GUERRA COMERCIAL
Jerônimo detalha plano para blindar Bahia de tarifaço de Trump
Sem acordo entre Brasil e EUA, medida está prevista para iniciar na próxima sexta-feira, 1º
Por Gabriela Araújo e Cássio Moreira

Às vésperas da nova taxação imposta pelos Estados Unidos (EUA) ao Brasil, o governo da Bahia vem se movimentando para reduzir os efeitos das sanções americanas no estado, caso a medida entre em vigor no dia 1º de agosto, como anunciado pelo presidente Donald Trump.
Deste modo, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) afirmou nesta terça-feira, 29, que o estado deve alcançar novos mercados, em breve, como forma de mitigar uma possível crise econômica.
“Estamos trazendo para a Bahia, a agência APEX (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) para nos ajudar a criar outros mercados para a exportação, para não ficarmos limitados”, disse aos jornalistas.
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Presente nas comemorações dos 100 anos da Secretaria da Saúde (Sesab), em Salvador, o chefe do Executivo estadual também revelou que há um grupo de trabalho para discutir a temática e propor novas soluções.
“Eu me reuni com o setor produtivo há duas semanas. Tem um grupo de trabalho estudando isso: a FIEB, a FAEB, a Fecomércio, os que compõem o setor produtivo”, contou o governador, que completou falando sobre as cidades que visitou nas últimas semanas.
“Eu estive em Juazeiro e me senti com o setor produtivo, com exportadores de frutas, estive no oeste e conversei com os exportadores de grãos”.
Jerônimo diz ainda que segue aguardando as movimentações do Planalto, mas reafirma que cumprirá a sua função como estadista.
“Estamos aguardando essas decisões nacionais. É uma relação, primeiro, federativa e diplomática, e o Lula tem tratado disso. Eu não abrirei mão do meu lugar de governador para poder pegar na mão dos empresários”, pontuou o gestor estadual.
Impactos na Bahia
As exportações baianas registraram, no primeiro semestre de 2025, um crescimento de 8,3%. Especialistas acreditam, entretanto, que esse cenário deve mudar nos próximos meses. A Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) acredita que o estado baiano vai perder R$ 1,8 bilhões, ao menos 0,38% do PIB baiano.
Embora a celulose e o papel, químicos e petroquímicos, borracha e derivados e metalurgia liderarem o topo de produtos exportados aos EUA, a fruticultura é o que mais preocupa os produtores baianos, isso porque não há como estocá-las devido a sua perecibilidade.
“Enxergamos com muita preocupação porque não é uma questão fácil de ser resolvida. Esperamos que os governantes tenham bom senso porque senão essa culpa vai parar no colo do brasileiro em forma de aumento de inflação, em perdas de emprego… Desde que foi declarado, a taxação criou uma insegurança, e hoje nós já temos alguns produtos que houve queda no valor do produto”, informou o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb), Humberto Pitanga em encontro com jornalistas na segunda-feira, 28.

Uma das produções mais afetadas serão as mangas, cuja colheita se inicia em agosto e segue até setembro. A Bahia, que é responsável por exportar entre 50% a 60% do fruto para os Estados Unidos, agora está no centro da preocupação de perdas.
Tarifas dos EUA ameaçam R$ 19 bilhões em exportações
O aumento das tarifas de importação pelos Estados Unidos, pode causar um prejuízo superior a R$ 19 bilhões ao Brasil e impactar diretamente a economia de diversos estados.
O alerta foi feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), com base em dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
A medida afeta principalmente as unidades federativas com maior dependência do mercado americano, como Ceará, Espírito Santo, Paraíba e São Paulo.
Segundo a CNI, os Estados Unidos representaram em 2024 cerca de 44,9% das exportações do Ceará e 28,6% das do Espírito Santo.
Em estados como Paraíba, São Paulo e Sergipe, a participação americana varia entre 17% e 22%. A indústria de transformação concentra a maior parte dessas vendas, com destaque para os setores de metalurgia, alimentos, celulose e couro.
Senadores nos EUA
Uma comitiva de senadores brasileiros está nos EUA para tentar negociar as tarifas impostas ao Brasil. Começou na segunda, 28, uma série de reuniões com congressistas norte-americanos e representantes do setor produtivo do país foram realizadas.
Quando começa o tarifaço?
O governo Lula tem buscado, por meio do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), alternativas para que, caso saia do papel, a tarifa não cause grandes impactos ao comércio do Brasil.
Uma das medidas estudadas é a aplicação da Lei da Reciprocidade Comercial, aprovada recentemente pelo Congresso Nacional. O texto permite que o Brasil adote as seguintes ações:
- Restrição às importações de bens e serviços: O Brasil poderia, por exemplo, impor tarifas ou cotas sobre produtos provenientes do país que aplicou a medida prejudicial.
- Suspensão de concessões comerciais, de investimento e de obrigações relativas a direitos de propriedade intelectual: Isso significa que acordos anteriores ou proteções a patentes e marcas do país em questão poderiam ser suspensos no Brasil.
- Suspensão de outras obrigações previstas em acordos comerciais: Qualquer outra cláusula de acordos comerciais existentes que o Brasil tenha com o país em questão poderia ser revista ou suspensa.
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