POLÊMICA NOS BASTIDORES
Corinthians entra em “Guerra Fria” com o Bahia às vésperas de decisões
Conflito entre clubes esquenta bastidores antes de duelos decisivos no masculino e feminino
Por Téo Mazzoni

Às vésperas de dois duelos importantíssimos, tanto no futebol masculino quanto no feminino, os bastidores entre Bahia e Corinthians esquentaram após a contratação “surpresa” de Kauê Furquim pelo Esquadrão, nesta quinta-feira, 14.

O que houve?
O Bahia instaurou um verdadeiro caos na diretoria corintiana ao pagar a multa rescisória — no valor de R$ 14 milhões (que equivale, no máximo, a 2 mil vezes o salário do atleta) — do jovem Kauê Furquim, de apenas 16 anos, considerado o melhor jogador da categoria 2009 do futebol brasileiro.
A insatisfação alvinegra foi tamanha que o diretor da base do Corinthians, Carlos Roberto Auricchio, declarou que o Bahia agiu de forma “errada” e classificou o movimento do tricolor como “oportunismo barato”, uma vez que, em nenhum momento, o clube paulista foi informado a respeito do interesse do Esquadrão no jogador.
Além disso, o Corinthians emitiu uma nota oficial acusando o Esquadrão de aliciamento ilícito e imoral, rompendo por completo qualquer relação institucional com o Tricolor de Aço e o Grupo City. O clube classificou o ato como “nefasto” e alegou que o Bahia está atuando como um “mero intermediador” para levar o atleta ao conglomerado, pagando a multa relativa ao território nacional, enquanto, segundo o Corinthians, o valor da transferência deveria ser de 50 milhões de euros (aproximadamente R$ 316.123.500), já que o movimento faria parte de uma “trama entre as duas partes”.
Ainda em nota, o Corinthians garantiu que estudará os caminhos jurídicos necessários e possíveis para punir os responsáveis, apelando à CBF e à FIFA para que a “justiça” seja feita.
Contudo, apesar da acusação feita pelo Corinthians, a reportagem do Portal A TARDE apurou que Bahia se ampara a partir de uma prerrogativa legal, que é o pagamento da multa rescisória. Conforme previsto no art. 86, § 1º, da Lei Federal nº 14.597/23 (Lei Geral do Esporte), não há fundamento para falar em conduta de aliciamento ou ato ilícito, uma vez que a ação foi respaldada na lei.
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O Corinthians é vítima?
Apesar da insatisfação corinthiana, o posicionamento evidencia a incoerência e a crise institucional que o clube atravessa, uma vez que o alvinegro paulista já havia sido denunciado por esse mesmo “aliciamento” meses atrás, quando foi acusado de “roubar” um jogador do time sub-14 do Palmeiras.
Na ocasião, o Palmeiras acusou o Corinthians de ferir o código de ética do Movimento dos Clubes Formadores do Futebol Brasileiro (MCFFB). O caso ocorreu em janeiro de 2024. Por tal ato, o alvinegro foi excluído da entidade que reúne dirigentes das categorias de base dos principais clubes do país e supervisiona as transferências de jovens jogadores.
Em nota emitida à época, o Corinthians demonstrou surpresa quanto à exclusão da organização e negou ter quebrado o código de ética do MCFFB:
"O Sport Club Corinthians Paulista, por meio de sua diretoria de futebol de base, esclarece que foi surpreendido pela decisão arbitrária que resultou na exclusão do clube do Movimento dos Clubes Formadores (MCF). O Corinthians não reconhece os motivos alegados para essa exclusão e refuta categoricamente qualquer acusação de aliciamento de atleta.
O clube ressalta que segue rigorosamente o código de ética do MCF e respeita todos os seus integrantes. Em 2024, atletas provenientes de clubes membros do movimento foram contratados, sempre em conformidade com os procedimentos estabelecidos para garantir relações éticas e transparentes entre as agremiações".
Além desta acusação, o Corinthians também enfrenta outros problemas extracampo pelo descumprimento do pagamento de 6,145 milhões de dólares (R$ 33,47 milhões na cotação atual) referente à contratação do zagueiro Felix Torres junto ao Santos Laguna, do México, em janeiro de 2024. Por tal motivo, a FIFA puniu o clube com um “Transfer Ban” na última terça-feira, 12, impedindo a equipe de contratar novos atletas.
Diante de todos os fatores apresentados, surge a pergunta: seria o Corinthians o “bom moço” e o Bahia o “vilão” desta história?
Bastidor quente impulsiona duelos decisivos
Devido aos problemas extracampo envolvendo Bahia e Corinthians, as equipes acirram a rivalidade com confrontos decisivos nesta sexta-feira, 15, e no sábado, 16. Os clubes têm duelos marcados no feminino e no masculino.
Hoje, às 21h, as “Mulheres de Aço” entram em campo frente ao time feminino do Corinthians, na Mercado Livre Arena Pacaembu, visando avançar às semifinais da Série A1 do Campeonato Brasileiro. No jogo de ida, realizado no sábado passado, 9, em Aracaju, o Bahia perdeu por 2 a 1.
Já neste sábado, 16, será a vez da equipe comandada pelo técnico Rogério Ceni. Também às 21h, mas na Neo Química Arena, o Bahia visita o Corinthians precisando do resultado positivo para se manter no G-4 do Campeonato Brasileiro. O time enxerga uma oportunidade de superar o retrospecto indigesto jogando fora de casa contra os paulistas, em meio a esse cenário de crise política extracampo na diretoria alvinegra, além da extensa lista de desfalques do rival.
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