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POLÍTICA NACIONAL

Confira como foi 2022, o ano da vitória de Lula sobre Bolsonaro

Além das eleições, escândalos de corrupção e ameaças às instituições marcaram a política nacional

Por Alan Rodrigues e Lucas Franco

27/12/2022 - 20:27 h | Atualizada em 27/12/2022 - 23:26
Tudo que envolveu Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Messias Bolsonaro (PL) colaborou para movimentar toda a cena política do país em 2022
Tudo que envolveu Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Messias Bolsonaro (PL) colaborou para movimentar toda a cena política do país em 2022 -

Pela primeira vez na história, duas pessoas com experiência em ser presidente da República disputaram o cargo em uma eleição. De um lado, o então chefe do Executivo Federal, que tentava a reeleição, mas também acenava para um possível “plano B” em caso de derrota. Do outro, o homem que mais vezes concorreu na disputa presidencial entre os que já venceram ao menos uma vez. Cinco ao total até então, com derrotas em 1989, 1994 e 1998 e vitórias em 2002 e 2006. Como se diz nos filmes de faroeste: o país parecia pequeno demais para os dois. Tudo que envolveu Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Messias Bolsonaro (PL) colaborou para movimentar toda a cena política do país, como você verá logo abaixo, na retrospectiva da política nacional em 2022 do Portal A TARDE.

Janeiro

O ano de 2021 terminou com muita tensão no Sul e Extremo-Sul da Bahia. Uma onda de solidariedade com pessoas em todo o país e esforços do Poder Público minimizaram o sofrimento de quem ficou sem moradia e passando necessidades por conta do temporal. Na ocasião, Jair Bolsonaro (PL) foi criticado por não ter dado, segundo seus críticos, a devida atenção ao problema. No lugar disso, o presidente da República curtiu férias no sul do país, andando de jet ski.

Bolsonaro continuou nos holofotes quando um camarão não mastigado, segundo seu médico, o fez ser internado por alguns dias. Bolsonaro não gostou do fato de seus críticos lembrarem suas férias ao se referir ao seu problema de saúde. Horas depois de receber alta, o chefe do Executivo Federal decidiu jogar futebol com artistas sertanejos, parte de sua base de apoio.

O primeiro mês do ano foi difícil para Bolsonaro: as mortes de sua mãe, Olinda, e de seu guru, Olavo de Carvalho, aconteceram em um intervalo de tempo, curto. O presidente também teve que lidar com uma intimação da Polícia Federal para falar sobre interferência no órgão, a qual não cumpriu, e a repercussão do seu desejo de “boas-vindas à ômicron”, em um período em que o país apresentava índices altos no contágio de covid-19. Um diretor da OMS respondeu o presidente: “Nenhum vírus que mata é bem-vindo”.

Outro polêmica de Bolsonaro foi quando surgiu a informação de que ele revogou luto pelas mortes de inúmeras personalidades, entre elas a do ex-senador baiano Antônio Carlos Magalhães. O presidente que até então só havia declarado luto oficial duas vezes, uma delas por conta da morte de Olavo de Carvalho, voltou atrás.

Fevereiro

A mais de 10 mil km do Brasil, a Guerra da Ucrânia, além de causar comoção em todo o mundo, tornou delicada as relações diplomáticas do Brasil com muitos países do mundo. Pouco antes do início do conflito, que começou no dia 20 de fevereiro e foi tema de mesa redonda do Grupo A TARDE, Jair Bolsonaro (PL) visitava o presidente da Rússia, Vladimir Putin, em Moscou. Além de reverenciar soldados comunistas mortos durante a Segunda Guerra Mundial, o que já seria motivo suficiente para criar repugnância entre seus aliados, o chefe do Executivo brasileiro parecia perdido em sua missão diplomática, afinal de contas, os primeiros bombardeios russos em Kiev o fizeram perder a credibilidade de “homem que evitaria o conflito de acontecer”, nas palavras de seus aliados.

Em Moscou, Bolsonaro homenageou soldados comunistas
Em Moscou, Bolsonaro homenageou soldados comunistas | Foto: Reprodução | CNN Brasil

Março

Também em situação embaraçosa no mês seguinte ficaram seu ex-ministro da Segurança Pública, Sérgio Moro, seu ex-aliado na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), Arthur do Val, também conhecido como “Mamãe Falei”, e a Petrobras, que começou um período de duas demissões de presidente em um intervalo de menos de dois meses, a partir do final de março.

Moro, que no final do ano se filiou ao Podemos e se lançava como pré-candidato à Presidência da República, pegou todos de surpresa com sua saída da legenda, em 31 de março.

Seu destino seguinte foi o União Brasil (UB), que não quis alça-lo para a disputa presidencial: no lugar disso, o ex-juiz federal passou a fazer parte dos planos partidários em São Paulo, onde ele concorreria a alguma vaga parlamentar. Em 7 de junho, Moro teve negado o reconhecimento do seu domicílio eleitoral em São Paulo, o que o fez, mais uma vez, mudar de estratégia: agora, seu domicílio eleitoral seria seu estado natal, o Paraná. Depois de tantas idas e vindas, em outubro, o ex-juiz foi eleito senador paranaense.

A mesma reviravolta não teve “Mamãe Falei”: após viajar para a Ucrânia em guerra com o pretexto de ajudar a população local, áudios de sua autoria em que objetificava as mulheres ucranianas vazaram. Além de cassado da Alesp, do Val não mais apareceu como figura relevante no cenário nacional. Na ocasião, ele era pré-candidato a governador de São Paulo e tinha o apoio de Moro e do MBL.

Já para o final de março, o general Joaquim Silva e Luna foi demitido da presidência da Petrobras e se disse traído por Bolsonaro. Seu sucessor, José Mauro Coelho, durou apenas 40 dias. O preço dos combustíveis causou uma dor de cabeça e tanto para o Governo Federal naquele período do ano, e nos meses que viriam.

Abril

Situações irremediáveis, no entanto, foram a do vereador do Rio de Janeiro, Gabriel Monteiro (PL), a do ministro da Educação, Milton Ribeiro, e a do deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ). Com histórico bolsonarista, assim como Moro, dois deles foram presos pelo que se descobriu sobre suas condutas e um foi condenado a mais de oito anos de prisão, o que fez que, mesmo com o indulto dado por Bolsonaro, o deputado não pudesse se candidatar nestas eleições, ainda que isso não tenha representado o seu afastamento da política: no final do ano, Silveira foi anunciado como chefe de gabinete do senador eleito Magno Malta (Republicanos-ES).

Monteiro sofreu denúncias de estupro e depois teve desmascarado seus métodos usados nas redes sociais. O material bruto do que foi gravado para ser publicado em suas páginas mostrava, por exemplo, que as pessoas que interagiam com ele ensaiavam falas, além de que o perigo corrido em algumas operações policiais das quais ele fez parte era forjado.

Ribeiro, por sua vez, foi denunciado no fim do mês anterior por pedir propina a prefeitos em troca de repasse em verbas do Ministério da Educação. Dois pastores de sua confiança intermediavam as negociações. Além de dinheiro, era pedido ouro em troca dos favores do ministro. Semanas depois, uma arma sua foi disparada por acidente em um aeroporto.

Gabriel Monteiro e Milton Ribeiro foram flagrados em ilicitudes e não conseguiram dar a "volta por cima"
Gabriel Monteiro e Milton Ribeiro foram flagrados em ilicitudes e não conseguiram dar a "volta por cima" | Foto: Renan Olaz | CMRJ e Fábio Rodrigues Pozzebom | Agência Brasil

Outros escândalos que chamaram a atenção em abril foi a aprovação de 35 mil unidades de viagra e R$ 3,5 milhões em próteses penianas pelas Forças Armadas.

João Doria deixou o Governo de São Paulo para tentar se colocar na disputa pela Presidência da República, meses após vencer as prévias do PSDB contra Eduardo Leite no final do ano anterior. Em julho ele anunciou sua saída da vida pública e retorno para a iniciativa privada.

Em um ano tão atípico como 2022, a páscoa terminou antes do início do carnaval, quebrando qualquer possibilidade de rito de quaresma. Na Sapucaí, no entanto, as escolas não jejuaram quanto às críticas ao governo Bolsonaro: até o presidente da República se transformando em jacaré aconteceu. Sem falar no quão em polvorosa ficaram as arquibancadas do sambódromo, que se dividiram entre gritos de “fora Bolsonaro” e xingamentos a Lula.

Maio

Talvez o dia 1º tenha sido o pontapé inicial para que as campanhas saíssem de uma posição de pré-candidatura para a de propositora de projetos, ainda que a transição entre os termos “pré-campanha” e “campanha” só tenha acontecido em julho. As ruas de todo o país foram tomadas por apoiadores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que se casou nesse mês com a socióloga Janja, e Jair Messias Bolsonaro (PL).

Entre os apoiadores do petista, estavam indígenas e movimentos sociais e artistas, incluindo Daniela Mercury , que fez show no Pacaembu, em São Paulo, que gerou polêmica pelo valor recebido pela cantora: R$ 160 mil. Já entre os que apoiavam o Bolsonaro, estavam militantes que repudiavam as experiências do PT no Governo Federal, além dos que defendiam intervenção militar e fechamento do STF.

Semanas depois da polêmica envolvendo a rainha do axé, foi a vez de um artista ligado ao bolsonarismo ser alvo de críticas pelo recebimento de cachês altos: Gusttavo Lima, que receberia R$ 1,2 milhão do que deveria ser destinado para saúde, educação, meio ambiente e infraestrutura em Conceição do Mato Dentro.

Cada vez mais acirrada, a polarização fez com que Lula fosse cercado por bolsonaristas em Campinas. Capa da revista Time, o petista gozava de prestígio no exterior, mas sua segurança passava a ser um tema cada vez mais debatido. Os cuidados com a segurança de Bolsonaro também não ficavam para trás: um cozinheiro na Paraíba chegou a ter que provar uma pizza antes do presidente para supostamente evitar seu envenenamento.

Junho

O desgaste da imagem do governo aumentou com a denúncia de assédio contra o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, e o desaparecimento e, posteriormente, a constatação de que o jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno foram mortos na Amazônia. Os dois faziam um trabalho investigativo e eram críticos das políticas ambientais de Bolsonaro.

Outro problema que trazia desgaste à imagem da sua gestão, era a alta dos combustíveis. Bolsonaro adotou a estratégia de reduzir a arrecadação de ICMS dos estados para, com o dinheiro subtraído dos cofres estaduais, tentar conter o preço dos combustíveis para o consumidor final. As críticas à decisão foram fortes, inclusive na Bahia, em que o governador Rui Costa (PT) alegou que não seria possível arcar com despesas básicas em sua gestão com a queda no orçamento. O Projeto de Lei foi aprovado no Congresso.

O ministro do STF, Alexandre de Moraes, foi eleito presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para o biênio seguinte e o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, foi preso. No mesmo mês, porém, Ribeiro foi solto.

Julho

O Dois de Julho na Bahia foi a primeira oportunidade para os pré-candidatos à presidência testarem sua popularidade. Após muita especulação, o pré-candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, confirmou presença e, além de um grande ato na Fonte Nova, fez o trajeto do desfile andando no meio do povo. Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB) e Sofia Manzano (PCB) também se fizeram presentes no cortejo, enquanto o presidente Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, preferiu fazer uma motociata com apoiadores, em um trajeto entre a Barra e a Boca do Rio. Todos os eventos desse dia tiveram ampla cobertura do Portal A TARDE.

Lula, Bolsonaro, Ciro e Tebet estiveram em Salvador no dia 2 de julho
Lula, Bolsonaro, Ciro e Tebet estiveram em Salvador no dia 2 de julho | Foto: Reprodução I Twitter

No Congresso, a bancada bolsonarista e a oposição disputaram o comando da CPI do MEC. O escândalo que derrubou e levou à prisão o ministro e pastor evangélico, Milton Ribeiro, jogou por terra o discurso de governo livre de corrupção e atingiu em cheio à candidatura do presidente à reeleição. Ao fim das contas, a CPI ficou para depois das eleições e até agora não foi instalada.

Relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) detecta irregularidades em compra de Viagra para as forças armadas. O Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio de Janeiro, teria gasto R$ 55 mil para a compra de 15 mil comprimidos, utilizados no tratamento de disfunção erétil, ao preço de R$ 3,65 cada. Mais que o dobro do preço estimado na licitação.

As denúncias de desvios se multiplicam. Em outro levantamento, da Controladoria Geral da União, foram identificados mais de 2,3 mil militares ocupando cargos de forma irregular com salários acima do teto constitucional.

A polarização dá o tom da campanha eleitoral que ainda nem começara e, em Foz do Iguaçu (PR), o guarda municipal Marcelo Arruda é assassinado a tiros pelo agente penitenciário José da Rocha Guaranho durante a sua festa de 50 anos, que tinha como tema o pré-candidato Lula.

A desconfiança sobre o processo eleitoral foi tema recorrente da campanha. O presidente Bolsonaro, insistentemente, levantava dúvidas sobre a urna eletrônica. Para reforçar a descrença na urna eletrônica, as Forças Armadas anunciaram uma apuração paralela.

Ainda na esteira da campanha contra as eleições, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) abriu investigação sobre a reunião de Bolsonaro com embaixadores de vários países, onde lançou dúvidas sobre o processo de votação. A corte eleitoral também foi implacável com as fake news. Blogueiros e influenciadores tiveram seus canais desmonetizados e tiveram que fazer campanhas de doação para não saírem do ar.

O Congresso aprova a chamada “PEC kamikaze”. Com fins eleitoreiros, a proposta eleva o Auxílio-Brasil para R$ 600, aumenta o valor do vale-gás, concede vouchers para caminhoneiros, taxistas e motoristas de aplicativo, tudo com data para terminar no fim do ano. No mesmo mês, o governo consegue aprovar a limitação do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre combustíveis, abaixando o preço nas bombas com a redução da arrecadação dos estados e sem mexer nos lucros dos acionistas.

Agosto

No mês de definição das chapas para as eleições, o governo Bolsonaro encaminha a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) com aumento de 13% nas emendas de relator, o chamado orçamento secreto, fartamente utilizado pelos partidos aliados do presidente, na disputa por votos Brasil afora.

Políticos, sindicatos, artistas, estudantes, empresários e entidades da sociedade civil lançam, em todo o Brasil, a carta em defesa da democracia. O documento questiona os cortes do governo Bolsonaro na educação e condena os ataques do presidente e seus apoiadores ao processo eleitoral.

A intolerância religiosa também entra na disputa eleitoral. Após comentários da primeira-dama Michelle Bolsonaro, depreciando as religiões de matriz africana e demonizando a presença do ex-presidente Lula junto a representantes do candomblé. A Frente Inter-religiosa exige retratação.

As lives e podcasts foram espaços privilegiados e disputados pelos candidatos, mas, por vezes, forneceram munição para adversários. Em uma dessas transmissões, Bolsonaro declarou que a fome era uma mentira e que não se via ninguém pedindo pão na padaria.

Os abusos se sucedem e nova denúncia acusa a Polícia Rodoviária Federal (PRF) de distribuir livros com recomendação para a leitura da Bíblia. O ministro o STF Alexandre de Moraes, presidente do TSE, aperta o cerco contra o deputado bolsonarista Daniel Silveira (PL) e bloqueia as redes sociais de sua esposa, usadas para propagar fake news.

Setembro

Setembro começa com a expectativa para as manifestações dos 200 anos de independência. Enquanto isso, o presidente do Congresso e um ministro do STF discutiam alternativas para garantir o pagamento do piso da enfermagem. Prefeitos temem o impacto na folha dos municípios.

A ministra Rosa Weber se torna a terceira mulher a presidir o STF e reforça o discurso em defesa da imprensa livre, como garantia da democracia. O presidente Bolsonaro se apropria do Sete de Setembro, promove manifestações em Brasília e no Rio de Janeiro, que se replicam em outras capitais, reforçando o discurso golpista. Até o coração de Dom Pedro, armazenado em Portugal há quase dois séculos, foi trazido para o Brasil pelo Governo Federal.

No primeiro debate do primeiro turno, na Band, Bolsonaro e Lula ficam, afinal, frente a frente. Mas no último debate antes do primeiro turno, o presidente conta com a ajuda do “padre” Kelmon (PTB), substituto de Roberto Jefferson, que teve a candidatura cassada. Ele se torna um personagem folclórico da eleição depois de ser taxado pela candidata Soraya Thronicke (União Brasil) de “padre de festa junina”. Meses depois, o candidato do PTB na eleição presidencial foi desligado da Igreja Ortodoxa do Peru no Brasil, da qual era filiado.

O baiano Kelmon (PTB) foi chamado de "padre de festa junina" por Soraya Thronicke (União Brasil), em um dos momentos mais marcantes dos debates presidenciais desse ano
O baiano Kelmon (PTB) foi chamado de "padre de festa junina" por Soraya Thronicke (União Brasil), em um dos momentos mais marcantes dos debates presidenciais desse ano | Foto: Reprodução I TV Globo

Outubro

Chega o dia 2 de outubro e, por menos de 2% dos votos, Lula não é eleito em primeiro turno. Na Bahia, Jerônimo Rodrigues fica a 0,55% da vitória. A morte do marido da candidata Raquel Lyra, em Pernambuco, a eleição de Cláudio Castro no Rio e o avanço de Tarcísio de Freitas em São Paulo, onde confirmaria a vitória no segundo turno sobre Fernando Haddad, são alguns destaques nas eleições dos estados. As divergências entre os resultados das urnas e a maior parte das pesquisas leva o líder do governo, Ricardo Barros (PP), a propor a criminalização dos institutos de pesquisa. Chamou a atenção, nacionalmente, a precisão de um dos institutos, a Atlasintel, que foi muito criticado antes do primeiro turno, sendo inclusive chamado de “Mandrake” por ACM Neto (UB), que liderava todas as pesquisas de intenções de voto para a eleição estadual, menos na Atlasintel.

O sucesso da Atlasintel fez o seu CEO, Andrei Roman, ser entrevistado no podcast “Flow”, que também entrevistou Bolsonaro e Lula. Na entrevista, Andrei Roman se disse “muito grato ao A TARDE, veículo que confiou no seu trabalho e único da Bahia a encomendar pesquisas do instituto para a eleição estadual.

O segundo turno leva a uma radicalização ainda maior e o governo anuncia corte de quase meio bilhão de reais nas universidades. No Congresso, aliados de Bolsonaro propõem aumento do número de ministros do STF, com a clara intenção de indicar a maioria da corte e assumir o controle do judiciário. Eleita senadora pelo DF, Damares Alves (Republicanos) mergulha na campanha de Bolsonaro e faz denúncias de abuso sexual de crianças em áreas da Amazônia, sem apresentar nenhuma prova.

O terrorismo eleitoral ganha proporções assustadoras e o TSE apura atos de empresários que ameaçam fechar as portas e demitir funcionários em caso de vitória de Lula. Paulo Dantas (MDB), mesmo disputando o segundo turno, segue afastado do Governo de Alagoas sob suspeita de “pedaladas”.

Bolsonaro se refere ao Bolsa Família como esmola durante um discurso. Em outra ‘live’, revela que “pintou um clima” com uma adolescente durante um passeio de moto em Brasília. João Amoedo surpreende o partido Novo e anuncia apoio a Lula. Em seguida, é expulso do partido, que ele mesmo ajudou a criar.

Numa surpresa reviravolta política, agora eleito senador pelo Paraná, Sérgio Moro aparece ao lado de Bolsonaro no penúltimo debate presidencial do segundo turno realizado na Band. Hoje o ex-juiz teve sua candidatura contestada no TSE pela oposição e também pelo partido de Bolsonaro. TSE negou as contestações.

Na reta final do segundo turno, Bolsonaro reúne artistas sertanejos no Palácio da Alvorada para mostrar apoio da classe. Alguns foram questionados publicamente, como Chitãozinho. Seu sobrinho, Junior, irmão da cantora Sandy, lamentou a presença do tio no ato.

Às vésperas do segundo turno, Roberto Jefferson reage ao cumprimento de mandado de prisão expedido pelo STF e atira contra a Polícia Federal. O caso repercute mal até mesmo entre os apoiadores de Bolsonaro. Na véspera da votação, a deputada federal Carla Zambelli é flagrada perseguindo um homem nas ruas de São Paulo com uma pistola na mão.

Chega o dia da votação e, por uma diferença apertada, a menor desde a redemocratização, Lula é eleito, pela terceira vez, presidente do Brasil. Bolsonaro é o primeiro presidente da história a perder uma eleição no exercício do cargo.

Com ampla votação na Bahia e visitas a Salvador na reta final da campanha, Lula (PT) foi eleito presidente da República e colaborou para a eleição do novo governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT)
Com ampla votação na Bahia e visitas a Salvador na reta final da campanha, Lula (PT) foi eleito presidente da República e colaborou para a eleição do novo governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT) | Foto: Uendel Galter | Ag. A TARDE

Novembro

Os primeiros dias após a eleição de Lula são de manifestações bolsonaristas em vários estados, com obstrução de rodovias e concentração nas portas de quartéis. Manifestantes pedem intervenção militar e produzem atos de terror e também cenas que viralizam nas redes sociais fazendo saudações que segundo especialistas são alusivas ao nazismo, cantando o hino nacional para um pneu no meio de uma rodovia. Entre as cenas mais inusitadas se destacam o grupo que tentou se comunicar com extraterrestres usando celulares na cabeça e o homem que viajou quilômetros agarrado ao para-brisa de um caminhão. Bolsonaro quebra o silêncio e pede que manifestantes respeitem o direito de ir e vir, mas não admite a derrota.

Alexandre de Moraes dá 48 horas para as polícias reunirem informações sobre os manifestantes.

No Rio de Janeiro, o vereador cassado, Gabriel Monteiro, finalmente é preso após ser condenado por estupro. Os filhos de Bolsonaro, Eduardo e Flávio, agilizam o processo de obtenção de cidadania italiana, mas negam que queiram deixar o Brasil. Nikolas Ferreira (PL), ‘youtuber’ eleito deputado federal em Minas Gerais com a maior votação do Brasil (mais de 1,6 milhão de votos), tem conta no Facebook suspensa por propagação de fake news.

Nos Estados Unidos, ministros do STF são hostilizados por bolsonaristas e Luís Roberto Barroso notabiliza a expressão “perdeu, mané, não amola!” No Brasil, o PL apresenta um “relatório” que supostamente indica vulnerabilidade das urnas e pede a recontagem dos votos apenas do segundo turno para presidente, sem apontar nenhum indício de fraude. O ministro Alexandre de Moraes aplica multa de R$ 22,9 milhões ao partido, por litigância de má fé.

Enquanto isso, a equipe de transição liderada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), trabalha para levantar pontos mais urgentes para serem trabalhados no início do novo governo. A prioridade é garantir o pagamento do Bolsa Família de R$ 600, com R$ 150 adicionais para cada criança de até seis anos, bem como a recuperação do orçamento de programas como Farmácia Popular e Minha Casa, Minha Vida.

O futuro ministro da Justiça, Flávio Dino, um dos primeiros nomes confirmados no alto escalão, afirma o compromisso de rever os decretos de liberação de armas. Novos cortes na educação são anunciados pelo presidente derrotado e a compra de 98 tanques ao custo de R$ 5 bilhões contrasta com a suspensão do fornecimento de água em carros-pipa para municípios do Nordeste. O orçamento secreto, sobre o qual Bolsonaro dizia não ter controle na campanha, é suspenso pelo presidente após encontro de Lula com Artur Lira (PP-AL), presidente da Câmara.

Dezembro

O filho do presidente, Carlos Bolsonaro, divulgou via Telegram uma foto da perda do presidente com uma ferida, erisipela, infecção bacteriana que atinge a pele.

O novo governo começa a ganhar forma. O governador Rui Costa é anunciado ministro da Casa Civil e a cantora Margareth Menezes aceita convite para ser ministra da Cultura. Acuado, Bolsonaro discursa para apoiadores no cercadinho que poucos dias depois é desmontado. Começa a mudança do presidente com a remoção de obras de arte.

Lula é mais uma vez diplomado presidente do Brasil e, no Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado, barra o projeto que visava conceder título de senador vitalício a Bolsonaro, garantindo a ele foro privilegiado. Bolsonaristas promovem arruaça, queimam veículos e tentam se aproximar do hotel onde Lula está hospedado, em Brasília. Os atos antidemocráticos receberam apoio, inclusive, do vice-presidente, Hamilton Mourão (Republicanos), senador eleito pelo Rio Grande do Sul esse ano que já disse que se recusa a passar a faixa presidencial para Lula.

Cerca de 200 manifestantes foram a ato contra o resultado das urnas na eleição presidencial, portando armas de madeira em frente à sede da Polícia Federal, em Brasília
Cerca de 200 manifestantes foram a ato contra o resultado das urnas na eleição presidencial, portando armas de madeira em frente à sede da Polícia Federal, em Brasília | Foto: Reprodução | Redes Sociais

Condenada a 50 anos de prisão em júri popular no mês anterior, por participação na morte do marido em 2019, a ex-deputada Flordelis teve pedido do MPRJ para que sua pena fosse aumentada. O órgão pediu também que os filhos da pastora fossem absolvidos.

Revogação de decretos do atual governo ocupam grande parte do relatório da transição. Indicação de Aloísio Mercadante para o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) agita o mercado. PEC da transição é finalmente aprovada e garante R$ 168 bilhões fora do teto de gastos para o Bolsa Família e outros programas prioritários. Nos últimos dias do ano, o orçamento secreto, derrubado no STF, foi renegociado no Congresso e dividido entre emendas individuais e investimentos autorizados pela presidência, a Câmara aprovou o aumento salarial de presidente da República, vice-presidente da República e ministros do Estado, e Moraes suspendeu registros de CACs e bloqueou 168 perfis bolsonaristas. A primeira página da política nacional em 2023 terá um fato relevante já no primeiro dia, com a posse de Lula na Presidência da República.

O terrorista George Washington de Oliveira Sousa, 54, anos, foi preso pela polícia do DF, após ser identificado como o homem que tentou explodir um caminhão bomba perto do aeroporto de Brasília na véspera de Natal. George estava acampadado na frente do QG do Exército em Brasília, junto com outro suspeito, o fugitivo Alan Diego.

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