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VIDAS EM RISCO

Das seis mulheres mortas por bala perdida, cinco eram negras

Todas a mortes aconteceram em Salvador, nos meses de janeiro, março e abril

Por Andrêzza Moura

17/04/2025 - 23:25 h
Marina, Maria, Ilda e Luíza, além da pequena Lara, morreram após serem atingidas por balas perdidas
Marina, Maria, Ilda e Luíza, além da pequena Lara, morreram após serem atingidas por balas perdidas -

Lara, Marina, Maria, Ilda e Ana Luíza. Em comum, além de mulheres, negras e periféricas, todas elas morreram após serem atingidas por balas perdidas. Vítimas fatais de um confronto diário entre traficantes de drogas que agem em diversos bairros de Salvador e agentes da segurança pública do estado da Bahia.

Segundo dados do Instituto Fogo Cruzado, em 2025, dez pessoas foram atingidas por balas perdidas na capital baiana e na Região Metropolitana. Dessas, nove são mulheres. Seis morreram e três ficaram feridas. O que chama a atenção é que, das seis vítimas mortas, cinco eram negras, com idades entre 6 e 87 anos, e moravam em comunidades carentes.

"Esses dados demonstram o quadro de uma cidade que é insegura para as mulheres, especialmente para as mulheres negras, mas, também demonstra um padrão de violência que tem uma participação importante dos agentes da segurança pública", afirmou Dudu Ribeiro, cofundador e diretor executivo da Iniciativa Negra, organização parceira do Instituto Fogo Cruzado na Bahia, e, também, integrante da Rede de Observatórios da Segurança na Bahia.

Todas as mortes foram registradas em Salvador, nos meses de janeiro, março e abril. Das cinco mortes contabilizadas, quatro aconteceram em bairros da periferia, com exceção de um que ocorreu no Centro da cidade, no Politeama. Ainda em março, a cirurgia-dentista Larissa Azevedo, 28 anos, também morreu vítima de bala perdida. Os outros casos de balas perdidas onde mulheres foram vítimas foram em Narandiba, Garcia e Mussurunga.

O primeiro caso aconteceu na madrugada do dia 1º de janeiro deste ano, no Alto da Terezinha, bairro do Subúrbio Ferroviário. A vítima foi a pequena Lara Lis Santos Rangel, 6 anos, atingida por bala perdida, enquanto dormia na casa onde morava com os pais. Ela morreu no Hospital do Subúrbio.

Já em 25 de março, a vítima foi uma mulher de prenome Marina. Ela faleceu no Hospital Roberto Santos, após ser baleada durante um alegado confronto entre policiais militares e traficantes de drogas. Nesta mesma situação, uma adolescente, de 17 anos, também ficou ferida na ação e sobreviveu.

Dona Maria de Jesus da Silva, 87 anos, foi atingida várias vezes, no dia 27 de março, quando almoçava na sala de casa, no Vale das Pedrinhas - Complexo do Nordeste de Amaralina -, e morreu no dia 28, no Hospital Geral do Estado (HGE).

Outra idosa vítima de bala perdida foi dona Ilda Santos Moreira, 60 anos. Ferida nas costas, no dia 22 de março, no bairro do Politeama, centro de Salvador, quando retornava para casa. Ela baleada durante o ataque a Jonas Luís Teles da Silva, homem suspeito de praticar roubos na região do Centro da capital baiana. Socorrida ao HGE, ela ficou internada até o dia 5 de abril, quando teve alta. No dia 14, ao voltar a sentir dor, dona Ilda foi outra vez atendida na unidade de saúde e liberada, falecendo, na última terça-feira, 15 de abril.

O último registro foi feito no dia 13 de abril, na Engomadeira, na região do Cabula. Dessa vez, a vítima foi a estudante universitária Ana Luiza Silva dos Santos de Jesus, 19 anos. Ela foi atingida durante um alegado confronto entre policiais militares da 23ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/ Tancredo Neves) e morreu no Hospital Roberto Santos.

"Nós estamos falando que, em média, 40% dos eventos de tiroteio na cidade de Salvador e na Região Metropolitana são ocasionados em ações policiais e nós estamos dizendo que nesse quadro, especialmente, o número de vítimas em ações policiais demonstra a necessidade urgente de mudança de protocolo. Nós temos um padrão de perseguição com tiroteio em vias públicas que tem afetado muito a população de Salvador", reinterou Dudu Ribeiro.

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A dor de quem fica

"A questão da Luíza, para mim, foi um baque muito grande, porque a gente era muito próxima. Eramos primas e amigas.Vi o vídeo de Luísa. Foi um choque ver aquele vídeo, ver a forma como ela foi tratada, ver como as pessoas que deveriam protegê-la, que deveriam proteger a sociedade, não posso acusá-los de dizer que a bala veio deles ou não, mas que a forma que ela foi tratada, a omissão de socorro e a forma como ela foi resgatada daquele local foi degradante, foi desumano",
desabafou uma prima de Ana Luíza.

Segundo ela, a estudante é a segunda pessoa da família vítima de bala perdida. Há 10 anos, um tio foi atingido por um tiro, dentro de casa, também no bairro da Engomadeira. "Há dez anos atrás, aconteceu com tio Nelson. Ele estava dentro de casa e aí foi alvejado por uma bala. Infelizmente, acabou morrendo. Ele é o irmão da tia Elisângela", lembrou a estudante de direito, revelando que o tio de Ana Luíza, irmão da mãe, também morreu vítima de bala perdida.

Moradora de Itacaranha, bairro do Subúrbio Ferroviário, a jovem diz que não se sente segura onde mora. "Sei que a maioria das mortes ocorrem em ações policiais, o que nos deixa à mercê da violência armada. Apoio a polícia militar, entendo por ser uma polícia ostensiva, mas as abordagens feita nas comunidades é um pouco preocupante, porque dentro delas não existem apenas criminosos, há pessoas de bem, pais e mães de família", concluiu a prima.

O Estado

Na quarta-feira, 16, os secretários da Segurança Pública (SSP/ BA), Marcelo Werner, e de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), Felipe Freitas, se receberam a mãe de Ana Luíza, Elisângela Silva dos Santos de Jesus, no Centro de Operações e Inteligência (COI), no Centro Administrativo da Bahia (CAB). Representantes da Ordem dos Advogados secção Bahia também estiveram presentes no encontro.

Eles se pronunciaram por meio de nota. “Meu compromisso é total com a Justiça. Nosso objetivo é trabalhar para garantir a paz social e o direito de ir e vir de todo o cidadão baiano”, declarou Werner.

Secretários da SSP e Da SJDH  receberam a maãe de Ana Luíza, no Coi
Secretários da SSP e Da SJDH receberam a maãe de Ana Luíza, no Coi | Foto: Divulgação SSP/ BA

Já Freitas disse: "Minha total solidariedade aos familiares, amigos e vizinhos de Ana Luiza. Me coloco à disposição para colaborar diante dessa tragédia. Não queremos que outras famílias passem por essa dor”, enfatizou o secretário da SJDH.

A morte de Ana Luiza é apurada pela 2ª Delegacia de Homicídios (DH/Central), do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Algumas testemunhas já foram ouvidas e agentes do órgão vão analisar imagens de câmeras de segurança do local onde aconteceu o fato para ajudar na elucidação do caso.

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Tags:

balas perdidas mulheres negras periferia

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