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ALTOS GASTOS

Cidades baianas gastam mais com São João do que com saúde e obras

Durante o mês de maio, os muncípios que receberam denúncias em saúde e educação anunciaram gastos alto com artistas musiciais

Por Carla Melo

07/06/2025 - 7:00 h
Cruz das Almas investiu quase R$ 10 milhões em atrações musiciais
Cruz das Almas investiu quase R$ 10 milhões em atrações musiciais -

Uma das maiores festas populares do Nordeste, o São João, é também um dos patrimônios mais resistentes da cultura, do turismo e da música do Brasil. É também o período em que municípios baianos, no interior ou na Região Metropolitana de Salvador, costumam reunir atrações musicais ligadas ao forró, xote, pé de serra, sertanejo, axé e até o mpb em um só lugar.

Apesar de cidades como Serrinha, Amargosa, Cruz das Almas e Candeias estarem no centro das festividades, tanto em número de atrações e investimentos, contratações de atrações nos municípios de Pojuca, Catu e Conceição do Jacuípe também chamam a atenção de quem é de fora.

São cidades cujas festividades juninas recebem milhares de turistas e visitantes de diversas regiões do Brasil e são onde toda a movimentação financeira é pungente.

Para que o São João permaneça sendo uma data importante no calendário nordestino e seja um dos principais fomentos da economia local para essas cidades, é preciso fazer altos investimentos - e é isso que está sendo percebido pelos gestores municipais.

Cruz das Almas

A cidade que atrai milhares de turistas e visitantes nos festejos juninos, foi o município com maior número de gastos com atrações musicais para o São João. Neste ano a cidade desembolsou R$ 9,29 milhões.

Serão 30 artistas e bandas musicais que devem subir no palco da festa junina. Somente pela apresentação do cantor Wesley Safadão, a cidade investiu R$ 1,1 milhão. As atrações com altos gastos são seguidas por Nattan (R$ 800 mil), Simone Mendes (R$ 800 mil), Leonardo (R$ 750 mil), Xandy Avião (R$ 700 mil), Natanzinho Lima (600 mil) e entre outras.

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Em abril, o Portal A TARDE mostrou que a Prefeitura de Cruz das Almas, recôncavo baiano, na gestão de Ednaldo Ribeiro (Republicanos) enviou à Câmara Municipal, pelo menos três projetos de lei, os quais pedem autorização para empréstimos, cujo valor total atinge os R$ 180 milhões para obras de infraestrutura urbana e saneamento.

No ano passado, por exemplo, a gestão de Ednaldo Ribeiro gastou R$ 6 milhões na contratação de artistas e decorações para o São João, sendo que de acordo com denúncia de moradores, o município de Cruz das Almas vivenciava uma crise na saúde. À época, a queixa era quanto à falta de medicamentos básicos nas farmácias dos postos.

Em um mês, a cidade gastou 6.733.644,25 com saúde, através do Fundo Municipal de Saúde de Cruz das Almas, de acordo com dados do Portal de Transparência do município. Com Educação, o município desembolsou R$ 6.772.647,89, através do Fundo Municipal de Educação da cidade.

Catu

Em Catu não foi diferente, a cidade acumulou um gasto com atrações musicais que correspondem a R$ 2,18 milhões. Henry Freitas aparece como o artista com maior cachê, cerca de R$ 565 mil, seguido de Mari Fernandez R$ 480 mil; Toque 10 e Thiago Aquino, de R$ 300 mil; Estakazero, de R$ 190 mil; Colher de Pau e Cangaia de Jegue, de R$ 100 mil; Arrocha o Nó, R$ 65 mil e Victor Viotti, de R$ 30 mil.

Uma ação civil pública foi ajuizada no dia 22 de maio ao Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA), com pedido liminar contra o município de Catu, na gestão Pequeno Sales (PT), para regularizar o atendimento efetivo de estudantes com deficiência no acesso ao transporte público escolar.

De acordo com denúncias feitas pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), há casos de desistência escolar na cidade de Catu devido à ausência de monitores, o que impossibilita o deslocamento seguro das crianças até a escola.

Catu ainda acumula outras déficits nos setores de saúde, infraestrutura e educação.
Catu ainda acumula outras déficits nos setores de saúde, infraestrutura e educação. | Foto: Divulgação | Prefeitura de Catu

Catu ainda acumula outras déficits nos setores de saúde, infraestrutura e educação. Em abril, o Portal A TARDE mostrou que o prefeito da cidade, Pequeno Sales, firmou um contrato no valor de R$ 3.421.403,62 com a CRG Comércio e Distribuição de Materiais Elétricos e de Iluminação LTDA, para futura e eventual aquisição de materiais elétricos, destinado à manutenção da rede elétrica dos prédios públicos e da rede de iluminação pública do município. Pontos da cidade esquecidos no breu, entretanto, são alvos de reivindicação da gestão, como o Sítio Novo que acumula alta demanda de melhorias.

No mês de maio, o município gastou apenas R$ 1.647.939,61 com transporte, de acordo com valores pagos, na aba de Despesas do Portal de Transparência do município. A infraestrutura da cidade teve apenas R$ 1.948.251,69.

Cidades com denúncias em saúde, educação e infraestrutura

Conceição do Jacuípe

No São João de Conceição do Jacuípe, Simone Mendes teve contrato fechado por R$ 800 mil - o maior valor entre as atrações anunciadas. A artista se apresenta na cidade no dia 20 de junho e durante os festejos juninos divide o palco com artistas como Zé Vaqueiro, cujo cachê chega a R$ 430 mil.

Juntos, os gastos com artistas como Fábio Carneirinho (R$ 100 mil), Zé Vaqueiro (R$ 430 mil), Matheus Fernandes (R$ 250 mil), Larissa Gomes (R$ 90 mil) Neto Brito (R$ 190 mil), Simone Mendes (R$ 800 mil) e Silvano Salles (R$ 250 mil) correspondem ao valor de R$ 2.11 milhões para a cidade que também é conhecida como Berimbau. Com as demais atrações, como Léo Santana, Solange Almeida, Zé Vaqueiro e Flávio José, a cidade investiu R$ 5.13 mihões.

O outro lado da moeda toca em outros setores públicos. Em fevereiro de 2025, o Portal A TARDE mostrou a presença de irregularidades em um hospital em Conceição do Jacuípe. A denúncia é recorrente: entre as queixas estão a falta de equipamentos e deficiência no controle, com aumento do tempo de permanência dos pacientes; deficiência no controle de estoque da farmácia, resultando na falta de medicamentos, impactando de forma negativa na oferta dos cuidados necessários aos pacientes. Isto devido à paralisação do sistema Hórus (utilizado para controle do estoque dos remédios).

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Foi constatada ainda a ausência de instrumento de controle de presença dos médicos contratados via credenciamento, bem como a não conferência dos registros do ponto biométrico dos profissionais contratados por intermédio do “Reda”, o que possibilita a existência de profissionais que não cumprem a carga horária.

Ainda foi apontada a falta de vinculação dos objetivos estabelecidos com o diagnóstico sobre a situação do hospital, bem como a falta de registro de informações, deficiências no processo de planejamento, organização e monitoramento da atuação da unidade hospitalar.

Pojuca

Há 17 km de distância de Catu está Pojuca, cujos preços das contratações das atrações musicais também chamam a atenção. Para o show da banda Calcinha Preta foram investidos R$ 490 mil; Saulo, R$ 350 mil; Tayrone, R$ 300 mil, Nenho, R$ 120 mil, Rural Elétrica, R$ 50 mil e Muller Magno, R$ 30 mil. Os contratos com os artistas César Menotti e Fabiano, Tarcísio do Acordeon, Adelmário Coelho, Heitor Costa, Eline Martins e de outras bandas locais não foram divulgados. O município investiu cerca de R$ 2,38 milhões.

Enquanto estão sendo investidos milhões com atrações musicais, o município de Pojuca sofre com entregas de obras, como a Praça ACM, no centro da cidade. Com o atraso da obra, contratada anteriormente no valor de R$ 11.9 milhões, com a previsão de entrega para dezembro de 2024, ais uma licitação foi aberta no valor de R$ 9.94 milhões para para contratação de empresa remanescente de engenharia com o objetivo de executar serviços de revitalização da praça. Um custo de R$ 20 milhões.

As despesas com saúde tiveram o valor de R$ 5.46 milhões, de acordo com o Portal de Transparência do município. O setor de educação teve gastos estimados no valor de R$ 6,15 milhões, enquanto infraestrutura foi de R$ 4,31 milhões.

São Sebastião do Passé

Com apenas quatro atrações divulgadas no Portal da Transparência, a prefeitura de São Sebastião do Passé desembolsou em contratos com atrações musicais R$ 1.88 milhões. Somente 1h30 de show de Bell Marques custará R$ 700 mil ao município. O contrato da apresentação de Zé Felipe custará R$ 350 mil, Mari Fernandes foi de R$ 480 mil e Solange Almeida, no valor de R$ 350 mil.

Os valores dos shows de Adelmário Coelho, Nadson O Ferinha, João Gomes, Léo Santana, Tarcísio do Acordeon e demais atrações locais não foram divulgadas no Diário Oficial do município e nem pelo Portal de Transparência do Ministério Público da Bahia (MPBA) até o fechamento da reportagem.

Atrações musiciais confirmadas em São Sebastião do Passé
Atrações musiciais confirmadas em São Sebastião do Passé | Foto: Reprodução

São Sebastião do Passé também está no alvo de polêmicas quando o assunto são déficits nos investimentos em infraestrutura da cidade. Com denúncias recorrentes da população, a gestão da cidade é bastante criticada quanto à atenção aos problemas de limpeza e manutenção da infraestrutura do município. Em fevereiro deste ano, a reportagem do A TARDE mostrou os cenários de descaso em alguns bairros do município.

Há também denúncias quanto ao descarte irregular de lixo, que poderia se configurar como crime ambiental. No mesmo mês em que a denúncia de falta de atenção à infraestrutura, o Portal A TARDE mostrou a atuação de dois caminhões e uma retroescavadeira da gestão que atuavam no local considerado irregular para o descarte. Um dos caminhões, inclusive, era dirigido pelo próprio irmão da atual prefeita, Nilza da Mata (PSD).

Altos investimentos no São João na Bahia

O Ministério Público da Bahia (MPBA) e o Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE-BA) lançaram no dia 1º de junho o Painel de Transparência dos Festejos Juninos, que mostram de forma atualizada os gastos dos municípios baianos com atrações musicais durante o São João.

Cruz das Almas é a cidade que registrou o maior valor em contratação de atrações para os festejos juninos em 2025 na Bahia. De acordo com dados do "Transparentômetro", aberto ao público a partir deste domingo, 1º, o município de 63 mil habitantes localizado no Recôncavo investiu R$ 9,3 milhões no São João deste ano. O valor representa um acréscimo de 50% em relação ao que foi gasto em 2024, quando o investimento foi de pouco mais de R$ 6 milhões.

Na lista com maiores gastos aparecem as cidades de Irecê (R$ 7,76 milhões), Santo Antônio de Jesus (R$ 6,34 milhões) e Jequié (R$ 6,3 milhões). Também se destacam as cidades que investiram na quantidade de bandas e artistas musicais, como Euclides da Cunha (38), Iraquara (37), Cruz das Almas (30) e Paramirim (30).

Confira as 10 cidades com maiores gastos com atrações:

  • Cruz das Almas - R$ 9,29 milhões
  • Irecê - R$ 6,96 milhões
  • Santo Antônio de Jesus - R$ 6,35 milhões
  • Jequié - R$ 6,31 milhões
  • Quijingue - R$ 5,25 milhões
  • Conceição do Jacuípe - R$ 5,13 milhões
  • Luís Eduardo Magalhães - R$ 4,97 milhões
  • Euclides da Cunha - R$ 4,67 milhões
  • Amargosa - R$ 4,3 milhões
  • Tucano - R$ 4,29 milhões

O que dizem as cidades citadas?

A reportagem entrou em contato com as prefeituras dos municípios citados e nenhuma delas respondeu aos questionamentos e nem enviou nota de posicionamento sobre os gastos.

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Tags:

Bahia Educação gastos São João São João 2025 Saúde

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