"NÃO CAIU A FICHA"
Aisha Vitória: após 1 mês, saiba como anda o caso que chocou Salvador
Portal A TARDE relembra o crime e traz novidades sobre o andamento do processo
Dor, saudade, tristeza e o desejo incessante por justiça. Esses são os sentimentos dos familiares da pequena Aisha Vitória há um mês. A dor é causada pela ausência da criança, que foi abusada sexualmente e estrangulada até a morte por Joseilson Souza da Silva, 43, vizinho da família.
O crime aconteceu no bairro de Pernambués, em Salvador. Joseilson confessou que assassinou no dia 22 de julho e abandonou o corpo da menina na madrugada do dia 23. O corpo de Aisha Vitória foi enterrado no dia 24, no Cemitério da Ordem Terceira do Carmo. Na época, a mãe dela passou mal e precisou de suporte de uma equipe do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) no local. Moradores de Pernambués fizeram um protesto na Avenida Paralela em prol de justiça.
"Para mim é muito doloroso. Um mês que não vejo minha filha. Um mês revivendo a cena de encontra-la jogada. Eu não tenho palavras para descrever o que eu venho sentindo neste período. Porque mesmo ele preso, nada trará minha filha de volta. Todo dia eu fico na esperança de abrir a porta e encontra-la. Há um mês ela falou comigo: 'Mãe, eu te amo muito. Solta um beijo para mim', e depois eu não vi mais com vida. Eu choro sempre que penso, eu choro a todo momento. Sempre acho que vou encontra-la. Não caiu a ficha", desabafou a mãe de Aisha, Lívia Souza, em entrevista ao Portal A TARDE.
Como anda o processo e quais os próximos passos?
Joseilson foi capturado horas depois de abandonar o corpo de Aisha próximo a casa dela em um saco de areia. Ele foi preso, passou por audiência de custódia e teve o flagrante convertido para prisão preventiva. Desde então, ele segue na Penitenciária Lemos Brito, em Salvador.
O reportagem apurou como está o andamento do processo. Em entrevista ao Portal A TARDE, o advogado assistente de acusação, Gabriel da Fonseca Cortes, que representa a família de Aisha, explicou que o "inquérito policial foi remetido ao Ministério Público, que já ofereceu denúncia contra o acusado Joseilson Souza da Silva pela prática dos crimes de homicídio qualificado por emprego de asfixia, recurso que impossibilitou a defesa da vítima, para assegurar a impunidade do outro crime e por ser a vítima menor de 14 anos".
Ainda de acordo com o advogado, os próximos passos seguem a seguinte ordem:
- O preclaro Juiz do 2º Juízo da 1ª Vara do Tribunal do Júri de Salvador recebeu integralmente a denúncia oferecida pelo Ministério Público. Desta forma, foi instaurado o processo penal, que determinou a citação do acusado Joseilson para apresentar a sua defesa, chamada de “resposta à acusação”.
- O prazo da resposta à acusação é de 10 dias.
- O acusado segue preso preventivamente na Cadeia Pública de Salvador, no Complexo Penitenciário da Mata Escura, e assim permanecerá durante todo o processo, quando ao final será certamente condenado.
- No momento, a acusação aguarda a apresentação da defesa do acusado, no prazo legal, para posterior designação de audiências, nas quais serão ouvidas todas as testemunhas e interrogado novamente o acusado.
- Em seguida, haverá a prolação da decisão de pronúncia pelo Juiz e, após a sua preclusão, iremos a julgamento no Tribunal do Júri de Salvador, onde o acusado será julgado e, segundo o advogado, condenado.
Leia também:
>> Caso Aisha: ‘Pedófilo tinha que ir para baixo da terra’, diz deputado
>> "Ele está condenado por dentro", dispara tio de Aisha sobre assassino
>> Aos prantos, pai de Aisha desabafa: "Apegado na justiça divina"
>> "Muito meiga e educada", diz tia sobre a pequena Aisha Vitória
Cela especial
Joseilson está em cela especial, após a Justiça aceitar o pedido feito pelo advogado de defesa dele, Bruno Rodrigues Pereira. O Portal A TARDE contactou Bruno, que, reiterou concordar com a prisão do suspeito, desde que, a Justiça mantenha a integridade dele protegida.
Em vídeo enviado à reportagem, ele detalha ainda que não é momento de requerer a pedido de liberdade e que aguarda o cumprimento legal dos trâmites do julgamento. Bruno prevê que a 1ª audiência de instrução será marcada com brevidade.
Confira o que ele disse na íntegra ao Portal A TARDE:
Enquanto o o julgamento não acontece, a mãe de Aisha clama por justiça.
"A única coisa que eu espero é que a justiça seja feita, porque nada mais vai trazer a minha filha de volta. Nada vai substituir a dor que eu estou sentindo com a perda dela, ainda mais do jeito que foi. Ele foi é um monstro. Foi uma monstruosidade o que foi feito com ela. Minha filha só tinha 8 anos, não meria isso. Ninguém merece isso, ainda mais uma criança. Então a única coisa eu posso esperar nesse momento é que a justiça seja feita", clamou.
Relembre o caso
Aisha foi encontrada morta, em cima de um saco plástico, na manhã do dia 23 de julho na Travessa São Jorge, no bairro de Pernambués. A menina estava desaparecida desde as 17h de segunda-feiram 22.
O corpo dela foi encontrado por volta das 4h, a cerca de 30 metros da casa onde ela morava com os pais e quatro irmãos. Aisha Vitória tinha marcas roxas nas pernas, costas, estava deitado de barriga para baixo e com a mão direita para trás.
Horas depois, o vizinho foi preso suspeito de cometer o crime. A polícia disse que ele usava boneca para atrair crianças.
Cronologia do crime contra Aisha, segundo a confissão do suspeito
>> 16h30 de segunda-feira, 22 - Joseilson aproveitou que Aisha brincava sozinha para chamá-la até a casa dele. Como a menina não aceitou, ele "tapou a boca" dela e a puxou à força.
>> Dentro do imóvel, usou uma boneca furtada de outra criança para acalmar a menina e evitar que ela gritasse por socorro. Depois disso, ele abusou sexualmente da criança e a estrangulou "para que ela perdesse a consciência".
>> 18h - Ele disse que, nesse horário, a criança ainda estava viva, porém desacordada, e notou familiares e vizinhos procurando por ela.
>> 19h - Decidiu matar a menina por entender que, se a libertasse, "seria descoberto".
>> Joseilson a estrangulou até a morte e, ao longo da noite, limpou vestígios do crime e planejou como abandonar o corpo.
>> 3h30 de terça-feira, 23 - Ao perceber que as buscas tinham sido interrompidas, saiu e deixou o corpo em um beco, em cima de sacos de materiais de construção, próximo à rua onde mora.
>> De volta à residência, percebeu que se esqueceu de pegar os chinelos da garota e os atirou no telhado da vizinha para ocultar provas. Fez o mesmo com a boneca, escondendo-a atrás da geladeira.
>> Em seguida, tomou banho e dormiu no mesmo colchão em que a garota foi morta.
>> Pela manhã, acordou com gritos dos pais de Aisha, no momento em que encontraram o corpo dela.
Quem é Joseilson?
O homem trabalhava em uma empresa de construções e morava no bairro de Pernambués há cerca de quatro meses. Ele revelou à polícia que "tem o hábito de 'brincar' com crianças de tenra idade, principalmente do sexo masculino".
Em 2015, chegou a ser preso em flagrante após tentar abusar sexualmente de outra criança.
Conforme relato do suspeito, isso ocorreu quando ele invadiu uma casa em São Gonçalo dos Campos, a cerca de 130 km de Salvador, para roubar um celular. O abuso só não teria sido concretizado porque o pai das crianças e a polícia teriam chegado ao local.
Assuntos relacionados
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro