito campanha para Góes Calmon, Simões permaneceu seguindo seus princípios políticos e se posicionou de maneira independente no governo.
Revolução de 1930 e exílio
Nas eleições de 1930, foi um dos articuladores da candidatura presidencial de Júlio Prestes, sendo um dos responsáveis pela indicação do então presidente (hoje governador) da Bahia, Vital Soares, para vice na chapa.
Eleito, Júlio Prestes não tomou posse por conta da revolução comandada por Getúlio Vargas. O jornalista e político se tornou um dos principais alvos do novo regime, sendo vítima de perseguição.
Simões parte para o primeiro exílio, na França, de onde só volta em setembro de 1932. Logo em seguida, o jornalista e advogado foi novamente exilado, retornando apenas em dezembro de 1933.
No ano seguinte, participou do lançamento da candidatura de Octávio Mangabeira ao governo da Bahia, por Ação Autonomista, em oposição ao interventor Juracy Magalhães. Em dezembro de 1934, Ernesto Simões Filho foi alvo de um atentado.
Relação com Getúlio Vargas
Ernesto Simões Filho foi figura atuante contra o Estado Novo, regime liderado por Getúlio Vargas, participando do processo de redemocratização.
Com a vitória de Vargas pelas urnas, em 1950, Ernesto foi convidado para Ministério da Educação e Saúde, se tornando um dos principais ministros do novo governo. Sua passagem pela pasta acabou terminou em maio de 1953, um ano antes da trágica morte do presidente.

Antes de deixar o ministério, Ernesto Simões Filho permaneceu conduzindo os trabalhos à frente da pasta, viajou com a delegação brasileira para Florença, na Itália, para o Congresso da Paz Cristã, mesmo com os boatos iniciais sobre a reforma ministerial.
“O presidente me demite quando bem entender. Vou de qualquer forma”, teria dito o então ministro, conta Madureira de Pinho.
Após a demissão, Ernesto Simões foi questionado se falaria com Getúlio. Foi quando disse a uma das suas frases mais lembradas:
Perdi a pasta, mas não perdi a educação

Ernesto Simões também foi uma das primeiras pessoas a comparecer no antigo Palácio do Catete quando anunciada a morte de Vargas, em 1954, fato lembrado pelos historiadores por conta da sua postura política e prova de fidelidade e educação.
Programa A TARDE Educação
A iniciativa do Grupo A TARDE tem sido fundamental na formação continuada dos professores da rede estadual e municipal da Bahia, impactando diretamente na qualificação dos estudantes a partir do uso do jornal em sala de aula.
Com ações formativas, materiais direcionados e suporte ativo aos facilitadores, o principal objetivo do Programa é aprimorar o uso do jornal e de outros meios de comunicação para expandir as habilidades de leitura e consolidar o letramento, favorecendo a interdisciplinaridade e a transversalidade dos conteúdos. O Programa visa preparar os alunos para os desafios do mundo contemporâneo, alinhado à educação à realidade.
Siga o A TARDE no Google Notícias e receba os principais destaques do dia.
Participe também do nosso canal no WhatsApp.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Siga nossas redes