RETROSPECTIVA
Mordida, agressão e fogo: os bastidores da política na Bahia e Brasília em 2025
CMS, Alba e Congresso Nacional tiveram atividades intensas ao longo do ano

Por Anderson Ramos

As principais Casas Legislativas do Brasil tiveram em 2025 um ano marcante em suas histórias, por motivos bem distintos. Na Bahia, enquanto a Câmara Municipal de Salvador (CMS) quase foi tomada pelas chamas, a Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) elegeu a primeira mulher presidente de sua história de quase 200 anos.
Além disso, as duas Casas tiveram momentos de tensão ao longo do ano, originadas por debates intensos entre os parlamentares em torno de projetos de lei e medidas dos Executivos Municipal e Estadual.
Em Brasília, as eleições de Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) para as presidências da Câmara dos Deputados e Senado, respectivamente, moldaram os acontecimentos no Legislativo nacional.
Relembre os fatos
Incêndio e confusão na CMS
Na tarde do dia 24 de fevereiro, um incêndio atingiu a Câmara Municipal de Salvador. O fogo foi identificado por servidores da Casa logo após a sessão que sacramentou a chegada dos suplentes Orlando Palhinha (União Brasil) e Beca (Republicanos) ao quadro de vereadores.
O Paço Municipal voltou a receber uma sessão ordinária do legislativo soteropolitano,somente no dia 2 de junho, pouco mais de três meses após o incêndio.
Durante o período em que o Plenário Cosme de Farias esteve fechado, as sessões ocorreram no Centro de Cultura Vereador Manuel Querino, também no Centro Histórico de Salvador. Foi lá que outro episódio marcante aconteceu.
No dia 22 de maio, um grupo de sindicalistas invadiu o plenário durante a sessão extraordinária que discutia o reajuste salarial dos servidores do município. O grupo, que acompanhava a votação no plenário da Casa, tentou impedir o acesso da imprensa, pouco antes da sessão. Em seguida, os servidores municipais invadiram a sala onde ocorre a sessão.
Maurício Trindade, 1º vice-presidente da Casa, chegou a entrar em luta corporal com um dos servidores, sendo agredido. O vereador Sidninho foi mordido no braço na mesma confusão, na sequência. Para controlar a briga, a Polícia Militar também entrou no plenário.
Após o episódio, o vereador Hamilton Assis (PSOL) entrou na mira dos colegas e foi apontado como articulador do processo, mas foi absolvido meses depois.
Alba entrou para história
2025 entrou para a história da Alba. Pela primeira vez, em 190 anos, uma mulher assumiu o comando da Casa, quando Ivana Bastos (PSD) foi eleita presidente após um imbróglio judicial envolvendo a eleição do ex-presidente Adolfo Menezes (PSD). A efetivação dela aconteceu em março.
O primeiro ano de Ivana à frente da Alba foi tranquilo a maior parte do tempo. A exceção serve apenas para o final do ano, quando a bancada da oposição reagiu aos sucessivos pedidos de empréstimo do governador Jerônimo Rodrigues (PT) e promoveu obstruções nas últimas sessões do ano. Algumas delas vararam a madrugada, algo que há tempos não se via na Casa.
No apagar das luzes, os deputados aprovaram as indicações dos deputados federais Otto Filho (PSD) e Josias Gomes (PT) para as vagas de conselheiros no Tribunal de Contas da Bahia (TCE-BA).
Câmara e Senado
O ano no Congresso Nacional também foi intenso. A Câmara dos Deputados, sob a presidência de Hugo Motta passou por turbulências. A principal delas foi a obstrução que bolsonaristas fizeram na Mesa Diretora no início de agosto, impedindo Motta de sentar na cadeira da presidência. O movimento aconteceu após a decretação da prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), por descumprimento de medidas cautelares.
O período na Casa Baixa do Congresso também chamou por conta das perdas de mandatos. As mais emblemáticas foram as de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por faltas e Alexandre Ramagem (PL-RJ) e Carla Zambelli (PL-SP) por condenações no STF.
Já no Senado, a pressão aumentou no final do ano. Davi Alcolumbre reagiu à indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, ao Supremo Tribunal Federal (STF). O senador amapaense apoiava o nome do colega de parlamento Rodrigo Pacheco (PSD-MG) ao cargo. Como não foi atendido, decidiu abrir fogo e terminou o ano com a relação abalado com o Planalto. O último ato do Senado foi aprovar o PL da Dosimetria, que reduz as penas de Bolsonaro e dos condenados na trama golpista.
A fim e ao cabo, apesar dos atritos, o governo Lula conseguiu aprovar pautas importantes no Congresso, como a isenção do imposto de renda para quem, ganha até R$ 5 mil, avanços na Reforma Tributária, o corte linear a benefícios tributários e o aumento das taxas aos BBB (bancos, bets e bilionários).
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